sexta-feira, 30 de setembro de 2005

Os Verdes são um fenómeno raro

Passando os olhos pelas listas da CDU cá da terra fui observando que junto de cada candidato estava a indicação da sua militância (ou não) politica. Assim, muitos anunciavam ser do PCP, outros anunciavam ser Independentes e…mais nada!!!
Perguntei-me a mim mesmo: então e Os Verdes?! Caramba, afinal são o outro partido que, juntamente com o PCP, compõe a CDU, a coligação que se apresenta a votos!
Em conversa com alguns amigos fui informado que nos respectivos Concelhos de residência Os Verdes nem vê-los. Em lista nenhuma.
Mas a verdade é que Os Verdes tem assento garantido no Parlamento, têm o símbolo nos panfletos todos da propaganda CDU, mas…ninguém os vê, ninguém sabe quem são, ninguém conhece!
Partindo do princípio que o PCP é o partido sério que apregoa ser, não quero acreditar que Os Verdes sejam uma mistificação comunista para os eleitores votarem PCP sem saberem. Não posso crer! Ainda tem de haver uma réstia de seriedade na política caneco!
Seja como for, sempre temos de admitir que Os Verdes são um fenómeno raro, daqueles do entroncamento…

Cumpra-se o mar


Parto de um lugar comum: tratamos bem e acarinhamos aquilo que amamos ou, não querendo levar tão longe as emoções, diria que, ao menos é natural que estimemos aquilo de que gostamos. Isto para concluir (e começo este apontamento com uma conclusão, para depois chegar aos fundamentos) que os portugueses, pela forma como o cuidam, não amam, não estimam, não acarinham, nem tão-somente apreciam o seu país.
Bastava-me ficar por aqui para que alguns percebam o alcance do termo e, para mim, estaria, por certo, a poupar-me ao desgaste emocional que é, rememorar parte do que vai mal. Todavia, como em Portugal há mais cegos do que bengalas, deixem-me ser para esses, os que deambulam num labirinto sensitivo, uma espécie de cão pastor. Não que tenha recebido treino especial para o efeito, até porque para farejar o que vai mal basta seguir um pressuposto fundamental para a vida em comunidade: algum sentido cívico e espírito de grupo; mínimo denominador comum que é alheio a uma substancial fatia dos portugueses. Tratamos mal o meio natural, tratamos mal o meio urbano e é neste que me quero, de momento, concentrar.
A generalidade dos espaços públicos das cidades portuguesas é a imagem espelhada do civismo e sentido de comunidade dos portugueses, algo que socorrendo-me à simbólica matemática, se exprime com um “0”. O nível de um povo lê-se tanto nos indicadores de desenvolvimento, como o que a leitura da envolvente e do meio nos revela sobre o que esse mesmo povo proporciona a si e aos seus. Pela forma como o espaço público urbano está tratado em Portugal só posso concluir que alimentamos um ódio visceral pelo nosso país, pelo meio que nos rodeia, pelos nossos filhos e pelos que, antes, nos legaram o espaço físico que temos. Dentro de casa o português é um esmero, um enlevo de arrumo e limpeza. Vejam-se os jardins relvados dos quintais primorosamente cuidados, as rendinhas à janela, o soalhinho sempre limpo e perfumado. Isso dentro da casa, fazendo jus à velha “casinha portuguesa”, concerteza.
Fora de casa, nas ruas, nas praças, nas avenidas, o português vinga-se, assume o seu alter-ego, destrói, corrói, suja, corrompe, danifica, tudo isto impunemente, com o beneplácito que autoriza a bandalhice que graça no nosso país e que se sintetiza numa palavra: complacência. Somos complacentes para com os que baixam a janela do carro, atirando o caroço de maçã para a via pública; somos complacentes com os dejectos dos cãezinhos nos passeios e nos relvados, somos complacentes com os carros estacionados em largos pedonais, somos complacentes com as fachadas conspurcadas com os grafiti, somos complacentes com os eco-pontos atulhados de lixo orgânico. Somos, de certa forma, complacentes porque no fundo pouco abdicamos do “eu” em prol do “nós”.
A degradação do espaço público resulta da própria essência do termo: é público. Os portugueses têm uma natural aversão à disponibilidade para cooperar. Somos tentados por uma inveja mesquinha, diria quase orgânica, pelo próximo. Temos que ser melhor, estar melhor, parecer melhor, intento que se alcança, com um espírito de competição muito apurado. E que melhor espaço para o fazer do que a nossa casa, marca da nossa identidade, da nossa existência, da nossa individualidade. Para o português o espaço público é um espaço incógnito, impessoal, alheio. Porquê: porque apela ao comunitário, à cooperação, ao respeito. O português não compreende estes termos, até porque cada vez menos usufrui do espaço público: vira as costas aos parques e jardins, e prefere os centros comerciais. O irónico é dizer que, ao menos ali, encontra um espaço limpo, cuidado, iluminado, não compreendendo que é a ignorância cívica e a indiferença que mata o tradicional espaço comunitário.
Não aprecio consideravelmente a escrita de Saramago, mas reconheço-lhe os recursos literários, o engenho, a pertinência e a originalidade na prosa e na temática. Vem-me recorrentemente à memória, quando me detenho nas questões que enunciei, uma das imagens de uma das obras do nosso Nobel, a “Jangada de Pedra”: a Península Ibérica larga a sua condição continental e lança-se numa viagem solitária. Gosto, perdoe-me o autor, de pincelar esta imagem com um certo pormenor: a de um Portugal libertando-se de todos os portugueses, partindo ferido e ofendido, magoado e triste, procurando, longe recompor-se de todas estas provações. Aos portugueses, o país em partida faz cumprir a vocação nacional: entrega-nos ao mar: Suponho que na aflição de um afogamento colectivo aprendamos a cooperar.

