segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Ainda o Halloween

Doce ou travessura?
Nesta aldeia lusitana, longe vão os tempos em que os nossos políticos nos davam doces!
Agora, tem sido um Halloween (ou Helloween, como eu, diabinho que sou, gosto de escrever) constantemente carregado de travessuras.
No entanto, gostaria de imaginar como seria a noite de algumas das nossas figuras do panorama político se lhes batessem à porta um grupo de crianças.
Imaginemos, então:

Palácio de Belém, 22 horas.
Jorginho acaba de tomar seu aromático banhinho e, de pantufas vermelhas e verdes e roupão amarelo, prepara-se para mais uma noite de trabalho a tentar responder (e, desta vez, acertar, pelo menos assim o espera) às perguntas do Cofre.
Perto de si, já com a touca no cabelo e preparada para mais um soninho de beleza, a sua Maria (que não a Virgem) faz um bocadinho de tricôt, para passar o tempo.
Eis que... tocam à campainha.
Tendo dispensado o pessoal, e chateado que nem um perú porque lhe estavam a interromper o serão, lá vai o Jorginho aos portões ver quem é!
- Doce ou travessura!!!! - grita um bando de crianças do lado de fora!
- Ora querem lá ver esta!!!! Vocês não deviam estar já na cama?
- Não senhor... quereis dar-nos um doce ou sujeitar-vos à travessura?
- Bem... um doce não dou, porque se o tivesse comia-o eu. De que travessura falam vocês?
- Tens a certeza que não preferes dar-nos um docinho?
- (a pensar) Não creio!!!!
- Então pronto, vamos sair já daqui para os jornais e para a TV a gritar a plenos pulmões que nos aliciaste para teu palácio e, no seu interior, nos obrigaste a práticas indecorosas.
- Esperem... esperem!!!!! Voltem....
- Tarde piaste... TRAVESSURA!!!!

Num outro lugar da aldeia, mais ou menos à mesma hora, Paulinho preparava-se para mais uma noitada a ouvir Village People!
Batem-lhe à porta!
- Que maçada! A uma hora destas!!! Quem será? Eu hoje até nem tenho nada planeado com os rapazes... nem sequer uma sessãozita de strip poker! Já vou, já vou!
(Abrindo a porta)
- Doce ou travessura?
- Hummmmm... só rapazes!!!! Olhem lá, se eu vos convidar para entrar e vos der, a vocês seus docinhos, umas notitas, prometem que me fazem travessuras pela noite dentro? Mas... onde vão vocês??? Voltem... venham cá... fiquem aqui comigo!!!!! Oh, que pena, eram tão giros!!!!

Mais a norte, num outro local, Aníbal preparava-se igualmente para o sono dos justos, enquanto sua Maria já ressonava alto e a bom som!
Tocam à campainha!
- Ai... e eu em ceroulas!!!! Maria, não podes ir lá? Hum?... Olha, já adormeceu... Bom, assim sendo, vou lá eu!
- Doce ou travessura?
- Olha que lindos meninos! Digam-me lá, o que fazem aqui a esta hora da noite?
- Viemos buscar uns docinhos, ou então irá sujeitar-se a uma travessura!
- Deixem-se lá dessas coisas... já sabem que tenho que me deitar cedo, estou em campanha, e não admito coisas destas! Os vossos pais não vos educam? Tenho de chamar a polícia? Venham cá para eu vos dar uns tau-taus, que bem necessitados andais de uns correctivos a valer! E tu, Marquês dos Mendes, que fazes tu junto da criançada?
- Criançada? Olha... tem piada, como eram todos do meu tamanho, nem dei por isso! Vou mas é para casa antes que eles se apercebam!!!!

No pólo oriental, Jerónimo ainda preparava o trigésimo oitavo capítulo de suas memórias quando lhe batem à porta do sótão onde habita.
- Já vou camaradas (a pegar na vela!).
- Doce ou travessura?
- Olha, olha... mas que bonito! Tanta gente junta! Será um comício?
Vou aproveitar a audiência e preparar já o meu discurso político.
Sabeis, juventude, que vós sois o futuro desta nação. Sabeis, igualmente, que já dizia Marx que a força produtiva, aliada ao capital (e, a propósito, os capitalistas não interessam à juventude) e aos meios de produção contribuem para a riqueza de um país? Haveis de ler, quando tiveres oportunidade, toda a sua vasta e completíssima, do ponto de vista intelectual, numa vertente laboral e filosófica...
(os miúdos, como é óbvio, adormeceram no vão da escada).

Já para as bandas do Colégio Moderno, o avô Mário já estava mais para lá do que para cá quando tocam à porta.
- Maria, vais lá tu?
- Agora não posso, estou a rezar!
- Joãozito, filho, não te importas de ir?
- Mário, homem, por Deus... o nosso filho já não mora connosco! Vai lá, anda!
- Está bem, está bem... foi só um pequeno esquecimento. Não vais começar a dizer que é da idade, porque eu não me transformei em estátua e ainda quero fazer muito por todos!
- Sim, sim... está bem! Agora vai lá à porta e não te esqueças da fraldinha para a incontinência antes de ir dormir e de lavares bem a placa!
- Quem é???
- Doce ou travessura?
- Olha, mas que lindos... esperem aí que vou buscar-vos umas propostas ali para o colégio. É todo Moderno, sabem? Vão gostar de andar lá... e não pagam quase nada por isso!
- O Senhor quer doce ou travessura?
- Eu cá quero tudo o que vocês tiverem para me dar. Agora digam lá, acham que eu tenho muita idade?
(os putos ficaram com cara de parvos a olhar para ele)
- Vá lá, sejam sinceros... que idade me dão?
- 117 anos? - arrisca um miúdo timidamente.
PAF!!!!!
Enquanto o seu colega chora com o chapadão que levou, os outros putos estão em estado de choque.
- Então, então... não fiquem assim! Digam lá a verdade!
- Deixe lá, avôzinho! Temos de ir! Preferimos não ter de mentir, senão o Pai Natal não nos dá prendas!
- Esperem... voltem... levem então estes prospectos e façam o favor de os distribuir pelas caixinhas do correio dos prédios que ainda visitarem... façam-me lá esse favor... Ora... já se foram!
(Fechou a porta com estrondo)
- Quem era, Mário?
- Eram... deixa cá ver... já não me recordo! Não devia de ser nada de importante.
- Então anda dormir e faz favor de tomar os calmantes e o remédio para a memória, que eu não ando a gastar balúrdios nisso para tu, depois, te esqueceres de o tomar ou, como da outra vez, tomares a minha pílula anti-concepcional por engano!

Por fim, em outro lado da cidade:
- Pedrinho... Pedrinho... esta festa está o máximo!!!!! Olha, parece que tens ali os teus filhos à porta para falar contigo!
- Os meus filhos? Não pode ser!!!! A esta hora???? Já começam a sair ao pai????
(encaminhando-se para a porta)
- Doce ou travessura?
- Ora, ora... sejam bem vindos a esta festa, rapazes! Trouxeram gajas? Garinas? Não... então vão buscá-las e apareçam daqui a pouco... A propósito, podem vir acompanhadas das respectivas mães, irmãs e tias, que o meu apartamento dá para todos! Vão lá buscá-las que eu vou dar ordens para que preparem uns shots à base de leite! Até já!!!!
Hic Hic Hurra

Vãs tentativas - e vão duas

Estão a ver a praia?
Eu não estou!

Vãs tentativas

Estão a ver alguma imagem?


Pois...

Jingó bel, jingó bel oue fá louai…


Delírio de um Alves em tempo de Natal. Amanhã é Natal, não é?

“…Malfadada época do ano! Uma expressão quase obscena do consumo. Aqui me vejo; ombro com ombro, na multidão encavalitada, nos corredores apinhados, consumidores passivos, de apetite voraz. É assim que nos vêem, eu sei que é. É assim que os grandes; donos dos nossos destinos, donos do mundo, nos querem ver. Somos bombardeados, em massa, alimentam a nossa gula.
Nascemos quase livres, crescemos vigiados e, em menos de nada, somos adultos, prontos para o vórtice. Não nos é deixada escolha. Espartilham-nos, aliciam-nos e engavetam-nos nestas catedrais, verdadeiras fábricas do pronto-a-comer, do pronto a servir, do pronto a sair. Relanço um olhar sobre o ombro e o que vejo: um igual, produto estereotipado, de idênticas roupagens, com a mesma postura, igual porte, entregue ao frenesim. Somos criaturas passivas, vítimas dos nossos sentidos, saídas de um totalitarismo Orwelliano. Que é feito do livre arbítrio…”

Solta-se o eco de um ferrolho, a porta abre-se, uma luz insípida tinge o imenso espaço. Cai um silêncio retumbante, seguido de um crescendo cacofónico. Na penumbra, mãos destras iniciam a monótona tarefa. Um após outro, são encaminhados para o frio exterior. Dezembro vai avançado, a época exige urgência.
Neste Natal o peru não terá muito mais em que pensar.

Pergunta de algibeira

Porque é que só o chefe é que consegue inserir imagens nos postes?

Eu já ando aqui há horas a tentar inserir uma fotografia da Pamela Anderson, nua, num post, e népia!

"Os ursos polares têm armas de destruição massiva"

Despertou a curiosidade da Aldeia o "post" do Alves sobre a preparação da invasão do Árctico por cinco potências fronteiriças de tal zona, de tal forma que quisemos saber mais o que realmente se passa, dado o silêncio que os nossos media, talvez mais preocupados com a morte dos patos patola e dos marrequinhos, parecem quererem fazer sobre esse assunto.
Para o efeito, solicitamos ao senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros a realização de uma entrevista exclusiva sobre o tema, o que nos foi permitido. É assim que temos a honra de hoje publicar, em exclusivo para a Aldeia, a gravação de uma curta entrevista realizada ao senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros por um dos nossos mais prometedores jornalistas, Dâmaso Salcede, descendente de uma das mais proeminentes figuras queirosianas e, por tal motivo, vagamente aparentado com o nosso Alves (e companhia).

(clic)
DS – Boa tarde, senhor Ministro. Ou prefere que o trate por senhor Professor?
MNE – Senhor Ministro está bem. É a minha função actual, sabe?
DS – Ah, pois... Tem aí uma bela gravata...
MNE – Gosta? Foi a Sr.ª Rice que ma ofereceu no dia do meu aniversário.
DS – Pois, pois...a propósito de Sr.ª Rice... e é esse o motivo desta entrevista...realmente a gravata é muito bonita...o que pode dizer aos habitantes da Aldeia sobre as reuniões que têm sido efectuadas com vista à invasão do Árctico?
MNE – Desminto a veracidade de tal situação e asseguro-lhe que neste momento não existe qualquer plano de invasão do Árctico. Como tem vindo a público, têm existido alguns problemas naquela região, mas estão todos a serem devidamente solucionados no âmbito do enquadramento da tutela das Nações Unidas.
DS – Confesso que não li ou vi nada sobre tais problemas. Que problemas existem ou podem existir naquela zona?
MNE – Segundo os serviços secretos de alguns países, designadamente dos limítrofes com aquela região, existe a forte possibilidade dos ursos polares estarem a desenvolver tecnologia relacionada com armas de destruição massiva.
DS – O senhor Ministro está-me a dizer que os ursos polares têm armas de destruição massiva?
MNE – Eu não estou a dizer que existem, estou a dizer que os serviços secretos de tais países afirmam a existência de tal possibilidade.
DS – Mas como é que os ursos polares tiveram acesso às mesmas?
MNE – Desconheço. Não me foram fornecidas tais informações.
DS – E quem lhe deu as informações de que tem conhecimento?
MNE – Penso que não estarei a violar qualquer segredo ao dizer que foi a Sr.ª Rice, com quem todos os dias contacto por SMS, e o Sr. Putin, com quem tive o prazer de falar na minha última deslocação à Rússia, há cerca de três semanas.
DS – Mas o senhor Ministro pensa mesmo ser possível que os ursos polares tenham armas de destruição massiva?
MNE – Desde que li os "Mundos Paralelos" do Phillip Pullman, penso ser possível esperar tudo dos ursos polares. Já leu?
DS – Pois... não. E o que está a fazer a ONU?
MNE – Enviou o comissário Hans Blix para fazer uma inspecção ao Árctico. Ao que sei, ainda não descobriu nada, mas os ursos andam a adoptar uns comportamentos muito peculiares, típicos de quem tem algo a esconder.
DS – Designadamente?
MNE – Desaparecem subitamente em cavernas e nunca param nos mesmos locais.
DS – Pensei que esse fosse o seu comportamento típico.
MNE – Também eu, até saber desta história toda.
DS – E há suspeitas de mais envolvidos?
MNE – Fala-se também no envolvimento dos pinguins no âmbito do fornecimento aos ursos, mas eu não sou grande adepto dessa teoria.
DS – Pois... certamente os meios de transporte do Antárctico para o Árctico não devem ser fáceis. E confirmando-se que os ursos polares têm armas de destruição massiva, o que poderá suceder?
MNE – Penso que, em última instância, deverá existir uma intervenção militar no âmbito da ONU, por forma a salvaguardar a paz na zona e evitar um eventual perigo de invasão dos Estados limítrofes pelos ursos polares.
DS – E Portugal apoiará tal intervenção militar?
MNE – O Governo Português apoiará sempre uma intervenção militar enquadrada no âmbito de intervenção da ONU para salvaguardar a paz e a democracia no mundo.
DS – Mas o senhor Ministro não foi um opositor da intervenção militar no Iraque?
MNE – Claro que fui. E continuo a ser. Primeiro, porque não foi uma operação militar enquadrada no âmbito de intervenção da ONU; e depois, porque como toda a gente viu, o Iraque não tinha armas de destruição massiva. Sempre foi o Irão que as teve. Aliás, o tempo veio-me dar razão. Foi o que eu disse à Sr.ª Rice quando ela me pediu para explicar o motivo da minha oposição à intervenção americana no Iraque. Se os Estados Unidos e a Grã-Bretanha têm decidido invadir o Irão na altura, teriam tido todo o meu apoio. Desde que, obviamente, com uma intervenção posterior da ONU no controlo militar do território.
DS – Para terminar esta entrevista, senhor Ministro, não posso deixar de formular uma pergunta que nada tem que ver com o tema subjacente à mesma: qual o candidato presidencial que irá apoiar?
MNE – Penso que ainda irão ter uma surpresa quanto a isso.
DS – Significando que...?
MNE – Se eu lhe dissesse, não seria surpresa, não é verdade?
DS – Obrigado pela entrevista, senhor Ministro.
MNE – De nada, meu rapaz. Olhe lá, isto vai ser publicado no "Expresso" quando?
(clic)

