sexta-feira, 21 de outubro de 2005

Cartas secretas da campanha presidencial – II

Lisboa, 21 de Outubro de 2005
Ex.mo Camarada José Sócrates,

Duro é o sofrimento que me atinge
Neste mar de dor sem limite, atroz,
Capcioso é o sentimento que me restringe,
Mas duro, tenho de erguer a minha voz.

Escrevo por manifesta revolta
Da palavra crua e dura, erguida,
Pelo Jorge Coelho tendo à volta
Jornalistas ávidos à sua saída.

Não esperava tal sortilégio da nossa Comissão,
Pois o PS sempre foi um partido democrático,
Desconheço porque não ouvem a voz da razão
Tanto mais que agora até é um partido socrático.

Dei tantos anos da minha vida à democracia,
Tanto do meu amor e carinho ao nosso partido,
Nunca chorei lágrimas ou tive dor, mesmo macia,
De ter proporcionado à minha vida este sentido.

Agora proibem-me o regresso e a reunião
Com os meus amigos, os meus camaradas,
Companheiros de sempre em união
Em lutas políticas, ardentes e amadas.

Digo-lhe desde já que nunca desistirei
Do meu amor por Portugal e dos meus ideais,
Fique por isso a saber que tudo farei
Para ganhar, por Portugal, as presidenciais.

Sei que do PS qualquer apoio não terei,
Mas continuarei impávido e alegremente,
Socialista, laico e republicano sempre serei,
Sem mais, despeço-me cordialmente,

M. Alegre

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