Os Livros do Alves e Companhia

Confesso que a minha curiosidade foi despertada pelo último post da companhia do Alves sobre o facto de se encontrar fora de moda relativamente aos livros que se encontram nos tops das livrarias.
Por essa via, entrei na livraria Bertrand que me estava mais próxima e, ao mesmo tempo que aproveitava para fazer um pequeno exercício de memória que costumo fazer de vez em quando para ver como está a minha memória fotográfica, vi o denominado top ten da livraria.
Não fiquei tão chocado como o Alves, mas fiquei algo surpreendido.
No 4.º lugar figurava o conjunto de livros do Sodoku. Isto é irreal. Primeiro porque se tratava de um conjunto de livros e não de um livro. E depois porque cada uma daquelas coisas não é um livro. Serão antes revistas de passatempos com uma capa mais dura e que são vendidas nas livrarias. Ponto final. Não contam qualquer história. Não obrigam a qualquer raciocínio filosófico. Não são morais, imorais ou amorais. Não nos fazem chorar. Não nos fazem rir. Não nos fazem sonhar.
Nos 5.º, 8.º e 9.º lugares figuravam livros que, esses sim, estão completamente fora de moda. Anjos e Demónios tem muitos meses, O Código da Vinci e o Eragon já têm barbas sinónimo de velhice. Já quase todas as pessoas que lêem livros neste país os leram. Não percebo o motivo de continuarem a ser alvo de contínua aquisição em grosso, atentas as suas posições no Top 10.
O 10.º lugar encontra-se ocupado por um livro de Manuel Alegre, O Quadrado (e outros contos). É preciso explicar porquê? Todavia, o escritor é um bom escritor.
O 1.º lugar encontrava-se ocupado por Eldest, o segundo volume da trilogia da herança de Christopher Paolini. Eu sei que o Alves não gostou do Eragon, mas também sei que não o leu todo. A magia do Eragon está não só na história e no universo que são criados por um jovem imberbe, mas também pelo acompanhamento que fazemos, ao longo da leitura do livro, do próprio amadurecimento do escritor e da sua escrita. Lembro-me de ter comentado, relativamente ao primeiro capítulo do Eragon, que eu era capaz de ter feito melhor na altura em que andava na 4.ª classe, mas também reconheci posteriormente que jamais seria capaz de escrever, por falta de talento da minha parte, algo como alguns dos episódios finais do livro. Aliás, tenho imensa curiosidade em saber até que ponto evoluiu Paolini neste segundo livro. Se continua em crescimento ou se, pelo contrário, a pressão do 2.º livro fez-lhe o mesmo que a J.K. Rowling na passagem do 3.º volume para os demais da série de Harry Potter.
O 2.º lugar é ocupado pelo O Confessor, de Daniel Silva. Ainda não o li, mas está na longa fila de espera formada nas minhas estantes. A sinopse pareceu-me atractiva, mas quantas sinopses bem elaboradas não correspondem, muitas vezes, ao mau conteúdo do livro?
O 3.º lugar não merece, por ora, quaisquer reparos. Luís Sepúlveda continua a ser, na minha modesta opinião, um dos melhores escritores contemporâneos da língua hispânica, e tenho alguma curiosidade em saber o que fez com Mario Delgado Aparain nestes Os Piores Contos dos Irmãos Grimm.
O 7.º lugar pertence a um livro de Jim Dwyer e Kevin Flynn, 102 minutos, em que se faz o acompanhamento do sucedido a 11 de Setembro nas Torres Gémeas.
Por fim, e em 6.º lugar, aparece-nos Nicholas Sparks, com o seu Quem Ama, Acredita, autor esse que eu não amo e em quem não acredito.
Meu caro Alves, tirando o Sodoku e o Nicholas Sparks, e com desconhecimento de causa relativamente ao 102 minutos, não sei do que falas. Tudo o demais já li ou irei ler. E não me considero um leitor de livros popularuchos. Gosto de livros sobretudo bem escritos, que me façam pensar ou sonhar. E que contenham uma boa história. Umas vezes só para divertir. Outras para reflectir. Se os outros também os lêem, tanto melhor. As boas histórias foram feitas para serem lidas. O Eça, o Homero e o Cervantes não estão no top 10 de vendas: paciência.
Por isso, vê lá se chamas nomes aos bois. Por outras palavras, diz lá do que não gostas do que te aparece nos tops que é para clarificarmos de uma vez por todas se estás ou não fora de moda.
Em jeito de post-scriptum, sempre direi que no que toca ao exercício de memória efectuado relativamente ao top esqueci-me de dois livros após sair da livraria: o de Daniel Silva, talvez por ainda o não conhecer enquanto autor, e o de Manuel Alegre, por reacção alérgica do meu subconsciente à memorização de determinados nomes.

quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Manipulemos, então!

Com grande surpresa minha, fui convidado para fazer parte de uma assembleia de apuramento geral de votos das autárquicas.
Fascinado pela possibilidade de manipulação da escolha dos mandatos, aceitei.
Devo confessar que o facto de terem recorrido à minha pessoa significa a admissão implícita, por parte do regime democrático português, de que eu sou a pessoa certa para seleccionar os caciques mais capazes dentro de uma determinada autarquia. Sinto-me novamente regressado aos bons velhos tempos do séc. XVIII !

Após a realização da coisa no próximo dia 11, darei notícias.