Quando a ignorância e o poder são perigosos

"É preciso melhorar. Temos percentagens muito baixas de acusação nos inquéritos. Temos de aumentar o número de processos de inquérito que terminam por acusações e aumentar o número de acusações que terminam por condenações."
(Alberto Costa à revista "Sábado", quando inquirido se há falta de profissionalismo nos inquéritos)


Eu leio a expressão que antecede e só penso que o homem ensandeceu.
O Ministério Público apenas profere acusação nos inquéritos quando entende existir prova suficiente de que determinada pessoa poderá ser condenada em julgamento.
Ora, segundo as palavras do senhor Ministro da Justiça, o número de inquéritos que terminam em acusações têm forçosamente de aumentar porque o mesmo assim o deseja. Pelos vistos, independentemente de se entender existir prova ou não de que determinada pessoa poderá ser condenada na fase de julgamento.
Se o senhor Ministro deseja o aumento do número de acusações, sugiro veementemente ao senhor Ministro que proceda à extinção do corpo de magistrados do Ministério Público e adopte um sistema processual em que o simples exercício da queixa contra uma pessoa certa e conhecida equivalha a uma acusação e conduza directamente à fase do julgamento: poupava-se tempo nas diatribes processuais e desapareciam, de imediato, cerca de duas mil pessoas da folha de pagamentos do Estado (cerca de 1300 magistrados do Ministério Público mais cerca de 800 funcionários).
Dado que o senhor Ministro também deseja que ao aumento de número de acusações corresponda um aumento do número de condenações, mais sugiro que se proceda à extinção do corpo de magistrados judiciais e do respectivo corpo de funcionários, procedendo o senhor guarda ou polícia que receber a queixa à imediata determinação e aplicação da pena que deve incidir sobre o denunciado ou denunciada. Desapareciam, assim, mais cerca de 10 mil pessoas da folha de pagamentos do Estado (cerca de 1.500 juizes e 8.000 funcionários).
Posto isto, o homem é capaz de ter razão. Desapareciam 12 mil pessoas da folha de pagamentos do Estado (belíssima ajuda para a diminuição do défice público, tratando-se dos salários de quem se trata), ficavam-se com imóveis por vender (os tribunais) e a justiça passava a ser célere e desburocratizada.
Além de que a história de Portugal comprova o êxito da existência de uma polícia com as finalidades e os objectivos agora propostos pelo senhor Ministro: chamava-se PIDE e o senhor Ministro orgulha-se no seu curriculum de ter sido preso pela mesma. Realmente nesse tempo as acusações e as condenações eram em número bastante elevado e a maior parte delas nem passavam pelos tribunais.
Pelos vistos, o facto da justiça ser justa não interessa. O que interessa são os objectivos numéricos de acusações e condenações que o senhor Ministro pensa deverem existir.
Confesso que algumas vezes pensei que este homem não percebia nada dos assuntos do Ministério onde se encontrava (este meu pensamento já vem dos tempos em que o dito cujo era Ministro da Administração Interna).
Agora, além de ter a certeza disso, começo também a pensar que, por tal motivo, este homem é perigoso.
Por será que, cada vez mais, este Governo cria-me a vontade de reler o "Triunfo dos Porcos", de Orwell?

P.S. - Depois de ler o post anterior, começo a pensar que só Freud estará em condições de explicar a actual condição mental do Alves.

Aldeia erótica


Também a moda dos escritos perdidos em baús nos sótãos da memória esquecida chega ao Aldeia Lusitana. De autor anónimo (não, não é o Zé Porvinho destilando poesia etílica), embora segundo alguns entendidos da escola do grande Bocage, um poema transbordante de erotismo. Longa busca nos baús da casa paterna permitiram-me desenterrar esta pérola nácar da literatura sensual.
(mais uma prova de que o processo de enlouquecimento do Alves é irreversível, para grande preocupação e transtorno do Marquês)


Tenho-me em mim
Retendo cada momento
Fixando-me em teu ser
Trazendo-te no pensamento

Nas longas noites soturnas
Vagueando por entre suspiros
Procuro uma resposta
Para estes estranhos delírios

Sou homem e ser errante
De carne e moles tecidos
Gostava que me desses razão
Para os ter distendidos

Dá-me então esse motivo
Bamboleando-te em doçura
Conseguindo trazer ao meu ser
Alguma vida e grossura

Então, erguendo-me homem
Tornando-o ganho nas alturas
Galoparei rumo ao teu âmago
Saboreando tuas canduras

Será fulcro e intimista
O fruto desse desejo
Pregas em desalinho
Fluídos em alegre cortejo

Frenesim a quatro mãos
Dois seres em veneração
Céu e terra num só espaço
Completa será a fusão

Muro frio que desaba
Frente à ardente lança
Dando e dando de si
Ante o corpo que balança

E num frémito desumano
Num espasmo final
Arranhas-me as costas
Chamas-me teu animal

Dois seres agora inertes
Vencidos pelo amplexo
Miram mutuamente
Aquilo que lhes sobra do sexo

Hoje é noite de Halloween


Ao contrário do que muita gente pensa o Halloween não é mais uma “americanada” que os gringos rapidamente se propuseram exportar para todo o mundo. Antes pelo contrário, as origens do Halloween são bem europeias e remontam à mais longínqua antiguidade do nosso continente.
Entre as tribos Celtas pré-cristãs o novo ano começava neste dia, altura em que terminava o Verão e se iniciava o Inverno. Dizia a lenda que na noite de ano novo as almas de todos os que haviam morrido no ano transacto vagueavam pelo mundo em busca de um corpo para possuírem e assim renascerem carnalmente.
Os camponeses e demais população vestiam-se então de trapos garridos e passavam a noite acordados, em grande algazarra, numa tentativa de afastar os espíritos maus e evitar que os corpos dos vivos fossem possuídos.
Quando a cristianização dos Celtas ocorreu a igreja rapidamente incorporou as comemorações deste dia nos seus ritos oficiais, tendo então passado a venerar-se a 1 de Novembro todos os santos da igreja católica. Daí surgiu o nome Halloween, corrupção e contracção do inglês “All Allows Eve”, véspera do "All Allows Day" (Dia de Todos os Santos).
Mais tarde foram os emigrantes Irlandeses a introduzir esta tradição nos Estados Unidos da América, sendo mais uma forte influência Europeia que se fez sentir na emergente cultura Americana.
Assim sendo, Caros Lusitanos, enquanto tribo Celta que somos temos o dever de conhecer e divulgar a história do Halloween que é, afinal de contas, nossa!
BOM HALLOWEEN!!!!

sábado, 29 de outubro de 2005

Pura Poesia

Amo-te!
Desejo-te!
Sempre que em ti penso, todo o meu ser se descontrola.
Estás em mim, eternamente.
Sinto-te presente... aqui, bem juntinho a mim!
Adoro o teu cheiro!
Adoro a maneira como te vejo passar por mim!
Minha alma está presa a ti, de uma forma única!
Adormeço, à noite, por entre as estrelas, contigo no pensamento.
Vivo para ti!
Só existo porque existes!
Extasiado por ti, anseio-te em meus lábios!
Ai, vinho de minha vida, o que me fizeste?
Hic Hic Hurra

O Chefe está sempre presente!!!

Descansem as lusitanas hostes que o vosso Chefe não desapareceu. Antes pelo contrário, está sempre presente, zelando pelo bem da Aldeia e de todos os que nela se encontram.
Há todo um trabalho de fundo a fazer, desde exterminar os inúmeros comentários comerciais com que querem poluir constantemente a nossa Aldeia até procurar novas e melhores inovações para acrescentar ao blog. Em breve existirão substanciais melhorias...

sexta-feira, 28 de outubro de 2005

Mas fomos invadidos pelos romanos e ninguém me disse nada?

Primeiro, foi o Alves que se ausentou durante duas semanas, regressando em muito mau estado do Tibet, desconhecendo-se o seu actual paradeiro.
Depois, foi o Viriato que levou sumiço após a bebedeira conjunta da passada semana com o Zé Porvinho, suspeitando-se de intervenção de centúrias romanas pela calada da noite.
Agora, parece que também o Zé Porvinho apanhou uma bebedeira de caixão à cova e nem consegue fincar os dedos no teclado.
Retiro-me inquieto para Nafarros.

Cartas secretas da campanha presidencial – III

Cara Camarada Joana Amaral Dias,
Uma vez que o nosso esquema inicial foi completamente abalado com a candidatura do Manuel Alegre, urge estabelecermos rapidamente um critério de diferenciação entre as ideias, para a juventude, da minha candidatura e a do Dr. Soares, da qual a camarada é mandatária, e que não podem ser as mesmas sob pena de, nas urnas, a minha candidatura ser claramente prejudicada pelo voto útil no Dr. Soares. Com o Jerónimo a levar ainda maior vantagem sobre nós.
Assim:
Vocês ficam com a defesa das minorias étnicas, nós ficamos com a defesa das minorias sexuais, sejam elas transsexuais, lésbicas, homossexuais ou heterossexuais;
Vocês ficam com a defesa dos imigrantes ilegais da Ásia, Oceânia e América, nós ficamos com a defesa dos imigrantes ilegais de África e da Europa, incluindo aqui os portugueses;
Vocês ficam com a defesa da despenalização do consumo de liamba, nós ficamos com a despenalização do consumo de haxixe;
Vocês ficam com a despenalização do aborto até às 12 semanas, nós ficamos com a despenalização do aborto a todo o tempo;
Quanto ao pagamento de propinas no sistema universitário, creio não existirem problemas em adoptarmos uma posição comum relativamente ao não pagamento.
Se tiver alguma dúvida, contacte directamente a camarada Ana Drago, que tem o nosso documento interno "Manual da Revolução Portuguesa – Ideias para o Futuro" lá em casa.
Saudações revolucionárias,
F. Louçã

