quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Parabéns a vocês

Nota prévia:
O Alves foi acometido de uma brutal crise de falta de inspiração. As comemorações operam sobre mim de forma nefasta e improdutiva.

A pedido encarecido do Marquês [confesso que o vi verter algumas lágrimas, enquanto titubeante nas palavras me formulava o pedido] escrevo este post comemorativo, tentando, tanto quanto possível, fugir de balanços, pois sou visceralmente alérgico a tal. Um balanço soa-me sempre a armazém fechado para avaliar existências em mercadorias.
Parece que foi ontem e, no entanto, já volveu um mês desde que os três mosqueteiros lusitanos iniciaram picardias na blogosfera. Trinta dias de prosas, uma ou outra provocação, 30 dias que não abalaram o mundo e que me serviram para reforçar a ideia de que um blog, não tem qualquer papel relevante que não seja o de estimular intelectualmente os que nele participam o que, felizmente, no presente caso, até têm alguma coisa a dizer, pelo menos dois deles, o prolixo Marquês e o acutilante Viriato.
Fala-se muito hoje em dia, fala-se muito mal hoje em dia e todos têm uma opinião sobre tudo e querem-na preponderar, impor, acrescentar ao mar de banalidades em que nos afundamos. Uma opinião vale o que vale é tão relativa como o é qualquer realidade. Em meu entender o que está mal, não é banalizar as opiniões é conferir-lhes uma aura de fundamento quando não a têm. O problema é fixar (e a net é um poderoso instrumento nesse sentido), aquelas opiniões que, noutro contexto e tempo, morreriam na roda de amigos. Tudo isto nem seria assim tão grave, não fossem aqueles que levam os blogs demasiado a sério, alguns dos que lá escrevem e muitos daqueles que os lêem.
Como tal, e no meu entender, o blog é tão só um espaço para espairecer, para trocar opiniões amistosas com pessoas com quem nos identificamos, o que me parece estar a acontecer no Aldeia Lusitana.
Ora bem, retomando antes que me perca de vez e caia num buraco negro (Marquês esta era para ti): 30 dias e muito poucos posts depois, chego em consequência do que acima disse a diversas conclusões.

- Um blog é por regra o local onde pessoas que se conhecem, mais ou menos bem, se “encontram” para “trocar” as ideias que normalmente se trocam no café (quando há tempo para nos encontrarmos).
- A diferença face ao ponto acima é que o blog, por inerência da visibilidade, obriga os detentores a estruturar mais ou menos as ideias, na convicção de que outros os irão ler.
- Acontece que os únicos que realmente nos lêem são os restantes detentores do blog, uma vez que os visitantes, salvo raras e honrosas excepções (normalmente amigos dos bloguistas) são mais ou menos como as massas de passeantes nos museus: deambulam por tudo, olham para pouco e não vêem nada.
- Logo, o bloguista escreve, primeiro para si e para seu regozijo intelectual e, depois, para mostrar aos outros (os restantes bloguistas) que até diz umas coisas jeitosas.

Se assim pensarmos, estamos, de facto, de parabéns.


Uma nota final: as minhas propostas para o mês que agora se inicia de Aldeia Lusitana:

- Escrever menos amiúde para o Marquês, isto é, havíamos combinado que os 100 posts que entregue de início ao meu venerando colega bloguista seriam por ele colocados a um ritmo menos acelerado.

- Aproveitar os visitantes do blog para os tornar filiados no partido de ideais reaccionários que, entretanto, me proponho criar.

- Proclamar dentro da Aldeia Lusitana a República Separatista de Alveca.


Caros Viriato e Marquês, como já viram não me consigo levar (por mais que tente) muito a sério.

2 comentários:

Anónimo disse...

Hic Hic Hurra!!!!!

Haveria, contudo, alguma possibilidade de substituir o café por vinho?

Hic Hic Hurra!!!!!

Parabéns aos 3 mosqueteiros!

Marquês disse...

Posso garantir-te,meu caro Alves, que ainda se encontram religiosamente guardados cerca de 50 "posts" dos que me escreveste para que eu os publicasse como meus.