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

A burrice democrática

A Democracia é o sistema em que de quatro em quatro anos vamos escolher o grupo de indivíduos que nos vai enganar, intrujar e prejudicar nos próximos quatro anos. Há quem afirme que não é um grande sistema, mas é o melhor até hoje conhecido pelo Homem. É caso para dizer que devemos ser muito burros!

O Quarteto Fantástico

Deliciados com as peripécias da campanha autárquica que vai decorrendo em Portugal, um dos grandes produtores europeus de filmes decidiu fazer uma versão portuguesa do filme recentemente estreado "Quarteto Fantástico", o qual teve na sua génese a história de um dos grupos de heróis mais conhecidos da BD da Marvel.
Após o visionamento de várias cassetes com intervenções de muitos actores e actrizes da nossa praça, o produtor decidiu-se, finalmente, pela selecção dos quatro actores que irão encarnar as personagens dos quatro magníficos.
Assim, e para interpretar o papel do "Senhor Fantástico", foi convidado Valentim Loureiro, dada a especial habilidade revelada pelo mesmo para se esticar, de forma elástica, pelo desempenho de todas as funções de chefia possíveis e imagináveis, desde a Câmara de Gondomar à Sociedade Metro do Porto, passando pela Liga de Futebol e pelo lugar de Cônsul da Guiné-Bissau em Portugal, sem falar no Boavista.
Para interpretar o papel de "O Coisa" foi convidado Avelino Ferreira Torres. Tal prendeu-se com a especial apetência do intérprete por resolver as coisas com os inimigos à bofetada e pela especial força demonstrada na destruição de coisas quando necessário, designadamente placards de publicidade.
Para interpretar o sempre difícil papel do "Tocha Humana" foi convidado Isaltino Morais. Explica-se pelo facto de o intérprete ter conseguido colocar o PSD de Oeiras em brasa e de, sempre que alguma dificuldade se lhe depara, acender o lume do seu charuto, pondo em fuga os seus oponentes com o fumo exalado.
Finalmente, para o lugar de "Mulher Invisível", a escolha foi óbvia. Alguém viu Fátima Felgueiras em Portugal nos últimos dois anos? Pois é.
Não se pode dizer que os actores não sejam bons actores. E de qualidade.

Livros nas margem da moda

Que em Portugal se lê pouco (apesar de, segundo se diz, editar bastante), que no nosso país se lê mal, não é novidade para ninguém (pelo menos para aqueles que lêem, pois normalmente os resultados destes inquéritos aparecem por escrito). Agora, o que realmente me espantou ao analisar um “top” das vendas de livros seleccionados pelos portugueses é que, juntando ao pouco e mal que se lê, não exista verdadeiramente um sentido critico e alternativo às leituras de best-seller.
Explico em poucas palavras: Dos 10 títulos mais vendidos em Portugal no último mês (considerando as vendas de uma das grandes livrarias implantadas no nosso país), respectivamente cinco em ficção e outros tantos em não ficção, todos eles são livros da “moda”. Nem um único título reflecte uma leitura realmente alternativa, diferente, digamos, ousada. É claro que vivemos numa sociedade orientada para uma atitude de consumo e de mercado. Seria ingénuo considerar que os ditames da publicidade, do marketing da indução na compra não afectassem os livros e, consequentemente as escolhas do consumidor. As editoras são empresas, logo estão vinculadas a interesses e necessidades de mercado. Admito que assim seja, embora me custe. Custa-me, basicamente, perceber neste “top” que os que lêem, afinal de contas o fazem por moda, da mesma forma que conduzem o carro da moda, vão às lojas da moda, usam as frases e os trejeitos da moda.
Os livros devem ser, antes sim, um objecto de procura individual, de encontro, resultado de uma construção pessoal, de escolhas e de gostos próprios. Escolher um livro longe dos ditames da moda e, acima de tudo, uma revelação de liberdade e maturidade intelectual.
Claro que esta atitude revela um caminho longo de aprendizagem, de aprofundamento de uma personalidade critica. Claro que tudo isto dá trabalho, porque vai ao encontro do essencial, atitude em contra-corrente com uma sociedade que procura o acessório e o fácil (por isso as modas, sinónimo do que é imediato, do que é sugerido e imposto a cada estação).
O livro trata-se como um objecto de intimidade, uma oferta que fazemos a nos próprios, que acolhemos no nosso espírito e que, eventualmente, quereremos partilhar com outros que, igualmente reconhecemos como verdadeiros amantes da leitura e dos mundos (isso mesmo, um plural) que os livros encerram.
Pessoalmente afirmo: adoro estar fora de moda.

Manuel Alegre e Mário Soares

Dado que ambos são assumidamente socialistas, republicanos, laicos e incoerentes, assim como não percebem nada de economia e de finanças públicas, decidi estabelecer uma lista de diferenças entre os dois candidatos por forma a auxiliar os eleitores socialistas a optarem na hora de colocaram a cruz no boletim de voto.
Assim:
Alegre tem barba. Soares não.
Alegre tem 70 anos. Soares tem mais 10.
Soares tem um clã. Alegre não.
Soares tem um filho politicamente chato. Alegre não.
Soares tem uma excelente e visível primeira-dama. Alegre não.
Alegre é coimbrão. Soares é lisboeta.
Alegre verseja. Soares prosa.
Alegre é um poeta. Soares é um político.
Se o eleitor socialista mesmo assim ainda não conseguir optar após confrontar as dissemelhanças dos candidatos, há sempre o quadradinho para colocar a cruz relativamente à escolha do nome de Cavaco Silva.