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Pânico no talho

"Arrepio-me todo de cada vez que me lembro", confidencia-nos o Sr. Fernando Leitão, dono do "Talho Fernando", em Rio de Aves. O pavor e o pânico assaltaram a vida do Sr. Fernando no dia de ontem, quando foi alvo de uma visita inesperada por parte de inspectores da Direcção-Geral de Veterinária.
"Tinha eu regressado do almoço e estava a picar a carne encomendada pela Dona Alzira para fazer uns hambúrgueres de carne de vaca, quando me entram pelo talho adentro quatro indivíduos todos tapados com aqueles fatos brancos que a gente vê na televisão e que dizem ser anti-radioactivos, em que só se vêem os olhos dentro do plástico de um visor, e que apenas me perguntaram "onde é que tão elas?". Eu pensei que os gajos fossem daqueles novos gangues que por aí andam, dos skins, uma vez que eram todos brancos, e disse-lhes que as notas estavam na caixa registadora. "Não é isso", disse um deles "somos da Direcção-Geral de Veterinária e recebemos uma comunicação anónima nos nossos serviços afirmando que aqui estavam aves mortas. Onde é que elas estão?". Apontei para os pedaços de frango e para as moelas que estavam no expositor frigorífico do talho, à venda por cinco euros o quilo, aliás é aqui no meu talho que se fazem os preços mais baratos da zona na venda de carnes, não sei se já disse isso. Olharam para o sítio para onde eu apontara e um deles perguntou-me se eu sabia de que forma tinha morrido aquela ave. Respondi-lhes que não sabia, mas que provavelmente tinha sido de morte natural, uma vez que é natural os frangos terem de morrer para serem vendidos no meu talho, que eu só vendo carne morta. Eles olharam então uns para os outros, agarraram nos pedaços de frango e nas moelas e meteram-nos num saco de plástico com umas pinças, tendo em seguida dois deles agarrado em mim e me espetado uma seringa no braço. Só vim a acordar no Hospital de Santa Maria, onde verifiquei ter vários pensos nos braços e nas pernas, bem como nas nádegas. Disse-me então uma senhor enfermeira que eu podia estar descansado que tinham sido feitas todas as análises e que não sofria de gripe das aves. Que eu não tinha gripe já sabia! Escusavam de terem feito aquele circo todo e me espetado uma seringa por causa de uma provável constipaçãozita. Saí, e quando voltei ao Talho, deparei-me com um aviso na porta, declarando-o encerrado e em quarentena até saberem o resultado das análises da carne que levaram. E agora, como é que vou ganhar o meu pão? E os hambúrgueres da Dona Alzira, quem é que os acaba de picar?".
Desesperado, o senhor Fernando já recorreu às mais variadas instâncias deste país, mas todas dizem-lhe o mesmo, que tem de aguardar o resultado das análises.
Não tendo rendimentos, o senhor Fernando tem conseguido sobreviver graças à ajuda de alguns amigos e ao seu passatempo favorito, a caça, que lhe vai proporcionado alguma comida avícola, designadamente de algumas aves migratórias que vão atravessando o nosso país nesta altura do ano.
Contactada a Direcção-Geral de Veterinária, ninguém quis prestar declarações sobre este assunto.

Alves nota (porque infelizmente vai faltando tempo e inspiração para mais)

Quem vai ganhar mais com o Aquecimento Global?
A notícia vem na edição da Visão desta semana (nº 660) e revela até que ponto chega a ganância e a pequenez das qualidades humanas. Que os gelos do Árctico estão a derreter a um ritmo assustador devido ao aquecimento global é sabido. Agora que alguns dos ditos países mais desenvolvidos e com territórios contíguos àquela região se preparam para o grande assalto à mesma é, para mim, a grande novidade.
Centenas de milhares de milhões de euros em riquezas minerais, nomeadamente gás natural e petróleo, estão guardadas no subsolo e nas águas do Árctico, um potencial até agora não explorado, englobado na “terra de ninguém”.
Ora bem: cinco países com costa no Árctico: os EUA, o Canadá, a Rússia, a Dinamarca e a Noruega, reivindicam soberania sobre os ricos territórios. Ao que parece as propostas para a divisão estão em cima da mesa e, pasme-se, talvez sejam uma possibilidade.
Mais palavras para quê? Estúpida a ganância do Homem que até de uma tragédia global como a do efeito de estufa quer tirar proveito.

Atracções

Ao abrir as portas da sede do MASP III, Mário Soares disse querer que a mesma consiga atrair os mais jovens para o debate político.
Não sabia que era possível atrair pessoas mais velhas que Mário Soares para o debate político.

Primeira vítima conhecida de aves em Portugal no último mês

O Belenenses foi ontem eliminado da Taça de Portugal pelo Grupo Desportivo das Aves, da Liga de Honra.

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Ofício-circular interno 242/2005 do S.E.F.

"Na sequência das medidas de prevenção tomadas pelo Governo relativamente ao fenómeno denominado como "gripe das aves", foi determinado que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras teria um papel relevante no controlo das aves que tentassem entrar em território nacional, tendo-se estabelecido um protocolo com outras entidades governamentais por forma a que nos fossem facultados os meios necessários para o cumprimento de tal atribuição.
Dado tratar-se de uma nova atribuição destes Serviços, e por forma a uniformizar critérios de actuação dos agentes, decidiu-se estabelecer o seguinte conjunto de regras, a serem seguidas por todos os agentes destes Serviços no exercício das suas funções:
1.- Fica vedada a entrada de qualquer ave migratória estrangeira em território nacional;
2.- As aves migratórias de nacionalidade portuguesa devem apresentar documento comprovativo de possuírem tal nacionalidade para entrarem em território nacional, sendo, após confirmação do apuramento da sua nacionalidade, então imediatamente transportadas para a Delegação da Direcção-Geral de Veterinária mais próxima;
3.- Todas as aves migratórias, sem excepção, devem apresentar boletim individual de saúde no momento em que quiserem transpor as fronteiras portuguesas, sejam elas terrestres, aéreas ou marítimas, sendo imediatamente abatidas no caso de ali se mostrarem averbadas quaisquer doenças contagiosas;
4.- No caso de qualquer ave não obedecer a uma ordem de paragem verbal ou gestual de um agente do S.E.F. com vista à sua inspecção, deverá ser imediatamente abatida pelo agente;
5.- Para o efeito dos dois números que antecedem, cada agente do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras passará a trazer consigo uma arma caçadeira com canos de 12 mm, munições de igual calibre, um cinto de caça e um cão podengo, elementos esses que deverão ser levantados por cada um dos agentes, individualmente, junto da Direcção-Geral das Florestas.
O Chefe de Departamento
(assinatura ilegível)"

segunda-feira, 24 de outubro de 2005

"Queremos uma casa! Queremos uma casa!"

Cerca de 200 famílias imigrantes (muitas delas em situação de permanência irregular em território nacional, digo eu) vieram para as ruas de Lisboa no passado sábado reclamando o seu direito a ter uma habitação social em Portugal.
Aproveitando a ideia, desde já convido os meus colegas de blogue a mobilizarem as respectivas famílias para nos deslocarmos, em conjunto, para as ruas de Madrid, e aí manifestarmo-nos junto da Assembleia lá do sítio, apelando pelo nosso direito a termos uma habitação social em Palma de Maiorca.

"Overdose" de candidaturas

Estou a ficar deveras surpreendido com a quantidade de candidatos a candidato que estão a aparecer para disputar estas eleições presidenciais.
No mesmo dia em que Cavaco Silva anunciava perante o País o que toda a gente já sabia, apareceu um António Ribeiro, dizendo-se do Bloco de Esquerda e afirmando ser a sua candidatura uma candidatura contra o aparelho do seu partido. Ou seja, o Bloco de Esquerda também já tem o seu Manuel Alegre, com a diferença que ninguém sabe quem é este indivíduo.
No sábado, a SIC, no seu jornal da noite, passa uma peça sobre um auto-intitulado "veterano da guerra", filmada junto à zona da Torre do Belém, de cujo nome apreendi apenas um "Almeida", que também se propõe ir a votos.
Pensei que a coisa estava a começar a atingir um fundo de ridículo, e estava a verberar em voz alta a minha indignação, quando me aparece o meu fiel Jacinto, algo embaraçado, a enrolar o boné nas mãos.
"Bom, a propósito dessa coisa das presidenciais, senhor Marquês... não sei como lhe pedir isto... lembra-se da minha irmã Ermelinda que vive na Musgueira, lá em Lisboa?...não se lembra?...pois....ela tem um filho, o Tóli... quero dizer, o António Luís...é um bom filho, sabe... de vez em quando é que se mete naquelas coisas das drogas... mas é bom rapaz... bom, parece que ele também quer ser candidato a presidente...e uma vez que não conhece ninguém com importância, sabe como é... pediu-me para lhe perguntar se conhece alguém que pudesse divulgar a campanha dele, dar a conhecer as ideias...".
Este homem estava, decididamente, aliado com o Viriato e com o Zé Porvinho para me tirarem do sério no final da semana passada!

Mais uma preocupação emergente da gripe das aves

Como vos disse na passada quinta-feira, dado o estado ébrio a que este blogue tinha chegado na altura, decidi-me a ir passar o fim-de-semana na Quinta Real de Nafarros, em solar integrado na nossa família há vários séculos.
Estava eu a saborear, pela janela, a doce visão paisagística do nosso meio rural, bem como o seu ar puro, quando me entra pelo salão adentro o nosso fiel Jacinto, capataz da Quinta praticamente desde a revolução do 28 de Maio de 1926.
Palavra puxa palavra, às tantas pergunta-me o Jacinto se as coisas que os noticiários televisivos andam a passar sobre a gripe das aves e a sua transmissão aos humanos eram verdadeiras.
Respondi-lhe que era bastante provável, dadas as constantes mutações a que os vírus estão sujeitos.
Vi-o suspirar, abanar a cabeça e perguntar-se "e agora, o que é que eu faço?".
Instei-o sobre o motivo de tanta preocupação.
"Saiba Vossa Senhoria que a vida de um homem da minha idade está a tornar-se cada vez mais difícil. Primeiro foi a minha Maria que teve a menopausa e disse-me que não queria mais coisas daquelas. Comecei a ir ter com as meninas da Aldeia, só que entretanto apareceu a SIDA e tive de me deixar disso, senhor Marquês, que eu sou uma pessoa muito cuidadosa e não quero morrer por causa dessas coisas de segundos; passei então a aliviar-me com a Matilde, uma das porcas, até que houve um surto de peste suína africana e passei para a Lãzuda, uma das ovelhas; só que entretanto veio um surto de brucelose, no qual eu também fiquei afectado e só não morri por acaso; comecei então a aliviar-me com a Cornélia, até que apareceu a doença das vacas loucas e aquela coisa do Croitefelde-Jacómes, e fui obrigado a aliviar-me na Rirri, a nossa melhor galinha poedeira. Agora com esta coisa da gripe das aves, não sei a quem mais recorrer para me aliviar, senhor Marquês".
"Bom, segundo as minhas contas, ainda resta a cadela, homem." – disse-lhe eu, em tom irónico, mas ainda não acreditando no que estava a ouvir.
"Bom, senhor Marquês, eu bem tentei aliviar-me na Lassie, mas a única vez em que tentei fazer isso fui parar ao hospital com uma dentada nos testículos dada pelo Piloto. Levei 15 pontos. Sabe, o mé cão é muito ciumento".
Sentei-me num dos sofás incrédulo, levando a mão esquerda à cara enquanto que com a mão direita lhe fazia um gesto para sair do salão.

sábado, 22 de outubro de 2005

Once upon a time...

