segunda-feira, 31 de outubro de 2005

"Os ursos polares têm armas de destruição massiva"

Despertou a curiosidade da Aldeia o "post" do Alves sobre a preparação da invasão do Árctico por cinco potências fronteiriças de tal zona, de tal forma que quisemos saber mais o que realmente se passa, dado o silêncio que os nossos media, talvez mais preocupados com a morte dos patos patola e dos marrequinhos, parecem quererem fazer sobre esse assunto.
Para o efeito, solicitamos ao senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros a realização de uma entrevista exclusiva sobre o tema, o que nos foi permitido. É assim que temos a honra de hoje publicar, em exclusivo para a Aldeia, a gravação de uma curta entrevista realizada ao senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros por um dos nossos mais prometedores jornalistas, Dâmaso Salcede, descendente de uma das mais proeminentes figuras queirosianas e, por tal motivo, vagamente aparentado com o nosso Alves (e companhia).

(clic)
DS – Boa tarde, senhor Ministro. Ou prefere que o trate por senhor Professor?
MNE – Senhor Ministro está bem. É a minha função actual, sabe?
DS – Ah, pois... Tem aí uma bela gravata...
MNE – Gosta? Foi a Sr.ª Rice que ma ofereceu no dia do meu aniversário.
DS – Pois, pois...a propósito de Sr.ª Rice... e é esse o motivo desta entrevista...realmente a gravata é muito bonita...o que pode dizer aos habitantes da Aldeia sobre as reuniões que têm sido efectuadas com vista à invasão do Árctico?
MNE – Desminto a veracidade de tal situação e asseguro-lhe que neste momento não existe qualquer plano de invasão do Árctico. Como tem vindo a público, têm existido alguns problemas naquela região, mas estão todos a serem devidamente solucionados no âmbito do enquadramento da tutela das Nações Unidas.
DS – Confesso que não li ou vi nada sobre tais problemas. Que problemas existem ou podem existir naquela zona?
MNE – Segundo os serviços secretos de alguns países, designadamente dos limítrofes com aquela região, existe a forte possibilidade dos ursos polares estarem a desenvolver tecnologia relacionada com armas de destruição massiva.
DS – O senhor Ministro está-me a dizer que os ursos polares têm armas de destruição massiva?
MNE – Eu não estou a dizer que existem, estou a dizer que os serviços secretos de tais países afirmam a existência de tal possibilidade.
DS – Mas como é que os ursos polares tiveram acesso às mesmas?
MNE – Desconheço. Não me foram fornecidas tais informações.
DS – E quem lhe deu as informações de que tem conhecimento?
MNE – Penso que não estarei a violar qualquer segredo ao dizer que foi a Sr.ª Rice, com quem todos os dias contacto por SMS, e o Sr. Putin, com quem tive o prazer de falar na minha última deslocação à Rússia, há cerca de três semanas.
DS – Mas o senhor Ministro pensa mesmo ser possível que os ursos polares tenham armas de destruição massiva?
MNE – Desde que li os "Mundos Paralelos" do Phillip Pullman, penso ser possível esperar tudo dos ursos polares. Já leu?
DS – Pois... não. E o que está a fazer a ONU?
MNE – Enviou o comissário Hans Blix para fazer uma inspecção ao Árctico. Ao que sei, ainda não descobriu nada, mas os ursos andam a adoptar uns comportamentos muito peculiares, típicos de quem tem algo a esconder.
DS – Designadamente?
MNE – Desaparecem subitamente em cavernas e nunca param nos mesmos locais.
DS – Pensei que esse fosse o seu comportamento típico.
MNE – Também eu, até saber desta história toda.
DS – E há suspeitas de mais envolvidos?
MNE – Fala-se também no envolvimento dos pinguins no âmbito do fornecimento aos ursos, mas eu não sou grande adepto dessa teoria.
DS – Pois... certamente os meios de transporte do Antárctico para o Árctico não devem ser fáceis. E confirmando-se que os ursos polares têm armas de destruição massiva, o que poderá suceder?
MNE – Penso que, em última instância, deverá existir uma intervenção militar no âmbito da ONU, por forma a salvaguardar a paz na zona e evitar um eventual perigo de invasão dos Estados limítrofes pelos ursos polares.
DS – E Portugal apoiará tal intervenção militar?
MNE – O Governo Português apoiará sempre uma intervenção militar enquadrada no âmbito de intervenção da ONU para salvaguardar a paz e a democracia no mundo.
DS – Mas o senhor Ministro não foi um opositor da intervenção militar no Iraque?
MNE – Claro que fui. E continuo a ser. Primeiro, porque não foi uma operação militar enquadrada no âmbito de intervenção da ONU; e depois, porque como toda a gente viu, o Iraque não tinha armas de destruição massiva. Sempre foi o Irão que as teve. Aliás, o tempo veio-me dar razão. Foi o que eu disse à Sr.ª Rice quando ela me pediu para explicar o motivo da minha oposição à intervenção americana no Iraque. Se os Estados Unidos e a Grã-Bretanha têm decidido invadir o Irão na altura, teriam tido todo o meu apoio. Desde que, obviamente, com uma intervenção posterior da ONU no controlo militar do território.
DS – Para terminar esta entrevista, senhor Ministro, não posso deixar de formular uma pergunta que nada tem que ver com o tema subjacente à mesma: qual o candidato presidencial que irá apoiar?
MNE – Penso que ainda irão ter uma surpresa quanto a isso.
DS – Significando que...?
MNE – Se eu lhe dissesse, não seria surpresa, não é verdade?
DS – Obrigado pela entrevista, senhor Ministro.
MNE – De nada, meu rapaz. Olhe lá, isto vai ser publicado no "Expresso" quando?
(clic)

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