Frustração benfiquista

Hoje, a principal frustração dos benfiquistas é saberem que, quer com outro holandês de um clube nortenho rival, quer até com o Manuel Cajuda, a orientarem a equipa, o Benfica ganharia sempre àquele Manchester que lhes apareceu pela frente.

terça-feira, 27 de setembro de 2005

SLB GLORIOSO SLB

Que Endovélico proteja o Benfica esta noite em Manchester.
BEENNNFFFFIIIIICCCCCCAAAAAAA!!!!!!!!

O Noddy e a iliteracia

Um destes dias, ao passar por um dos hipermercados cá do burgo, decidi-me a comprar um dos DVD da série do Noddy para entretenimento do pequeno herdeiro do titulo nobiliárquico.
Para quem não tenha filhos, ou pura e simplesmente não o saiba, a série do Noddy constituiu a maior dádiva televisiva, recente, aos progenitores com miúdos com idade inferior a 6 anos de idade, em que durante os dez minutos de um episódio se consegue estabelecer a proeza (quase) impossível de fazer permanecer os miúdos no mesmo local. Quietos.
Levado para casa o "bicho", inseri-o no leitor de DVD e lá vi um episódio da série, com um miúdo particularmente atento e singularmente quieto.
Findo o episódio, olhei para o miúdo, o miúdo olhou para mim e devemos ter pensado exactamente o mesmo (de vez em quando também consigo raciocinar como um miúdo com ano e meio): vamos lá ver os "extras" da coisa!
Comecei pelo Karaoke, com a música do Noddy.
Para gáudio do miúdo, comecei a cantar à medida que as palavras iam aparecendo no televisor.
Estava eu a cantar o "Abram alas para o Noddy, com a busina a tocar", quando parei, estupefacto. Tal qual Cavaco Silva perante a decisão judicial de libertação da Fátima Felgueiras.
Busina?! Busina?! Com "s"?!
Os erros ortográficos acontecem algumas vezes nos noticiários nacionais. Têm piada para os que sabem a representação correcta da palavra. Não afecta aqueles que não a sabem escrever, porque normalmente os mesmos até aprendem outra representação da mesma palavra que julgavam saber escrever.
O problema coloca-se quando tais erros ortográficos surgem em escritos destinados a crianças em idade de formação e cuja perspectiva educacional surge hoje, cada vez mais, associada ao conteúdo dos programas informáticos e livros e à interacção com DVD.
E não deixa de ser grave que uma editora portuguesa tenha propiciado a publicação e venda de DVD com material extra traduzido para crianças sem se certificar da sua correcção e da qualidade do mesmo.
Sobretudo quando se sabe da larga dimensão do mercado que os produtos ligados ao Noddy têm.
Por mim, vou ficar atento aos próximos extras dos DVD do Noddy.
E à buzina a tocar.
Pelo menos, e à conta disto, o pequeno futuro marquês terá consciência ortográfica com tenra idade.
Algo que alguns (felizmente ainda poucos) dos tradutores e legendistas portugueses, a maior parte com habilitações literárias superiores à 4.ª classe completa, parecem não possuir e não estarem interessados em possuir.

Maquiavel não faria melhor

No "site" do movimento cívico de apoio à candidatura de Manuel Alegre, apareceu, como um dos subscritores da candidatura, um indivíduo com o nome de Aníbal António Cavaco Silva.

Desilusões

Após a sua participação na meia-maratona de Portugal que proporcionou a travessia da Ponte Vasco da Gama em passo de corrida, José Sócrates confessou à comunicação social que esperava mais apupos dos participantes durante a corrida do que aqueles que efectivamente ocorreram.
Eu, por acaso, até esperava que alguém o empurrasse para o Rio Tejo.

Os icunomistas da treta

Ficou hoje definitivamente confirmado aquilo que já muitos suspeitavam: o novo modelo da VolksWagen não vai mesmo ser produzido na Autoeuropa em Palmela. A questão é que a referida unidade fabril necessita de um novo carro para produzir na sua linha de montagem como de pão para a boca.
Ou seja, se as coisas prosseguirem no rumo actual pode muito bem ficar em causa a continuação da laboração de um dos maiores complexos industriais presentes em Portugal, o qual por si só representa cerca de 3% do PIB nacional. T-r-ê-s-p-o-r-c-e-n-t-o!!!! Bye, Bye equilíbrio do défice orçamental em 2008!!!
E isto sem referir que da Autoeuropa depende toda uma miríade de pequenas e médias empresas espalhadas um pouco por todo o Distrito de Setúbal, as quais certamente não sobreviverão ao encerramento da sua razão de existir.
Aos despedimentos em massa que ocorrerão no sector secundário seguir-se-ão os despedimentos no terciário que à sombra do mesmo se estabeleceu. Será uma hecatombe (mais uma) no Distrito de Setúbal.
Ora, o que espanta é que depois das experiências falhadas da Lisnave em Almada e da Quimigal no Barreiro, também elas mega-complexos industriais que iam resolver os problemas daquela região para todo o sempre, os nossos bem-amados e iluminados lideres políticos tivessem voltado a cometer a infantilidade de apostar tudo numa grande fábrica central para solucionar os estruturais problemas do Distrito de Setúbal.
É caso para dizer que cá na Aldeia só temos economistas da treta (Apre, que até me arrepio de lhes reconhecer o título: a partir de hoje chamo-lhes icunomistas!). E se a estes icunomistas da treta juntarmos os políticos da treta que normalmente ganham as eleições, então ficamos como uma aldeia…da treta!