Após mais uma noite passada na Taberna da Aldeia, soube de fonte fidedigna e com um ligeiro travo a Tequilla, o teor das declarações que o nosso "puto maravilha" que anda lá fora a lutar pela vida prestou perante a Scotland Yard em mais um caso que agitou a nossa pacata existência.
Com efeito, o amigo Cris foi chamado a prestar declarações e, como não dominasse ainda a língua do país que o acolheu em seu seio (está jeitosa esta prosa, está!) - afinal, ele é um tuga de gema, não tem que aprender outras línguas - houve a necessidade de se lhe nomear um intérprete que o pudesse auxiliar.
Ora o bom e o bonito da coisa é que, a promover a exportação de uma conhecida marca nacional de gelados, ou seja, a distribuir "hellos" às garinas das ilhas britânicas, quem havia de estar a passear em frente às instalações da Scotland Yard?
Ele mesmo, pessoalmente em pessoa: o nosso impagável Zézé Camarinha por elas todas acima e não deixa nada para os outros!
Ao conhecê-lo, e sabendo dos seus inestimáveis dotes para o domínio de outras línguas, sobretudo das estrangeiras, o nosso Cris foi-lhe dar um abraço fraterno, explicou-lhe o caso por alto e perguntou-lhe, com a conivência do funcionário da Yard que conduziria o interrogatório, se não se importaria de ser o intérprete.
São essas declarações que nos propomos divulgar, em primeira demão (a tinta ainda está frequinha), aqui no nosso blog, em mais uma cortesia Tintos Camané, bebe dois copos e já não se aguenta em pé.
Vamos a isto:
“Scotland Yard (SY) - So... I guess you know what you're here for, don't you?
Cris(CR) - O que é que ele disse? O que é que ele disse? Ai a falta que me faz aqui o Mister Professor!!!!
Zéze Camarinha (ZC) - Calma, chavalo! Taikaniese! Aqui o je vai já resolver esta cena!
O senhor ali só quer saber o que é que fizeste.
CR - Mas eu não fiz nada, Zé... absolutamente nada! Diz isso ao gajo!
ZC - Sir... here the kid is naisse people! Its lotes daice crimes and earns lotes of paper! Guettes it?
SY - Oh dear God! I should have followed my mom's advice: study hard, my son - she said - and become a politician! Oh, well... Please, I want to know what happened in that hotel with the two young girls he was seen with?
ZC - Fónix, que agora não pesquei nada!
CR - Eu acho que percebi qualquer coisita, ó Zé... acho que o baril quer saber o que é que se passou com aquelas duas gajas no hotel!
ZC - Gajas????!!!! Gajas????? Duas?????? ONDE???? QUANDO???? COMO???
CR - Calma, Zé... aperta lá a camisa outra vez e levanta as calças, que aqui só há homens!
ZC - Cruzes, pá... que eu disso não como! Faz-me azia! Vá lá, diz lá o que é que se passou...
CR - Bom, é assim... eu saí para tomar um copo com um amigo e fomos a um local da noite onde conhecemos duas tipas. Bebemos um bocadito e já alegres fomos todos para um quarto de hotel onde lhes mostrei a minha colecção de fotografias de artista da bola!
ZC - Pera aí... vai com calma que eu vou traduzindo aos poucos. Deixa cá ver: Sir, the kid foi tomaite um drinques, birinaites, understandes?, uide frend at disco and de leides went in de glasses à bravate! After, they deslocaite tude hotel rums, and de kid show de leides fotografes of his balls! Acho que está tudo, até agora, não está?
CR - (encolhendo os ombros) Deve estar, mas olha que o tipo está com um olhar um bocado estranho, não achas?
ZC - Deve ter dormido mal... ou então é falta de gaja! Eu, uma vez, fiquei quase 24 horas sem gaja e estava com uma expressão quase igual!
SY - Holly Mother of God, the man speaks awfully! Are you sure? I mean, he showed his balls to the girls? And then?
CR - O que é que ele disse? O que é que ele disse?
ZC - (Chissa, não pesquei um boi!)... Ele, bom... ele quer saber mais coisas!
CR - Mais coisas? Diz-lhe que estivemos todos na galhofa, bebemos mais umas coisitas e, depois, elas disseram que tinham fome e queriam comer frango. E nós mandámos vir!
ZC - OK... Sir, they were galhofaite all, drinques things or so, and de leides wanted to be eated... esfomiatted, understandes? Hungry! So... he gave de leides (fónix, como é que se diz frango em inglês?... que se lixe, vai mesmo em francês, que eles também percebem) de coq!
SY - What???? He gave the ladies his cock?
ZC - Yes, Sir!
CR - O que é que ele disse?
ZC - Calma, estamos ainda na parte do frango!
CR - Ahhhh... está bem!
SY - And then?...
ZC - Andem?... deve ser para andar com isto! O que se passou depois?
CR - Bom, o frango era enorme e elas, como estavam esfomeadas, meteram-no todo na boca, as gulosas! E nem deixaram nada para nós! No final, até lambiam os dedos e diziam que era o melhor e o maior frango que já tinham visto na vida (o que me levou a suspeitar que nunca viram nenhum jogo da selecção nacional com o Ricardo à baliza, mas isto não traduzas, ok?).
ZC - OK... Sir, de coq was abyssal and de hungry leides abocanhated all. Abocanhated... see? No... with de mouth!!!!
SY - Fellatio?
ZC - (Que raio perguntou o tipo?... Deve ser algo técnico... é melhor dizer-lhe que sim com a cabeça com um ar intelectual... resulta sempre)!
SY - Dear Lord... and then?
ZC - In de ende, they lambaite de dedeite (a fazer o gesto), see and informeite that was the big and better coq they see!
SY - Jesus!!!! And they have done all that free of violence?
ZC - (Ai, minha nossa... engatar gajas é tão fácil... mas isto é tramado).
CR - O que é que ele disse?
ZC - Nada de especial. Não ligues que ele é taralhoco. Conta lá mais do que fizeste com as tipas!
CR - Ora... sabes como é! Elas já estavam com os copos e eu estava mais para lá do que para cá, até que elas se desentenderam as duas e começaram a discutir uma com a outra. E, se não fosse eu, até tinham andado à porrada! Foi de tal forma que, para as segurar, até fiquei de rabo para o ar!
ZC - Sir... De leides all ready big glasses inside (a fazer o gesto) and then big fight. Lotes of porrade, understandes? Boxe? Estaleide? Espancaite?
SY - He spanked the girls?
ZC - Isso... Yes, Yes!
SY - I see, this is good stuff! And then?
ZC - (Lá está o tipo a dizer para eu andar...) To hold de leides, he put it up in the ass!
SY - (Silencioso e profundamente chocado, mas sempre a transcrever as declarações).
CR - Não estou a gostar da cara dele, ó Zé... o que estás para aí a dizer?
ZC - Calma, pá! Tás comigo, tás com o Deus... Apolo!
SY - Anything else?
CR - O que é que ele disse?
ZC - Continua...
CR - Bom, elas gritavam muito uma com a outra e eu, que as tinha levado ao hotel para lhes mostrar as fotografias, acabei por me fartar delas e mandei-as para casa. Elas não gostaram e disseram que haviam de me fazer a vida negra.
ZC - Sir... de leides berrate comó caraças! - Scream... understands?
SY - Poor girls!!!
ZC - Yes, yes... (o que terá dito o camone?), and he got taired of both. They not laiked and told black of laife.
SY - Black? What black? Was there another person?
ZC - (Raios me partam... como é que se diz vida negra! Vou abanar de novo a cabeça, a dizer que sim, que da outra vez resultou!)
SY – Who was he? What was his name? And what did he went there for?
CR - O que é que ele perguntou?
ZC - Calma, puto... eu resolvo isto! Sir, de leides told de kid to make black laife, see?
SY - ????? I didn´t understand... the black guy was there to get in the sexual groove?
ZC - (O gajo conheceu-me!!!! Falou de sexo, foi porque me conheceu... eu percebi nitidamente! Sou uma estrela internacional! Deixa-me cá cumprimentar este gajo!)... Yes, it was a pleasure! (a estender a mão ao policial)
SY - (Sem ligar ao cumprimento e profundamente horrorizado)And the ladies didn't scream?
ZC - (É um bocadito mal educado, porque nem me cumprimentou, mas reconheceu-me mesmo, porque me está a falar da campanha dos gelados, dos aice crimes...) Yes... aice crimes! Lots! Paletes! Understands?
SY - (Já a benzer-se)... And when did that stopped? When did they let the ladies go out?
CR - O que é que ele disse?
ZC - Shiuuuu, tem a ver com as gajas! O que é que fizeste depois?
CR - Bem, porque estavam ambas lixadas uma com a outra e comigo, deitei-as para que pudessem dormir e adormeci também ao pé delas!
ZC - Sir... de leides were lixated... foqued, get da pointe?
SY - I wouldn´t describe it better myself! Yes... go on!
ZC - So... he put de leides in de bed and sleep with de two!
SY - (Já desnorteado) Again? That´s incredible!!!! Have you no idea what you were doing to those poor girls? What do you think you are? A sex machine?
ZC - (Ele conhece-me mesmo, fónix!!!!)
CR - O tipo está a passar-se, ó Zé... mas que raio andas tu para aí a dizer?
ZC - Tem calma, ele está assim excitado porque me reconheceu! Não tem nada a ver contigo!
CR - Ahhhhhh, ok!
ZC - Yes, Sir... a sex machine, that provides pleasure to de leides! (e estende novamente a mão, para o cumprimentar)
SY - (Novamente a recusar o aperto de mão) Anything else?
ZC - E depois?
CR - Depois, quando acordei, já não as vi e não mais soube delas até hoje.
ZC - Sir, he acordate, wake up... yes... blind and no more leides till today.
SY - I didn´t understand that part... sorry...
ZC - Goodbye to de leides! (a dizer adeus)! Gone... forever!
SY - My goodness, he planed to kill both?
ZC - (Estes gajos falam sempre assim? Com as gajas é que é bom! Estes não se percebem!) Yes!
SY - Ok, that's enough for me! Please, sign the statement and take this boy out of my sight right now! Who would have said so... a young international star so full of... vicious habits!
CR - O que é que foi agora? Porque é que ele está assim!
ZC - Não estás a ver? Ele quer o teu autógrafo! E vê lá se lhe fazes uma dedicatória bonita, para ver se ele fica mais calminho! Eu, a este, se fosse médico, receitava-lhe uns valentes Xanax! Haja pachorra!”
Hic Hic Hurra!

Manteiga de iaque

Eis que o Alves está de volta após uma ausência um tanto ou quanto prolongada. É claro que a ausência num lado determina a presença noutros e, assim foi. Durante aproximadamente 15 dias tive a oportunidade de, a convite do Ministério dos Negócios Estrangeiros, participar num programa de intercâmbio com o homologo ministério Chinês. Desta forma foi com grato prazer que me desloquei à província de ThaiUong, no Tibete, mais concretamente à cidade de Xingyam.
No local tive a oportunidade de participar numa acção de intercâmbio cultural com vista à introdução no nosso pais da manteiga de iaque. Como contrapartida os tibetanos (fica aqui entre nós, pois os chineses parece que gostam pouco que assim lhes chamemos), prestam-se a produzir as famosas tigeladas de Tomar, com os não menos famosos ovos das galinhas de Xiujaing.
Assim, me tenho eu, responsável prelo frete de duas toneladas de manteiga de iaque com vista ao mercado interno. Ao que parece a abadessa do convento de Odivelas já demonstrou interesse no produto e presta-se ao lançamento de um livro de receitas intitulado “Biscoitos com Iaque” (não se confunda biscoito na presente acepção com nada que tenha a ver com coito duplo).
A minha presença no Tibete foi ainda momento para aprender no terreno os melhores processos de terraplanagem cultural, neste caso com o carimbo de qualidade dos chineses. Foi alegre a visita que fizemos pela região (parece que os chineses não gostam que lhe chamemos país), com o nosso cordato anfitrião, o Sr. Zuong Pa Thé, Ministro para a Sobreposição Cultural (MSC) a fazer as honras. Viajámos em confortáveis autocarros produzidos num pólo industrial próximo a Pequim.
Já Lassa, a capital da região tibetana é, sem dúvida, uma cidade fascinante, repleta de chineses e onde se fala a língua chinesa na perfeição. Da mesma forma os mosteiros preservam uma aura muito especial, embora em minha opinião talvez se pudesse evitar as barras verticais nas janelas pois desvirtuam a arquitectura dos lugares que, ao que me contou o Sr. Zuong Pa Thé é desde meados do século XX fortemente influenciada pelo estilo chinês. O mesmo responsável pela pasta já citada acrescentou-me que as barras prestam-se a um forte componente social e espiritual: impedir a saída para o exterior dos clérigos, preservando o espírito asceta que os motiva. Sabendo da permanência do Dalai Lama em terras estrangeiras vai para tantos anos, perguntei ao responsável pelo MSC se a saída do líder espiritual do Tibete se havia dado antes das barras. Calmamente o Sr. Zuong Pa Thé, respondeu-me que esse “Thai uo po ta ma the” (consultando à posteriori um dicionário de chinês/português, chego à conclusão que se trata de uma expressão idiomática da qual percebo apenas o último termo: cadela) era o responsável pelo estado de degradação moral que o país atravessou. Degradação que me foi apresentada num prazenteiro e airoso museu nas proximidades de Lassa.
A infra-estrutura data dos anos 80 do século passado e, através de um périplo por cerca de três centenas de salas, revela-nos nos tons sépia de antigas fotografias, o estado deplorável em que se encontrava o Tibete antes da chegada da China. Após a Sala dedicada aos líderes chineses, mergulhamos no caos de um país sem exército, com uma percentagem alarmante de religiosos, com uma religião que primava pelo profundo respeito à vida e meio natural. A visita ao museu termina na Sala do Branqueamento da Memória Colectiva e Passada, qualquer coisa semelhante a um produto anti-nódoas para as massas.
Assim decorreu, grosso modo, a minha agradável e elucidativa viagem pelo altiplano Tibete. Recordei, não sei porque razão, amiúdas vezes, no périplo por esta região asiática, o livrinho que James Hilton situa naquelas paragens, “Horizonte Perdido”.
Só mais uma nota: quando as primeiras tigeladas de tomar, produzidas no Tibete, invadirem o mercado português o consumidor vai constatar uma introdução muito particular. Tal como o bolo-rei, a tigelada passa a trazer um brinde, desta feita um pequeno carimbo para aplicarmos no sovaco: diz ele: “Made in China”.

