sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Laissez faire, laissez passer

Estava a ver as notícias na Sic quando mais uma vez deparei com a carantonha do nosso “estimado prémiere” a queixar-se pela milionésima vez (só este mês) da falta de iniciativa dos Lusitanos, da passividade perante as inovações tecnológicas e da falta de produtividade e sentido de oportunidade dos empresários.
Ora, desculpem-me a má expressão, mas o gajo estava à espera de quê?!! Hoje em dia só um maluco é que começa um negócio em Portugal. Mal tem a ideia depara-se logo com uma legião de burocratas que o obrigam às mais mirabolantes manobras somente para conseguir a simples formalização da empresa. No processo tem que pagar até pelo espirro que o mais humilde dos funcionários públicos der quando o estiver a esmagar de cima do seu “balcão de ataque” e, como extra, é ainda tratado como um reles criminoso que está a ter a ousadia de importunar a máquina estatal com ideias parvas como criar uma unidade produtiva e geradora de empregos.
Depois, ainda não tendo vendido um prego, tem de pagar logo impostos e contribuições por conta, uma renda devidamente inflacionada pela especulação e licenças que não necessita e seguros que não quer.
Tudo para quê? Para depois não conseguir colocar os seus produtos nos mercados externos graças à concorrência desleal da China, a qual é possibilitada pelos Tratados Comerciais ratificados pelo Governo do “Prémiere”. Haja paciência para aturar esta palhaçada!
Podiam pelo menos sair da frente, deixar fazer quem quer fazer e não servir eternamente de empecilho…e menos conversa, caramba!

1 comentário:

Anónimo disse...

Exmo. Senhor Viriato,

Não poderia estar mais em concordância com V. Senhoria (isto já começa a ser um hábito e isso, como todos sabemos, não faz um monge)!
Portugal é o país mais bur(r)ocrático da Europa (afirmo-o mesmo sem conhecer as realidades administrativas dos restantes países) e qualquer pessoa bem intencionada (que ainda as há... são poucas, mas ainda as há) que pretenda iniciar um negócio neste cantinho à beira-mar plantado nem sabe no que se está a meter.
Vá ali... não é aqui... talvez no outro lado... sim, é aqui, mas tem de aquirir o modelo X na nossa delegação na Rua Y... já tem a escritura? Não? Então tem de ter... Já pagou? Ainda não? Vai ter de pagar... Acresce isto... Suporte aquilo... Há aqui uma pequena taxa... Sobre isto incide o imposto de selo... Há um emolumentozinho a liquidar...
Está pronto daqui a 15 dias...
Depois disto, neste país eu só montaria uma empresa de apoio a pessoas dementes (e isso seria se eu próprio não ficasse demente a tentar constituí-la).
Com um abraço cordial e os meus parabéns pelo artigo.