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Manuel Garcia Alegre Pereira

Alguns analistas da política da nossa aldeia já o haviam notado: Manuel Alegre está, ultimamente, mais agressivo na posse, mudou o discurso, resmunga e assume posições de uma arrogância que não lhe é costume. O poeta/lutador, homem de Abril, usa nova verve e o seu habitual enrubescimento assume laivos até aqui desconhecidos. Isso mesmo foi perceptivel no recente anúncio formal, em Águeda, da candidatura desta figura mitica do PS à Presidência da República.
Aldeia Lusitana também reparou na mudança e depois de investigar o facto está, neste momento, em posição de revelar toda a verdade. O homem que recentemente anunciou a candidatura às presidenciais de Fevereiro de 2006 não é Manuel Alegre, é sim Garcia Pereira, mascarado de Manuel Alegre.
O facto vem estampado na folha anual do PCTP/MRPP, “Luta Popular”, publicação interna (leia-se clandestina) do referido partido, impressa nas caves de um edifício abandonado da Voz do Operário, lá para os lados da Praça do Chile. Lê-se, desta forma, nas páginas da referida publicação e, passando a citar:
“O camarada António Garcia Pereira, aproveitando o momento algo confuso da política nacional decidiu, hoje mesmo (estávamos em meados de Setembro), assumir mais uma candidatura de esquerda, contra Mário Soares, Francisco Louça, Jerónimo de Sousa e contra ele próprio. Fundamentando-se no imperativo revolucionário de opor ao candidato de direita, Aníbal Cavaco Silva e desgostoso por Freitas do Amaral não avançar, o camarada Garcia Pereira, assume-se como a único e genuína face das politicas de esquerda. Cansado dos resultados menos positivos de eleições anteriores, o camarada e líder do partido, vai vestir a pele de um pré-candidato bem colocado nas sondagens, Manuel Alegre. Utilizando uma estratégia “cavalo de Tróia”, o camarada António Garcia Pereira auspicia, assim, penetrar na fortaleza dos candidatos elegíveis. Desta forma, é intenção do Comité Central do PCTP/MRPP ultrapassar os bons resultados das eleições presidenciais de 2001, quando a nossa luta atingiu 1,5 % dos votos expressos em urna. Temos, neste momento, a vantagem de uma maior exposição televisiva, propiciada pelas amiúde aparições públicas de Manuel Alegre (entenda-se o camarada Garcia Pereira) suscitadas pela apresentação de novos livros”.
Não o conta a referida folha do PCTP/MRPP mas ao que tudo indica o verdadeiro Manuel Alegre encontra-se desde há duas semanas na Albânia, num Centro de Reeducação Ideológica algures na região montanhosa interior, próximo à fronteira com a Grécia. De acordo com informações recolhidas por Aldeia Lusitana, Manuel Alegre vê-se na obrigação de escrever diariamente um novo título para lançamento em Portugal.
Quanto ao verdadeiro Garcia Pereira, o que se esconde sob a máscara de Manuel Alegre, ninguém lhe nota a falta na campanha, nem mesmo aqueles habituados a verem o sempre eterno candidato a todos os actos eleitorais à porta dos parques industriais devolutos.

Cavaco e Felgueiras

Cavaco Silva abriu a boca perante os jornalistas e cometeu o primeiro erro que um candidato à Presidência da República não deve cometer: comentar decisões judiciais.
Cavaco Silva tem de aprender que um Presidente da República não comenta, em caso algum, decisões judiciais. Um Presidente da República não faz política nem pode ser parcial. Um Presidente da República está numa posição supra partes, dada o facto de ser o garante constitucional da democracia e da legalidade democrática em Portugal, respeitando e fazendo respeitar as regras do Estado de Direito. Entre as quais as da Justiça.
Logo, um candidato também não o pode fazer. Por uma questão de imagem de actuação futura.
O que vale é que toda a gente, tal como Cavaco Silva, ficou estupefacta com a decisão da Juiz de Felgueiras (não engulo a adopção do neologismo "juíza", que nunca existiu) e quase ninguém notou o lapsus calami.

A esquerda presidencial e Manuel Alegre

Na sequência da apresentação da candidatura de Manuel Alegre, José Sócrates declarou publicamente que a referida candidatura não era importante e que Mário Soares iria congregar o voto de toda a esquerda.
Entretanto, Jerónimo de Sousa já veio a público criticar a candidatura de Manuel Alegre.
Pois é. Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades.
De facto, a candidatura de Manuel Alegre veio pôr a nu o arranjo que já se suspeitava existir à esquerda entre os vários candidatos presidenciais dessa área. Com excepção clara do sempre lutador Garcia Pereira.
Não foi inocente a presença de Fernando Rosas na apresentação da candidatura de Mário Soares. Ou a nomeação de Joana Amaral Dias como mandatária para a juventude do mesmo candidato.
Nem seria a primeira vez que Jerónimo de Sousa faria campanha para desistir à boca das urnas a favor de um candidato socialista.
Nunca me subsistiram dúvidas de que os candidatos Jerónimo de Sousa e Francisco Louça iriam aproveitar o dinheiro dos contribuintes para fazer um pouco mais de campanha eleitoral em prol dos seus partidos, sem no entanto irem a votos.
O que denota clara deslealdade para com os cidadãos, tendo em conta que se trata de uma eleição de pessoas e não de partidos.
O que ambos não estavam à espera, decerto, é que surgisse uma candidatura na mesma área política que Mário Soares.
Antes da apresentação de candidatura de Manuel Alegre, a escolha e a justificação para a desistência era óbvia: a eleição presidencial do candidato de esquerda à primeira volta, contra um eventual candidato de direita.
Agora, tal revela-se quase impossível.
Desapareceu a razão essencial para ambos desistirem. E, indo a votos, correm o risco de obterem votações ridículas quando em comparação com os votos obtidos nas anteriores eleições legislativas em representação dos respectivos partidos.
Mas, se desistirem, nunca irão conseguir explicar aos seus potenciais eleitores o motivo de terem de votar em Soares e não em Alegre. Sobretudo quando os media apontam Alegre como possuíndo um pensamento mais à esquerda que Mário Soares.
Quem se deve estar a divertir com isto tudo deve ser Cavaco Silva, lá no seu burgo algarvio.