sexta-feira, 21 de outubro de 2005

Abortem o Referendo

Ainda nem sequer viu a luz do dia e já o estão a abortar!
Até parece irreal que, neste castiço cantinho da Europa, as coisas se passem desta forma.
Logo aqui, onde tudo é feito de forma harmoniosa e pacífica.
Na impossibilidade de tomar uma posição política sobre o tema, e embora se reconheça que o mesmo é de difícil solução, decidiu-se referendar o aborto!
Confesso que, quando me falaram no que tencionavam fazer
com o aborto, pensei que se iria referendar toda a classe política.
Mais atentamente, porém, cheguei à conclusão que assim não seria e se tratava, afinal, da questão referente à interrupção voluntária da gravidez!
Como se sabe, abortar em Portugal pode ser considerado crime.
Não quero, nem vou, tomar posição sobre a questão. É complexo: depende sempre da perspectiva, existem valores em conflito que, de acordo com quem os interpreta, tendencialmente farão pender a balança para um dos lados: o daqueles que defendem a sua despenalização e o dos que, no pólo oposto, são defensores convictos da punição do mesmo.
A liberdade de decidir sobre os danos causados no próprio organismo (num caso claro de consentimento do ofendido, ou da ofendida, para sermos mais precisos), poderia levar-nos à "vexata questio" de apurar quem seria realmente esse ofendido: se a mãe se o embrião ou feto que carrega em seu ventre. Ou mesmo do momento relevante em que devemos considerar para todos os efeitos (jurídico, social, ético ou médico) que já existe vida humana. Quem se interessar sobre o tema, por certo não deixará de encontrar várias teorias interessantes e nelas se basear para alicerçar a sua opinião.
Eu tenho a minha mas, como em tudo na vida, respeito as demais.
O que não posso deixar de comentar, por outro lado, é a maneira como o poder político se movimenta no tratamento desta questão.
Impunha-se outra dignidade.
Mas não é nada a que já não estejamos habituados.
Então primeiro decide-se fazer um referendo sobre o tema e depois abortam o mesmo?
E invocam a sua inconstitucionalidade?
Não posso crer!
Aliás, poderíamos até realizar um referendo sobre esta matéria, neste mesmo blog, com a seguinte questão: "Concorda com a inconstitucionalidade do referendo sobre o aborto, se realizada, por opção do Presidente da República, nas primeiras 10 semanas após ter passado a questão na Assembleia da República, em Tribunal Constitucional legalmente autorizado?".
O que não invalida as responsabilidades da classe política na matéria!
São uns criminosos, é o que são!
Mais, eu defendo que, tendo sido publicada a pergunta a fazer aos portugueses no dito referendo, o mesmo passou a ter vida própria.
Defendo, pois, que todos os políticos responsáveis pelo referendo sejam criminalmente acusados pela autoria material do crime de aborto do referendo.
Só assim se faria justiça nesta aldeia lusitana.
E agora vou beber um copito para esquecer e vou-me deitar com as galinhas, para ver se alguma dá a luz um pinto que goste de beber vinho!
Hic Hic Hurra!

Manifesto de apelo à greve pelo SINDELHAO

A pedido expresso do SINDELHAO (Sindicato dos Delinquentes Habituais e Outros) e sob coacção de alguns dos seus membros, publicamos hoje no nosso blogue um manifesto de apelo à greve do referido sindicato.

CAMARADAS DELINQUENTES,
Estamos fartos. Completa e totalmente fartos da falta de diálogo deste Governo, das promessas não cumpridas e da retirada dos nossos direitos.
O Partido Socialista prometeu, na sequência das prisões de alguns dos nossos camaradas no processo Casa Pia, que iria diminuir os prazos de duração da prisão preventiva e até fazê-la desaparecer relativamente a alguns crimes. Fê-lo?
Não!
O Partido Socialista prometeu, como partido de esquerda, que iria diminuir as penas aplicadas a alguns crimes e mesmo descriminalizar algumas condutas, como o aborto. Fê-lo? Não!
Pelo contrário, já se fala em aumentar a duração de algumas penas de prisão. Isto sem dialogar com os principais interessados na resolução de tal questão – os delinquentes.
Por outro lado, os nossos direitos, devidamente adquiridos ao longo dos anos e inteiramente merecidos devido ao nosso labor, mostram-se em perigo por acção deste Governo.
Temos direito a que o sistema de recursos em processo penal se mantenha como está. O Governo quer alterá-lo sem dialogar connosco e sem ponderar as melhores maneiras de manter a morosidade processual com vista à prescrição dos processos criminais.
Temos direito a sermos perseguidos e espancados pela autoridade policial. É uma regalia da nossa profissão e uma das razões para tantos camaradas nossos terem enveredado por esta carreira. Não compreendemos as directivas governamentais no sentido de não existirem mais perseguições a delinquentes em fuga, ou de se evitarem tiroteios. O silêncio governamental neste campo é comprometedor, só por si.
Temos direito a ter o nosso próprio sistema de saúde social, sem misturas com os polícias. A Segurança Social sempre funcionou bem sem as nossas contribuições pecuniárias e sem as contribuições pecuniárias da Polícia. Não queremos misturas. Queremos que a Polícia mantenha o seu subsistema de saúde específico. Não queremos que a Polícia venha a pôr em causa a sobrevivência do nosso sistema geral de saúde. Não queremos que a Polícia tenha os mesmos médicos de família que nós ou que compartilhe connosco os tempos de espera nos centros de saúde e nos Hospitais. Para vigilância policial sem espancamento já basta o tempo de espera nos Tribunais à espera do início dos julgamentos. Mais uma vez, connosco o Governo não conversou.
Isto sem falar nas queixas dos camaradas que se encontram presos em estabelecimentos prisionais, que continuam a aguardar pelas prometidas casas de banho individuais nas camaratas conforme aconselhado pelo actual Ministro Freitas do Amaral num estudo apresentado há cerca de um ano, bem como desesperam pela instalação de televisores com TV Cabo, incluindo os canais Sport TV e Vénus, nas respectivas camaratas.
Ou mesmo da evolução na nossa carreira, que se encontra parcialmente bloqueada devido a decreto governamental saído em Agosto deste ano, que proibiu as subidas exclusivamente por antiguidade na função pública, assim prejudicando os nossos camaradas ali existentes.
Camaradas, chegou a hora de dizer BASTA!!!
Chegou a hora deste Governo ouvir a nossa voz de revolta, de rebelião, de descontentamento com o actual estado das coisas.
Por isso, camaradas, decidimos iniciar uma greve inédita em Portugal, marcada para o próximo dia 26 de Outubro, em sintonia com a greve dos Tribunais, por forma a que o Governo consiga ouvir de forma clara a nossa voz conjunta de descontentamento.
Delinquente, dia 26 de Outubro faz greve. Não mates, não roubes, não furtes, não desobedeças, não violes, não burles, não batas, nem chames nomes ao próximo. Não fujas à Polícia. Não delinquas.
E NÃO, repetimos, NÃO obedeças a qualquer requisição civil que seja efectuada pelo Governo, que os nossos melhores jurista dizem ser ilegal caso venha a verificar-se.
O pré-aviso de greve já foi entregue no Governo Civil.
Junta-te a nós na nossa luta pela melhoria dos direitos dos delinquentes habituais e outros.
Aparece na grande manifestação do nosso sindicato marcada para o dia da greve, pelas 15 horas, à frente do E.P.L. (Estabelecimento Prisional de Lisboa).
E traz um amigo delinquente, habitual ou esporádico, contigo.
LEMBRA-TE QUE JUNTOS TEREMOS MAIS FORÇA.
O Presidente do SINDELHAO
(assinatura ilegível)

Missiva interna ao Camarada Presidente do Partido

Camarada Presidente,

Começo por lhe desejar uma vida cheia de felicidade e conquistas a favor da laboriosa classe operária portuguesa.
Os planos para a Revolução operária aproximam-se da “Hora H”. O povo em geral e a classe operária em particular estão mais descontentes que nunca, pelo que está na altura da infra-estrutura trabalhadora esmagar a super-estrutura burguesa e opressora de todo um povo.
Falei com o camarada “Manuel” (o do Governo Civil, o que daquela vez foi com a gente comer choco frito…) e o mesmo disse-me que ainda lá tem as duas G3 em casa mas que uma está irremediavelmente avariada, pelo que não dispara, e para a outra não há munições. Pensámos surripiar as duas caçadeiras do sogro dele mas nesse caso a Revolução não pode ser ao Domingo porque o velhote vai para a caça e se não vê as espingardas no sítio é o diabo lá em casa…
O camarada “José” (é o Mendes, o ajudante de farmácia que até arranjou os comprimidos para a sua senhora…) informou-me que agora está no turno da tarde, motivo pelo qual só pode estar na Revolução até ao meio-dia que é para depois dar tempo de ir almoçar a casa e pegar à uma.
Posto isto, e tendo em atenção que lá no serviço o meu Chefe anda em cima de nós que até parece uma sogra em véspera de casamento, proponho que nos encontremos os quatro às oito da manhã ao pé do arco da Rua Augusta, na próxima 6ª feira, com as caçadeiras embrulhadas em papel de jornal para ninguém desconfiar. Pelas oito e tal escolhemos um Ministério ali perto e começamos a Revolução.
Estou certo que lá pelas nove da manhã as massas laboriosas terão aderido em peso à Revolução e às nove e meia, dez horas, o operariado estará no poder. Assim conciliamos os interesses de todos os camaradas envolvidos com o superior interesse da classe operária.
Se este plano não for aprovado apresento desde já a minha demissão de Secretário Coordenador dos Operários Fabris Portugueses.
Saudações Socialistas

Cartas secretas da campanha presidencial – II

Lisboa, 21 de Outubro de 2005
Ex.mo Camarada José Sócrates,

Duro é o sofrimento que me atinge
Neste mar de dor sem limite, atroz,
Capcioso é o sentimento que me restringe,
Mas duro, tenho de erguer a minha voz.

Escrevo por manifesta revolta
Da palavra crua e dura, erguida,
Pelo Jorge Coelho tendo à volta
Jornalistas ávidos à sua saída.

Não esperava tal sortilégio da nossa Comissão,
Pois o PS sempre foi um partido democrático,
Desconheço porque não ouvem a voz da razão
Tanto mais que agora até é um partido socrático.

Dei tantos anos da minha vida à democracia,
Tanto do meu amor e carinho ao nosso partido,
Nunca chorei lágrimas ou tive dor, mesmo macia,
De ter proporcionado à minha vida este sentido.

Agora proibem-me o regresso e a reunião
Com os meus amigos, os meus camaradas,
Companheiros de sempre em união
Em lutas políticas, ardentes e amadas.

Digo-lhe desde já que nunca desistirei
Do meu amor por Portugal e dos meus ideais,
Fique por isso a saber que tudo farei
Para ganhar, por Portugal, as presidenciais.

Sei que do PS qualquer apoio não terei,
Mas continuarei impávido e alegremente,
Socialista, laico e republicano sempre serei,
Sem mais, despeço-me cordialmente,

M. Alegre

quinta-feira, 20 de outubro de 2005

A minha pachorra vai de férias

É a baderna, estou a ver.