Mais um mito derrubado

Consegui finalmente compreender porque é que praticamente todos os militares no activo e na reserva têm vindo a protestar contra a realização do programa "Primeira Companhia", da TVI.

É que já toda a gente percebeu que nem a tropa vai conseguir transformar José Castelo Branco num homem.
Lá se vai um dos principais argumentos para o pessoal jovem se alistar.

sábado, 24 de setembro de 2005

Ainda sobre os presindenciáveis...

Então agora o Manuel Alegre diz que é candidato outra vez??!!! Primeiro era, depois deixou de ser e, agora, é outra vez?! Bem, pelo menos ninguém pode dizer que o homem não conseguiu ultrapassar os outros todos numa coisa: incoerência! E olhem que estava difícil bater o Mário Soares no terreno dele...! A aldeia está bem arranjada, está!

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Portugal Sem Memória

Um estudo recentemente publicado num semanário da nossa praça sobre as assimetrias nacionais; veio confirmar aquilo que há muito se sabe: Portugal vive em dois tempos díspares: um, o do país litoral, abençoado pela revigorante e efervescente maresia do desenvolvimento – se bem que muitas vezes apenas aparente - ; o outro, o país deprimido, interior, bafejado por sopros de indiferença.
A nota fez-me pensar em duas ou três coisas, confesso que um tanto desconexas. De qualquer forma arrisco-me a materializa-las nestas linhas.
No nosso país falar do “rural” tornou-se sinónimo de falar de atraso, de desencanto, de desertificação, de inviável. Contudo, neste país que virou as costas ao mundo rural há uma porta aberta para o Portugal perdido, enterrado na memória colectiva, uma porta que se abre com dois uns. Onde encontramos, então, essa porta? Mesmo à mão, no comando da televisão, a caixinha mágica que gera o impulso capaz de nos transportar ao Portugal rural vivo, humano, rico, colorido, repleto de tradição. Perece incrível, mas é a pura verdade. No Portugal da televisão decrépita do início do século XXI, ainda há um canal que nos apresenta o país que rejeitamos e que votámos ao desprezo. Para tal temos, no entanto, que viajar ao mofo do baú televisivo.
Falo da “RTP Memória” e compensa nas nossas andanças diárias pelo éter televisivo determo-nos alguns minutos na dita, resistindo à tentação de premir ascendente, descendente, ou aleatoriamente, o botãozinho de mudança de canal. Compreendo que no oceano das solicitações do audiovisual moderno seja tarefa difícil, mas a recompensa para esta gota de sacrifício é grande. A “RTP Memória” é uma espécie de caixinha perdida no tempo, uma viagem ao Portugal que se encontra guardado nos arquivos da televisão estatal.
Vou esmiuçar: a “RTP Memória” pode ser considerada a ovelha negra dos canais televisivos nacionais, funcionando em contra-ciclo aos demais. Não tem, nem de perto, comparação com a “Sic Gold” que só reforça o atraso televisivo nacional, com a reposição do lixo televisivo com o qual a estação de Carnaxide entope o meio audiovisual há 10 anos. A “RTP Memória” baseia a sua programação numa óbvia vantagem, baseada num dos mais ricos acervos de imagens a nível das televisões europeias. Desta forma, o canal temático da RTP é uma espécie de paradigma de “HG Wells” e da sua máquina do tempo, permitindo um saltinho até ao Portugal que, aparentemente, desapareceu, sublinho “aparentemente”, porque hoje em dia desaparecer dos canais de televisão significa desaparecer dos nossos sentidos, mesmo que, algures, continue pulsante e vivo.
A “RTP Memoria” será, ainda, para muitos – para os desmemorados, para aqueles que o fingem ser ou para os que pura e simplesmente nunca tiveram atributo neuronal - qualquer coisa que se aproxima de uma “Caixa de Pandora” arriscando, para uns soltar recordações, para outros motivo de espanto porque desconhecendo. Uns e outros perceberão um Portugal rural humanizado, vivo, rico, colorido, tradicional.
A “RTP Memória” arrisca-se, assim, a tornar programas tão inofensivos e velhinhos como o “TV Rural” – com o não menos inofensivo Eng. Sousa Veloso - ou “Coisas do Tempo” em poderosas armas de reabilitação da memória, recuperando-a da letargia da programação moderna e recuperando-nos para um imaginário rural que se dissolveu no meio urbano.
Os programas citados exigiam algum esforço e uma atitude contra passividade. Obrigavam-nos a isso porque também eles se faziam com esforço, honestidade e entrega, com poucos recursos técnicos, mas com muitos recursos intelectuais. Os homens – e mulheres, percebiam da matéria e faziam-nos gostar dela, mesmo tratando-se dos problemas da cultura da maçã starting, ou na explicação do cancioneiro transmontano. Portugal reconhecia-se no seu interior, não se envergonhava com a sua cultura tradicional, estimava o campo, estimava as florestas, estimava as suas povoações e as populações.
Não se trata aqui de querer impor o antigo como superlativo do bom, nem de afirmar a televisão como o único meio – porque não pode ser - responsável por termos perdido o Portugal interior. A “RTP Memória” transmite o bom, o menos bom e o mau e, reconheço, que os formatos de televisão evoluem. No entanto, independentemente desta ou daquela forma de se fazer televisão, das justificadas alterações na sociedade, mais plural e diversificada, há no nosso país um património que só com muito esforço tenta subsistir. Esse património é, nem mais nem menos, a nossa identidade cultural, que ao que parece se vê mastigada pelo nosso esquecimento.
Só espero que daqui por 20 ou 30 anos não se lembrem de criar um canal temático sério, género televisão memória, com base na matéria televisiva presente, pois considerando o actual panorama, o melhor que se poderá apresentar é qualquer coisa muito parecida com a “SIC Comédia”.

Cartazes, campanhas e...ideias??!!!


E a rica campanha eleitoral que vai pela nossa aldeia, hein?! Hoje de manhã dei por mim a olhar para os cartazes dos candidatos a Lisboa e veio-me à cabeça as considerações que o meu amigo Marquês fez neste blog há uns dias. Fiquei a matutar naquilo.
Realmente, o que é que o Bloco de Esquerda quer dizer com “Energia Alternativa”?! Será que vão dotar Lisboa de uma central de energia solar?! ou eólica?! Ou nuclear?! Caneco, são todas alternativas ao petróleo!!! Ou estarão a falar da energia dos candidatos?! Serão vegetarianos?! Qual é o motivo para alguém votar no Bloco com aquele “slogan”? Podiam explicar, não é?!
E o candidato do PSD: “Dar a cara por Lisboa”. Então mas não é isso mesmo que se espera de alguém que quer ser Presidente de uma Câmara Municipal? A ideia não é dar a cara – ser a cara – da autarquia?! Então porquê votar em alguém que o mais que consegue prometer é que vai dar a cara pela autarquia? Caramba, isso não só é suposto como também é o maior dever do candidato a Presidente! O tipo não está a dizer nada.
E a candidata do CDS quando fala em “pôr as contas em dia” está a dizer o quê? Que o anterior executivo fez falcatruas, vigarices e cambalachos?! Ou que estiveram muito bem e ela, como é mulher e dona de casa, é a única a conseguir fazer melhor as continhas e trazer mais umas merceariazitas para a dispensa da Câmara no fim de cada mês?! Se for a primeira opção ela não tem coragem de denunciar a coisa e demonstra não conseguir defender os interesses de Lisboa; se for a segunda vamos votar na mulher porque sabe poupar na mercearia?!
Ou será que devemos votar no candidato da CDU por causa do chavão “Trabalho, honestidade, competência”? E que tal Humildade?!! É que eles estão a falar dos próprios!!! Convenhamos que é como estar numa festa a dizer que somos os melhores, os mais inteligentes, os mais fortes! Raios os partam, ninguém gosta de gabarolas. Se apresentassem uma ideiazinhas para variar, ahn? Não há?! Arranjem!!!
E por fim, aquele candidato do PS…”Táxis Sociais para os Idosos”! Quantos, com que dinheiro, para que idosos, com que frequência, em que situações??? Demagogia barata para levar os votos de uma população envelhecida, hein, senhor candidato?
Depois admiram-se de cada vez mais malta não votar.

"Filma, Filma, Filma!"

Graças a José Maria Martins e à TVI, Portugal pôde ontem assistir à desesperada luta de um pequeno candidato presidencial contra os grandes poderes instituídos. Numa pequena empresa de estafetas.
O facto é que um candidato presidencial tem de começar por algum lado e nada nos diz que o episódio de ontem, embora relativo ao processo Casa Pia, não represente para José Maria Martins o que a Marinha Grande representou para Mário Soares em 1986. Garcia Pereira devia estar mais atento a estas coisas e tentar levar uns tabefes de uns populares num sítio qualquer (aconselho vivamente as manifestações do PNR).

Promessa cumprida

Já não era sem tempo! O Governo de José Sócrates cumpriu uma promessa efectuada nos tempos em que era oposição: tirar os polícias das secretarias e colocá-los na rua. E, segundo os números mais elevados que foram referidos, seriam cerca de 7 ou 8 mil. Como não há bela sem senão, o Governo colocou-os a todos na mesma rua simultaneamente. Em clara vigilância aos portões do Ministério da Administração Interna num determinado momento, e da residência oficial do Presidente da República posteriormente. Está visto que Portugal continua a ser um país em que só os mais poderosos são privilegiados.

A troca

Fátima Felgueiras veio do Brasil para Portugal por causa da campanha autárquica. Mário Soares foi para o Brasil por causa da campanha autárquica. É o que eles dizem.
Sinceramente, ainda não consegui perceber se ficámos a perder ou a ganhar com a troca de personagens. Já quanto aos brasileiros, parece existir um manifesto descontentamento por parte dos cabeleireiros, dada a clara descida dos lucros com a vinda de Fátima Felgueiras para Portugal.

"Talvez nos copos com umas lusitanas?"

Candidato do PSD à Câmara de Caminha foi espancado ontem à noite por desconhecidos. A Polícia Judiciária já anda a indagar do paradeiro do nosso Viriato à hora do crime.

A afonia de Jorge Coelho

Ao que consta, Jorge Coelho estará afónico há cerca de 3 dias. Tal como ele, muitas outras pessoas ligadas às altas esferas do PS sofrem do mesmo mal desde o regresso de Fátima Felgueiras.