Um sujeito tenta transmitir um mínimo de dignidade e de nobreza a um blogue; faz um esforço pela seriedade da transmissão de opiniões; até consegue aburguesar o bárbaro do chefe; e eis que o sacana do chefe se lembra de meter um tipo que se mete nos copos no blogue e adere à bebedeira contínua do mesmo!
Além de dar as obrigatórias boas-vindas ao sacano do bêbado lusitano da aldeia (o que seria de cada aldeia sem o seu bebâdo de serviço para dizer as verdades? Quem não se lembra dos fabulosos actores que faziam de bêbados nas antigas novelas "Roque Santeiro" e "Pedra sobre Pedra"?), mais comunico que vou de férias para a minha Quinta Real de Nafarros, aguardando ansiosamente que o blogue abandone o estádo ébrio que o parece ter assolado.

O pão vai aumentar 10%...

Será que eles acham que os pobres andam a comer demais??!!!

Inté a barraca abana...

Hèlas,
Eis-me chegado, por convite que muito agradeço, a esta mui nobre aldeia lusitana.
Não poderia deixar de dirigir as primeiras palavras ao Chefe (esta coisa da hierarquia a isso obriga... afinal, é ele quem me paga o ordenado) e, em simultâneo, de lhe agradecer (sem cair numa de graxista ou de lambe-botas) as calorosas e letradas (que não iletradas, entenda-se) boas vindas!
Tentarei cumprir com os mínimos olímpicos, e isso passa por avacalhar, chafurdar, partir a loiça e... havia mais qualquer coisa, mas agora não me consigo recordar (não devia ser importante!).
Para os restantes criativos do blog, companheiros de pena (sim, porque onde quer que eu entre, a coisa tem de meter pena, exceptuando na música, porque aí mete dó), um fraterno abraço e, claro, as minhas desculpas pela intromissão. Nem sempre se tem a oportunidade de escrever com companheiros de blog desta dimensão cultural, por isso, mais me terei de esforçar para estar à altura da coisa (e logo eu, que sou baixinho)!
Como ainda existiam umas cabanitas vagas nesta aldeia, e eu apenas sou o quarto (adoro esta palavra... quarto...) a chegar, tive o privilégio de poder escolher a barraquinha onde vou ficar a habitar.
Com vista para a Serra, e ar condicionado pelo tempo que fizer, acho que não poderia ter feito melhor escolha!
Agora, é deixar voar as palavras e... seja o que Baco quiser! Ah, se ainda não vos tinha dito, eu sou altamente crente na divindade. E se existem aqueles que temem que o Céu se lhes abata sobre a cabeça, eu só peço que Baco deixe abater sobre a minha o seu precioso néctar.
É que, não o esqueçamos, qualquer lusitano que se preze tem de ter, como dizia a canção, pão e vinho sobre a mesa!
Termino com o meu grito de guerra: Hic Hic Hurra!!!!!
E que venham os copos!!!!!!!!

Onde está o Alves?

O Alves foi de férias para Montechoro, com o propósito de averiguar as verdadeiras intenções do instituto do Zézé Camarinha, e nunca mais foi visto. Talvez sinal de que o Zézé tenha suspeitado que o Alves era um infiltrado e tenha-lhe dado o devido (?) destino pela sua curiosidade.

À imagem do criador

Cavaco Silva parece que escolheu como sua mandatária para a juventude a fadista Katia Guerreiro.
Manuel Alegre escolheu o "Da Weazel" Pacman.
Mário Soares escolheu uma jovem bloquista de esquerda, Joana Amaral Dias.
É impressão minha ou as escolhas para os mandatários para a juventude reflectem claramente a personalidade e os ideais de cada um dos candidatos mencionados?

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

E alarga-se a família

É com todo o prazer que recebemos na aldeia o Zé_Porvinho. A casa é tua meu caro amigo. Descalça as botifarras, pega num caneco e vem pró pé da gente comer umas febritas grelhadas na brasa e beber um palheto que é uma grande pinga.
Aqui as regras são poucas: respeitar o chefe, avacalhar, obedecer ao chefe, chafurdar, submeter-se ao chefe, disparatar...de preferência não discutas com o chefe mas lembra-te sempre da velha máxima lusitana: porrada na Aldeia é divertimento!
Ass.: O Chefe (mas pouco caramba, que essas coisas de hierarquias não são nada lusitanas)

A reflexão política em Portugal

Estas eleições autárquicas fizeram-me reflectir sobre o elevado grau de reflexão política individual que existe em Portugal.
Comecemos a nossa reflexão pelo mísero candidato autarca à Câmara Municipal lá do concelho. Filiado no Partido Socialista, de preferência.
Primeiro, tem de reflectir sobre se se candidata ou não à autarquia.
Depois de aceitar o convite, começa a longa reflexão sobre as ideias que irá apresentar para a autarquia.
Após serem publicadas as primeiras sondagens, reflecte sobre o que poderá estar a correr mal na campanha.
Durante o período de pré-campanha e campanha eleitoral passa o tempo a dizer aos eleitores que encontra nas ruas que irá reflectir sobre os problemas que os mesmos lhes apresentaram.
Chega ao sábado véspera de eleições e entra em período legal de reflexão.
Durante o domingo, vai reflectindo sobre o que poderá acontecer no final do dia.
Conhecidos os resultados e sabedor da derrota, assume que irá reflectir sobre os motivos da mesma.
Começa então o período de reflexão sobre o seu futuro, designadamente, se irá ocupar o cargo de vereador, se volta para a Assembleia da República, ou se abandona a chefia da distrital ou concelhia da qual seria líder.
Entretanto, a oposição ganhadora vai adiantando que o Primeiro-Ministro, pertencente ao partido derrotado nas eleições, deverá reflectir sobre o resultado das eleições.
O candidato perdedor, depois de muito reflectir, comunica publicamente que irá iniciar um período de reflexão sobre a sua candidatura ou recandidatura à chefia das distritais ou das concelhias locais. Depois de fazer um juízo positivo, começa então a reflexão sobre a composição dos membros da sua lista.
E por aí fora.
Como se vê, os políticos portugueses reflectem muito.
O problema é que reflexão política não coincide com pensamento político. Daí termos muitos políticos que reflectem, mas quase nenhum que pensa política. Ou mesmo que pense.
Que saudades da velhinha Assembleia Constituinte (1974-1975), cuja qualidade do pensamento político dos seus elementos era 230 vezes superior à da presente Assembleia...
Duas adendas (em homenagem ao Alves que anda a queixar-se das minhas notas compridas; toma lá então umas adendas):
Primeira: como já devem ter reparado no texto acima disposto, o Primeiro-Ministro nunca reflecte. Decide. E, infelizmente, por também não saber pensar, decide mal na maioria das vezes.
Segunda: perceberam, finalmente, porque a unanimidade dos nossos políticos lê o "Expresso"?

terça-feira, 18 de outubro de 2005

Os excessos dos lusitanos

E pronto, aconteceu! No seu frenesim literário a nobreza da Aldeia ultrapassou todos os limites e, após ontem nos ter brindado com 4 posts de todo o tamanho, hoje galgou novas fronteiras e publicou duas vezes o mesmo post (sim, eu notei a pequena diferença no fim, mas não justifica). Caro Marquês, a Revolução francesa aconteceu devido aos excessos da nobreza...e nós somos bem piores que os franceses...vê lá vê!

Os campos e os cartazes

Jerónimo de Sousa terá dito no final da semana que passou que Cavaco Silva não era um candidato do campo democrático.
Dou-lhe toda a razão. Um candidato que não dá hipóteses a mais ninguém de ganhar uma eleição só pode ser um candidato não democrático. Sobretudo quando a pessoa em causa não tem qualquer relação com a esquerda comunista.
A propósito de Jerónimo de Sousa, não deixam de ter a sua piada os novos cartazes afixados pelo PCP.
Carantonha enorme de Jerónimo, num fundo vermelho, com menção às "Presidenciais 2006" e um fabuloso "Luta e resiste com o PCP".
Afinal, ao contrário do que eu pensava, e certamente a maioria dos portugueses, é possível um partido apresentar-se como candidato à presidência da República. Não existe outra explicação possível para o slogan partidário adoptado num cartaz dirigido para as presidenciais.
Jerónimo deve-se ter esquecido que a eleição presidencial tem como objectivo a eleição de uma pessoa e não de um partido. O que só se explica por ter passado muito tempo a decidir dentro de um órgão colegial, como é o caso do Politburo, perdão, do Comité Central, perdendo a noção do individual dentro da amálgama do colectivo.
O aproveitamento propagandístico-partidário da campanha presidencial parece ter começado com quem já se esperava. Resta-nos esperar pelo acompanhamento do Bloco (até já estou a antever os cartazes de Francisco Louçã: "Francisco Louçã – Energia alternativa também nas presidenciais"; original, não acham?) e verificar os (inúteis) tempos de antena partidários que se seguirão para as eleições presidenciais com os dinheiros dos contribuintes.

Os campos e os cartazes

Jerónimo de Sousa terá dito no final da semana que passou que Cavaco Silva não era um candidato do campo democrático.
Dou-lhe toda a razão. Um candidato que não dá hipóteses a mais ninguém de ganhar uma eleição só pode ser um candidato não democrático. Sobretudo quando a pessoa em causa não tem qualquer relação com a esquerda comunista.
A propósito de Jerónimo de Sousa, não deixam de ter a sua piada os novos cartazes afixados pelo PCP.
Carantonha enorme de Jerónimo, num fundo vermelho, com menção às "Presidenciais 2006" e um fabuloso "Luta e resiste com o PCP".
Afinal, ao contrário do que eu pensava, e certamente a maioria dos portugueses, é possível um partido apresentar-se como candidato à presidência da República. Não existe outra explicação possível para o slogan partidário adoptado num cartaz dirigido para as presidenciais.
Jerónimo deve-se ter esquecido que a eleição presidencial tem como objectivo a eleição de uma pessoa e não de um partido. O que só se explica por ter passado muito tempo a decidir dentro de um órgão colegial, como é o caso do Politburo, perdão, do Comité Central, perdendo a noção do individual dentro da amálgama do colectivo.
O aproveitamento propagandístico-partidário da campanha presidencial parece ter começado com quem já se esperava. Resta-nos esperar pelo acompanhamento do Bloco (até já estou a antever os cartazes de Francisco Louçã: "Francisco Louçã – Energia alternativa também nas presidenciais") e verificar os (inúteis) tempos de antena partidários que se seguirão para as eleições presidenciais com os dinheiros dos contribuintes.

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

E o principal destino dos brasileiros é...

Os meios de comunicação social portugueses divulgaram na passada semana que a revista brasileira "Veja" teria publicado um estudo em que concluía que o principal destino dos brasileiros que saem para o exterior é Portugal.
Os portugueses não precisavam de tal estudo para chegarem a essa conclusão óbvia.
Os plantéis dos clubes das nossas modalidades profissionais e amadores encontram-se repletos de brasileiros, o que até já me começa a fazer duvidar que os portugueses pratiquem desporto: parece que gostam mais de ver os brasileiros a fazê-lo.
O nosso comércio está repleto de empregados de nacionalidade brasileira.
Os feudos africanos e eslavos da nossa construção civil já começaram também a sentirem os efeitos da invasão brasileira, vendo-se obrigados a desviar a sua atenção para outros caminhos profissionais.
Os nossos bares nocturnos estão repletos de brasileiras, sendo actualmente, segundo queixas de uma amiga minha que trabalha junto de um tribunal de família, as principais responsáveis pelo aumento dos processos de divórcio em algumas zonas do país.
Algumas zonas do país até já parecem mais brasileiras que portuguesas. No outro dia passei pela Ericeira e senti-me como se fosse um turista em pleno bairro de S. Salvador da Bahia.
Não era preciso os brasileiros da "Veja" terem feito um estudo para chegar a tal conclusão, digo eu.
Bastava terem cá dado um pulinho.

Cartas secretas da campanha presidencial – I

Lisboa, 17 de Outubro de 2005
Ex.mo Sr. Primeiro-Ministro,
Sei que se encontra muito ocupado de momento, com a discussão do Orçamento do Estado, mas não recorreria à sua pessoa se não estivesse extremamente necessitada.
O Manuel, depois da derrota do dia 9, já não é mais o mesmo. Deixou de ir a eventos culturais e passa horas fechado no gabinete da biblioteca a ler o "Abrupto" na internet. Não mais me apontou falhas na minha cultura literária ou se dignou corrigir a sintaxe das minhas frases, palavras ora deitadas ao ar sem destinatário atento. Faz constantemente chorar o nosso pequeno Dinis porque, apesar dos insistentes pedidos do petiz, recusa-se terminamente a dar-lhe as boas noites com a narração de textos de Sartre, como fazia em noites já idas.
Chamei o psiquiatra de família cá a casa e, após o pagamento dos habituais 150 euros de consulta domiciliária, o doutor disse-me que o Manuel sofria de choque pós-traumático eleitoral, também conhecido por "Olissimpo derrotatis doloris" (isto do latim sempre me entusiasmou, devo confessar). Mais me referiu que a única cura possível seria o reviver de uma situação igual ou semelhante àquela que conduziu ao choque.
Ora, só existirão eleições autárquicas daqui a quatro anos, tempo o suficiente para o Dinis poder seguir, sem orientação devida do seu querido papá, uma via filosófica que claramente o prejudique na sua evolução (espero, sinceramente, que ele nunca se meta no neo-kantianismo, é o pior que pode acontecer a um filho de qualquer pessoa).
Assim, pensei, com as presidenciais assim tão perto, abordar V.Ex.ª através desta missiva no sentido de ponderar a hipótese do Partido Socialista apoiar uma segunda candidatura à presidência na pessoa do Manuel.
É certo que poderia levantar alguma celeuma entre os demais camaradas socialistas, mas tenho a certeza que se lhes explicasse que a candidatura do Manuel é necessária por razões médicas e que é a única via para a salvaguarda da vitória do Partido Socialista nas presidenciais no caso de um eventual óbito do primeiro candidato apoiado pelo partido durante a campanha, o que seria natural dada a sua provecta idade, todos iriam entender que a candidatura do Manuel mais não seria do que mais um sacrifício em prol do partido.
Além de que recuperaria o Manuel para as lides políticas e para a vida familiar normal, locais de onde ele andou desaparecido na última semana.
Esperando ansiosamente por um sinal da parte de V.Ex.ª,
Despeço-me cordialmente,
B. Guimarães

As promessas e os bónus

Os nossos aldeões já começaram a reparar que o Governo socialista está a especializar-se na arte do cumprimento de promessas que são populares e por isso amplamente divulgadas, mas que simultaneamente trazem bónus que tentam fazer passar despercebidos na mensagem transmitida à opinião pública.
Passo a explicar.
O Governo disse que ia baixar os preços dos medicamentos. Efectivamente baixou-os. Mas o que não disse, e tentou fazer com que tal notícia passasse despercebida, é que iria também baixar a taxa de comparticipação do Estado no pagamento da maioria dos documentos, não fazendo qualquer distinção entre os economicamente mais carentes e os outros. Ou seja, todos os portugueses, ricos, remediados ou pobres, passaram, na prática, a pagar mais caro os seus medicamentos.
O Governo disse que ia colocar mais polícias na rua. Para além de já os ter colocado na rua em manifestação, percebeu-se que a promessa não passaria pela admissão de um maior número de agentes para a carreira, mas pela retenção dos existentes na carreira até aos sessenta e cinco anos. Os criminosos, cada vez mais jovens hoje em dia, agradecem a benesse.
E agora temos o notável esquema do orçamento de Estado para 2006. O Governo "espalhou" para quem quisesse ouvir, que não iria aumentar impostos em 2006. O inacreditável foi não dizer aos portugueses que iria diminuir as taxas de incidência sobre as matérias dedutíveis. Ou seja, e na prática, aumenta a cobrança fiscal sobre o contribuinte porque a matéria dedutível torna-se menor. Com o consequente aumento das receitas fiscais e a diminuição da preocupação anual com o envio dos cheques de reembolso aos portugueses.
Como se vê, são todas grandes medidas governamentais necessárias para o saudável desenvolvimento económico de Portugal. Tal como a Ota e o TGV. Com o cidadão português a passar por tolo por sua exclusiva culpa, como atestam os quase 2 milhões de votos que o PS teve nas últimas eleições autárquicas.
Penso que de demagogias estamos todos fartos. E de termos um Estado socialmente injusto. Aliás, e a este propósito, ainda não percebi a lengalenga de que uma das diferenças entre a esquerda e a direita partidária é a de que a esquerda defende de forma prioritária uma maior justiça social. Mas o partido do Governo que está no poder não é de esquerda?
Se isto tudo se tivesse passado durante o Governo de Santana Lopes, penso que o Presidente da República já teria dissolvido a Assembleia da República pelo menos por três vezes, após larga e longa pressão dos media e dos comentadores políticos do costume.

Rápida Adaptação

Os meios de comunicação social portuguesa em peso, assim como a minha pessoa, têm sérias dificuldades em entender e interpretar a língua inglesa.
Isso é o que parece resultar das declarações de Co Adriaanse no final do jogo do passado sábado, em que o mesmo desmentiu que alguma vez tivesse dito que se ia embora se os adeptos lhe acenassem com lenços brancos.
Como todos nós ouvimos o mesmo na altura em que foi dito (após a derrota do FC Porto com o Aritmedia), afigura-se-me que o homem se adaptou rapidamente aos usos e costumes dos treinadores e dirigentes indígenas: o que é verdade hoje, amanhã é mentira.
Ou isso ou José Sócrates é que tinha razão ao instituir o inglês como disciplina obrigatória no ensino básico.
Mas honra seja dada ao treinador portista quando tem razão: os adeptos portistas não lhe acenaram, efectivamente, com lenços brancos. Toda a gente se apercebeu que os objectos acenados pelos adeptos portistas eram sacos de plástico brancos aproveitados da festa que a massa adepta dos dragões tinha feito antes do jogo.

domingo, 16 de outubro de 2005

Vândalos do Benfica?! Não, Vândalos sem Clube!!

E o que dizer dos Vândalos que destruíram e roubaram no café da estação de comboios quando voltavam do jogo Porto-Benfica para Lisboa? Que são do Benfica?! Não! Esses tipos não têm cabidela em nenhum Clube honrado, e não é por se apresentarem com camisolas ou cachecóis do Benfica que os podemos considerar como pertencendo aos adeptos desse grande Clube português. Eles são, isso sim, criminosos vulgares que jamais serão aceites pelas grandes massas que apoiam e vibram com os resultados do Benfica. Como benfiquista vos digo: essa escória não tem Clube!

sábado, 15 de outubro de 2005

Quem acredita na taxa de inflação anunciada anualmente?

Todos os anos é a mesma coisa: o Governo anuncia orgulhosamente que a inflação portuguesa se computou em cerca de 2% e que ficará à volta desse valor no próximo ano. E depois é com base nesse índice que são negociados os aumentos salariais dos portugueses. Não admira que se esteja a viver cada vez pior na Aldeia!!!
A verdade é que agora foi anunciado que a electricidade no próximo ano vai aumentar 5,6%, os transportes públicos vão aumentar 4% já em Novembro e os combustíveis... bem, nesses é melhor nem falar pois a taxa já é de tal forma absurda e tantas vezes aumentada que o comum dos mortais não a consegue conhecer. E a partir desses bens-chave vão aumentar todos os outros, como é bem sabido.
E nós vamos continuar a acreditar que o índice geral de preços ao consumidor é o anunciado??!!! Leiam “1984” do George Orwell, está lá tudo explicado.

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Um Marquês numa Assembleia Geral de Apuramento de Votos

Para quem se tenha esquecido, devo recordar que aqui o vosso aristocrático amigo havia sido convidado para fazer parte de uma assembleia geral de apuramento de votos relativamente às últimas eleições autárquicas.
Razão pela qual, aliás, o Alves esteve de folga ao controlo etéreo dos meus "posts" na passada terça-feira.
Pensava eu que a coisa iria ser linear, uma vez que as contagens de votos nas mesas locais estariam presumivelmente bem feitas.
Enganei-me.
O primeiro revés no meu dia aconteceu quando cheguei à Assembleia e verifiquei que a mesma era exclusivamente composta por homens, com excepção da secretária, que tinha ar de virgem, mas também tinha ar de ter mais de cinquenta anos. Confesso que tinha a esperança de encontrar uma mulher fisicamente mais atraente e que me proporcionasse alguma distracção visual enquanto as horas passassem.
O segundo revés aconteceu quando se verificou que alguns dos envelopes e embrulhos que continham os votos e as actas das mesas locais não continham qualquer identificação. Foi necessária uma boa hora para pôr os presidentes das mesas a identificarem o que era seu ou não.
A coisa ficou pior quando, verificadas as actas das mesas e as respectivas contagens dos votos, vislumbrou-se que praticamente numa média de uma em cada três mesas de votos a bota não batia com a perdigota. Ou seja, o número de eleitores votantes não batia com o número total de votos depositados. Umas vezes para mais, outras vezes para menos.
E, nestes casos, existiram situações de todo o tipo: umas vezes terão sido os eleitores a levarem boletins para casa; em outras situações terão sido depositados parcialmente alguns dos boletins na urna antes da mesa se aperceber que aquele ou aquela eleitora não deveriam votar naquela secção; e, caso inaudito, existiu um caso em que terão sido entregues três boletins de voto a um eleitor, mas em que vez de pertencerem distintamente à Assembleia de Freguesia, à Assembleia Municipal e à Câmara Municipal, um pertenceria à Assembleia de Freguesia e dois à Câmara Municipal, não tendo sido entregue ao eleitor o boletim para o voto na Assembleia Municipal, o qual assim não votou para esta, mas votou por duas vezes para a Câmara Municipal!
Isto tudo esclarecido, com larguíssima calma, pelos senhores presidentes das mesas de voto.
O único que não conseguiu explicar nada foi um presidente que tinha um diferencial de dez votos depositados na urna relativamente ao número de eleitores inscritos. E lá tivemos de fazer a recontagem de votos, para se descobrir, afinal, que o senhor presidente da mesa em apreço, talvez insatisfeito com o número de votos em um determinado partido político que não ultrapassou a unidade, introduziu erroneamente o primeiro número da casa das dezenas no lado esquerdo da unidade inicial, razão pela qual apareciam dez votos a mais depositados relativamente ao número total de votantes.
E uma vez que as contas estavam erradas, lá tivemos de fazer novamente todas as contas e definir os resultados parciais. Foram umas boas oito horas de trabalho, que poderiam ter sido três horas se a coisa tivesse sido bem feita nas mesas locais de voto.
Eu já não acreditava nas sondagens (a propósito, os meus parabéns à TVI/ Intercampus pelo magnífico trabalho de sondagem no domingo eleitoral: quase 100% de sucesso nas previsões dos totais).
Com isto tudo, deixei de acreditar nos números do STAPE que são divulgados no domingo eleitoral quando a margem de vantagem ou desvantagem entre candidatos seja mínima.
Duas pequenas notas finais.
A primeira, para o facto do STAPE ter fornecido a certas Câmaras Municipais um programa informático para a determinação dos mandatos autárquicos e a outras não: não percebi a distinção entre filhos e enteados. Eu tive de fazer as continhas dos mandatos autárquicos, segundo o método de Hondt, juntamente com os demais membros da assembleia, à mão e com o auxílio de caneta, papel e de um sem número de calculadoras (pois é, também não havia computador com Excel na sala). Três amigas minhas, presentes em outras Assembleias, não. Acabaram a coisa cerca de três horas antes de mim.
A segunda nota vai para a escassa criatividade dos portugueses nos escritos apostos nos boletins de voto nulos: desde votar em todos os partidos existentes até ao risco vertical e diagonal, passando pelo vernáculo e desenhos habituais, o eleitor português deixou-me decepcionado pela pequenez da sua capacidade crítica no momento do voto. Se uma pessoa se dá ao luxo de ir votar para este efeito, ao menos que o faça com um certo estilo.
No meu caso, a votar nulo, eu era bem capaz de lá escrevinhar um "Sócrates, nem o grego!".
Soa mais criativo, embora menos eficaz, que "paneleiros", não acham?

Laissez faire, laissez passer

Estava a ver as notícias na Sic quando mais uma vez deparei com a carantonha do nosso “estimado prémiere” a queixar-se pela milionésima vez (só este mês) da falta de iniciativa dos Lusitanos, da passividade perante as inovações tecnológicas e da falta de produtividade e sentido de oportunidade dos empresários.
Ora, desculpem-me a má expressão, mas o gajo estava à espera de quê?!! Hoje em dia só um maluco é que começa um negócio em Portugal. Mal tem a ideia depara-se logo com uma legião de burocratas que o obrigam às mais mirabolantes manobras somente para conseguir a simples formalização da empresa. No processo tem que pagar até pelo espirro que o mais humilde dos funcionários públicos der quando o estiver a esmagar de cima do seu “balcão de ataque” e, como extra, é ainda tratado como um reles criminoso que está a ter a ousadia de importunar a máquina estatal com ideias parvas como criar uma unidade produtiva e geradora de empregos.
Depois, ainda não tendo vendido um prego, tem de pagar logo impostos e contribuições por conta, uma renda devidamente inflacionada pela especulação e licenças que não necessita e seguros que não quer.
Tudo para quê? Para depois não conseguir colocar os seus produtos nos mercados externos graças à concorrência desleal da China, a qual é possibilitada pelos Tratados Comerciais ratificados pelo Governo do “Prémiere”. Haja paciência para aturar esta palhaçada!
Podiam pelo menos sair da frente, deixar fazer quem quer fazer e não servir eternamente de empecilho…e menos conversa, caramba!

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Parabéns a vocês

Nota prévia:
O Alves foi acometido de uma brutal crise de falta de inspiração. As comemorações operam sobre mim de forma nefasta e improdutiva.

A pedido encarecido do Marquês [confesso que o vi verter algumas lágrimas, enquanto titubeante nas palavras me formulava o pedido] escrevo este post comemorativo, tentando, tanto quanto possível, fugir de balanços, pois sou visceralmente alérgico a tal. Um balanço soa-me sempre a armazém fechado para avaliar existências em mercadorias.
Parece que foi ontem e, no entanto, já volveu um mês desde que os três mosqueteiros lusitanos iniciaram picardias na blogosfera. Trinta dias de prosas, uma ou outra provocação, 30 dias que não abalaram o mundo e que me serviram para reforçar a ideia de que um blog, não tem qualquer papel relevante que não seja o de estimular intelectualmente os que nele participam o que, felizmente, no presente caso, até têm alguma coisa a dizer, pelo menos dois deles, o prolixo Marquês e o acutilante Viriato.
Fala-se muito hoje em dia, fala-se muito mal hoje em dia e todos têm uma opinião sobre tudo e querem-na preponderar, impor, acrescentar ao mar de banalidades em que nos afundamos. Uma opinião vale o que vale é tão relativa como o é qualquer realidade. Em meu entender o que está mal, não é banalizar as opiniões é conferir-lhes uma aura de fundamento quando não a têm. O problema é fixar (e a net é um poderoso instrumento nesse sentido), aquelas opiniões que, noutro contexto e tempo, morreriam na roda de amigos. Tudo isto nem seria assim tão grave, não fossem aqueles que levam os blogs demasiado a sério, alguns dos que lá escrevem e muitos daqueles que os lêem.
Como tal, e no meu entender, o blog é tão só um espaço para espairecer, para trocar opiniões amistosas com pessoas com quem nos identificamos, o que me parece estar a acontecer no Aldeia Lusitana.
Ora bem, retomando antes que me perca de vez e caia num buraco negro (Marquês esta era para ti): 30 dias e muito poucos posts depois, chego em consequência do que acima disse a diversas conclusões.

- Um blog é por regra o local onde pessoas que se conhecem, mais ou menos bem, se “encontram” para “trocar” as ideias que normalmente se trocam no café (quando há tempo para nos encontrarmos).
- A diferença face ao ponto acima é que o blog, por inerência da visibilidade, obriga os detentores a estruturar mais ou menos as ideias, na convicção de que outros os irão ler.
- Acontece que os únicos que realmente nos lêem são os restantes detentores do blog, uma vez que os visitantes, salvo raras e honrosas excepções (normalmente amigos dos bloguistas) são mais ou menos como as massas de passeantes nos museus: deambulam por tudo, olham para pouco e não vêem nada.
- Logo, o bloguista escreve, primeiro para si e para seu regozijo intelectual e, depois, para mostrar aos outros (os restantes bloguistas) que até diz umas coisas jeitosas.

Se assim pensarmos, estamos, de facto, de parabéns.


Uma nota final: as minhas propostas para o mês que agora se inicia de Aldeia Lusitana:

- Escrever menos amiúde para o Marquês, isto é, havíamos combinado que os 100 posts que entregue de início ao meu venerando colega bloguista seriam por ele colocados a um ritmo menos acelerado.

- Aproveitar os visitantes do blog para os tornar filiados no partido de ideais reaccionários que, entretanto, me proponho criar.

- Proclamar dentro da Aldeia Lusitana a República Separatista de Alveca.


Caros Viriato e Marquês, como já viram não me consigo levar (por mais que tente) muito a sério.

Parabéns à “Aldeia Lusitana” pelo feliz aniversário

Hoje o nosso blog faz um mês, pelo que todos os participantes e visitantes estão de parabéns. Um mês sem ninguém nos tirar para fora da blogoesfera a pontapé; um mês sem que os “Romanos” se tivessem juntado todos para nos trucidar e impedir de continuar a ser...Lusitanos; um mês sem que passasse um dia em que a “Aldeia” não crescesse e fosse enriquecida. Safa, que até parece mentira!
E é agora altura de fazer um primeiro balanço. Estará a valer a pena?! Parece-me que sim! O nosso objectivo era divertirmo-nos e deixar para lá se os outros nos visitavam ou gostavam. Porém, desde que colocámos um contador de visitas o blog foi já visitado por mais de 90 blogernautas (existirá tal termo?). Desses, muitos terão com toda a certeza voltado, como provam os mais de 440 “toques” registados pela empresa que nos cede o contador. Alguns, ainda que timidamente, deram um ar da sua graça e até comentaram os posts. Nada mal para um recém-nascido!
Mais importante que tudo, conseguimos fazer aquilo que consideramos uma critica acutilante e bem-humorada da sociedade lusitana e temo-nos divertido bastante no processo. Como tudo o que os bons lusitanos fazem costuma ser caótico não vamos fugir à regra e continuaremos a escrever o que nos der na gana e enquanto nos apetecer. Um mês já está!

Post comemorativo do 1.º mês da Aldeia, by Marquês

Já está. A Aldeia comemora hoje o seu primeiro mês de vida.
E, ao contrário do que eu esperava, os habitantes da Aldeia ainda não se mataram uns aos outros. Apenas se dão umas pancadinhas recíprocas de quando em quando.
Ainda me recordo de como era no início: uma coisita para o pessoal se entreter a escrever e a exercer o seu direito constitucional à baboseira, em que era suposto o Viriato chamar nomes aos políticos quando lhe apetecesse, o Alves divulgar e queixar-se dos buracos negros que conhecia, e à minha aristocrática pessoa dissertar sobre eventuais fantasias eróticas com a Isabel Figueira.
Começámos todos por tentar encontrar um estilo próprio, que, aos poucos, tem vindo a ser moldado pela constante escrita.
Entretanto, ocorreu uma pequena catástrofe.
Tendo o blogue nítida vocação de entretenimento interno, lembrou-se o chefe da Aldeia, pelo final do primeiro "decédio", de instalar um contador de visitantes. "Os lusitanos sabemos quantos são; vamos ver quantos romanos andam por aqui a espiolhar à volta", terá ele pensado.
E, nos dias imediatos que se seguiram a tal decisão, apanhou um choque: os romanos eram em maior número que os lusitanos.
Perante tal, viram-se mudanças na Aldeia: o estilo do Viriato aburguesou-se, o Alves passou a falar de buracos negros especificamente sociais e eu lá tive de esquecer, por uns tempos, as descrições das fantasias eróticas com a Isabel Figueira.
Isto deve durar pouco, penso eu, até que os lusitanos se esqueçam que estão lá as câmaras de vigilância dos romanos e as coisas comecem a descambar como inicialmente previsto. Se bem que eu ache que a coisa já começou há alguns dias, quando alguém decidiu introduzir uma declaração de amor num comentário a um "post" do Viriato.
Olhamos para trás e o que se pode ver é, afinal de contas, um mês em que os habitantes da Aldeia se divertiram uns com os outros. E em que esperamos que os romanos não se tenham chateado muito com as nossas asneiras, baboseiras e outras alarvidades.
A Aldeia evoluiu no último mês e com ela o país, pois a Aldeia mais não é, afinal, do que a imagem crítica do nosso país.
Veja-se o que se passou neste último mês.
José Maria Martins apresentou a sua candidatura à presidência da República. Manuel Alegre e Garcia Pereira também.
Fátima Felgueiras regressou do Brasil. Mário Soares, entretanto, também.
Manuel Maria Carrilho desapareceu dos noticiários televisivos.
Portugal foi apurado para o Mundial da Alemanha de futebol.
Koeman passou de besta a bestial, Adriaanse de bestial a besta e Peseiro... bom, Peseiro não deixou de ser o que sempre foi.
O Zézé Camarinha divulgou a ideia da criação do Instituto de Salvação do Homem.
Choveu, finalmente.
E houve mais, muito mais.
Tentámos comentar o mais relevante. Obviamente, não o conseguimos. Umas vezes por falta de tempo. Outras vezes por que as células cerebrais entravam em período de pousio, não admitindo dissertações escritas.
Introduzimos, no período temporal em apreço, cerca de 70 "posts", o que nos dá uma média superior à introdução de 2 "posts" diários. Todos sem links, o que demonstra que a capacidade de criatividade dos lusitanos ainda se encontra fresca e que continuamos a não perceber nada de informática.
Tivemos, nos quase 20 dias contados, cerca de 90 visitantes, o que é quase invulgar para um blogue que pretendia viver na clandestinidade.
Penso que são números agradáveis para um primeiro mês, mas que frustram completamente os intentos iniciais do blogue: não só não evoluímos nada em termos de informática, como também não conseguimos manter a Aldeia clandestina aos olhos do mundo.
Todavia, o nosso objectivo principal, o nosso divertimento, foi cumprido.
Se os visitantes romanos se divertiram ou se entediaram, problema deles.
Por nós, esperamos continuar por cá para comemorar o segundo mês. E o terceiro, o quarto, o quinto, e por aí fora. Enquanto nos divertirmos, continuaremos.
O país continua aí, em mudança, e por isso a Aldeia terá sempre tema.
Continuaremos a acompanhar com grande atenção as presidenciais e a "baixa conflitualidade social existente" (José Sócrates dixit nesta última parte há uma semana atrás).
Por outro lado, sempre posso adiantar aos espiões romanos que me encontro em negociações com duas loiras boazudas do SIS as quais, em troca do número de telemóvel do Viriato, me prometeram fornecer, para publicação exclusiva em Portugal, a futura correspondência secreta que irá ser trocada entre os vários intervenientes políticos durante o período da pré-campanha e campanha presidencial. Vamos ver se consigo levar as negociações a bom porto, pese embora eu ache que não vá conseguir convencer as várias mulheres do Viriato a acatarem a divulgação, por mais mulheres, do número do bicho.
Continuemos, pois, a diversão.

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

O Vince e a Hermengarda

Ainda não percebi qual o motivo de um furacão nado, criado e falecido em território nacional ter sido baptizado com um nome anglo-americano.

O produto era reconhecidamente nacional. De facto, ao invés dos furacões americanos, que destroem casas, matam pessoas e espalham a destruição, o nosso "Vince" faleceu sem chatear ninguém, parecendo antes constituir uma primeira experiência de algum empresário para futura produção nacional de furacões.
Não percebi foi o nome "Vince".
Nem o facto de ninguém se ter queixado desta americanice.
Onde é que estão as manifestações anti-americanas do Bloco neste caso?
E como é que o Ministro dos Negócios Estrangeiros ainda não escreveu qualquer carta a Condolezza Rice a queixar-se do assunto ? Se existisse carta, o "Expresso" já a teria certamente publicado!
Será que posso ter a esperança de o próximo furacão português se vir a chamar "Maria Hermengarda"?
P.S. - Caros colegas de Aldeia, não se esqueçam que amanhã é dia de aniversário e que têm de trazer prendas.

Outubro: Portugal em greve!

O mês de Outubro ameaça ficar marcado por uma série de greves que são o espelho dos problemas dos portugueses e da sua falta de capacidade para os resolver. Independentemente das razões que assistem aos actores da paródia que é a nossa Aldeia só gostava de a todos deixar um desafio: em cada dia de greve parem um minuto e pensem que nesse dia milhares de empresas não cessaram de produzir bens em toda a Ásia! Boas greves e daqui a 20 anos não se queixem…!!!