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Regime presidencialista ou monárquico

Aproveitando este período de pré-campanha autárquica, referendária abortativa e presidencial, lembrei-me de actualizar uma lista que faço de 5 em 5 anos relativamente às diferentes vantagens de ter um Presidente ou um Rei como chefe de Estado na democracia portuguesa.
Actualizando, então:
Vantagens de ter um Presidente e não um Rei:
- Não se tem de aturar o mesmo sujeito a mandar uma vida inteira;
- Pode-se escolher para Chefe de Estado uma pessoa que perceba alguma coisa do que tem que fazer;
- Os filhos não herdam o poder, o que é bom tendo em conta o que habitualmente se diz sobre o grau de inteligência saltar geneticamente uma geração;
- Não existe a possibilidade de uma guerra civil em Portugal entre D. Duarte Pio e o Nuno da Câmara Pereira pela ocupação do trono.
Vantagens de ter um Rei e não um Presidente:
- Não temos de arranjar tempo para ir votar a um domingo entre actividades subjectivamente mais proveitosas;
- Não existem tempos de antena na TV, de 5 em 5 anos, sobre uma data de sujeitos que nada mais fazem do que auto-elogiar-se ou falar mal dos demais;
- A imprensa passava a publicar notícias em vez de especular sobre a existência de candidaturas presidenciais cerca de 3 anos antes da realização das eleições propriamente ditas (lembram-se de Santana Lopes?);
- Passávamos a ter um Chefe de Estado com bigode, o que nunca sucedeu no pós-25 de Abril;
- A Isabel de Herédia é mais sexy que qualquer das candidatas a Primeira-Dama;
- Auxiliava à diminuição do défice público, uma vez que o Rei possuirá bens próprios e o Estado não teria de lhe pagar salário mensal, mas tão somente os subsídios de alimentação e de deslocação relativos aos contactos com Reinos distantes (que também já são pagas ao Presidente).
Resultado total: Rei 6 – Presidente 4.
Espero que a campanha eleitoral que se segue consiga demonstrar a necessidade da existência da figura do Presidente e recuperar a posição deste último na lista supra.
Ou isso ou um dos candidatos presidenciais vai ter de explicar porque não podemos ter uma democracia monárquica como a inglesa.
Pelo menos a Caras e a Lux tinham assunto sobre pessoas com relevância social. Se os dois filhos de Carlos e Diana já fazem o que fazem, imaginem o que os três filhos de D. Duarte podem conseguir fazer, sobretudo quando nos lembramos que são portugueses de gema.

Os Lusitanos e os Semáforos

Já vou ficando irritado com o constante desprezo que o Lusitano médio demonstra em relação a tudo o que seja um pouco de ordem e respeito pelo próximo. Desta vez, andando por Lisboa, ia sendo atropelado quando candidamente passava numa passadeira para peões da Rua da Prata, com o sinal verde para os peões e vermelho para os automobilistas.
Claro que a Senhora condutora que protagonizou a coisa nem sequer se apercebeu que ia atropelando alguém, tão distraída ia a passar o vermelho para – imagine-se – ficar parada na fila de trânsito que ficava cerca de 5 metros mais à frente. Serviu-lhe de muito cometer uma contra-ordenação muito grave e quase atropelar um peão!
O mais chato é todos sabermos que esta situação é recorrente e se vê um pouco por todo o lado, quando não são os automobilistas a desrespeitar o vermelho são os peões a atravessar fora das passadeiras, sem que ninguém ponha travão a tal caos. Porquê, com mil raios??!!! Seremos ainda os mesmos selvagens do século XX??!!! Mas é que não mudou nada, se é que não piorou??!!
A minha proposta é: vamos respeitar os semáforos e, mais do que isso, quando assistirmos a alguém que passe num vermelho, automobilista ou peão, vamos chamar-lhe à atenção com um sonoro berro: NÃO TÁ A VER O VERMERMELHO?!!É CEGUINHO??!!!
Pode ser que ganhem vergonha!!

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

Academia italiana

Em Milão vai abrir uma Academia destinada à formação de pornodivas. Dizem os mentores da ideia que querem acabar com o amadorismo em que a produção de filmes porno estará a cair.
Se a ideia é acabar com os amadorismos e trazer a verdadeira arte da pornografia ao cimo, sugiro que enviemos o nome de Manuel de Oliveira como um bom formador cinematográfico para a Academia. Cinematografia pornográfica com duração superior a 3 horas e com monólogos/ diálogos cantados ou versejados durante o acto sexual certamente teria mais espectadores que o "normal" cinema português.

A verdadeira razão de estarmos em período de seca

Ninguém consegue explicar porque estamos em período de seca. Eu consigo.
Como sempre, a culpa é do Governo. Deste e do anterior.
Tudo começou quando um iluminado ligado à classe empresarial e negocial de construção e venda de habitações turísticas viu a luz. Passando as férias junto à Barragem de Montargil, apercebeu-se subitamente das potencialidades dos solos existentes por baixo da água. Ou seja, do fundo.
Pese embora a artificialidade da coisa, o tempo que a água ali tinha estado potenciava, quando esvaziada integralmente a barragem, uma natural fertilização e elevado crescimento da relva de campos de golfe que ali fossem instalados. Além da forte possibilidade da formação de piscinas naturais resultantes de água que entretanto se havia acumulado muito além do fundo existente e que, quando escavado o solo, poderia surgir à superfície sem esforço de maior.
Nasceu, assim, a ideia da construção de resorts turísticos, com campos de golfe, em barragens que fossem sendo desactivadas.
O tal iluminado compartilhou a sua ideia com o círculo de sócios e investidores mais próximos, ideia essa que foi recebida com claro agrado. Mas depararam-se com um pequeno problema: não existiam notícias de, a curto e a médio prazo, ser desactivada qualquer barragem em território nacional.
Fez-se então o que se costuma fazer nestas ocasiões: telefonar para um membro conhecido do Governo para que o mesmo diligenciasse pelo "progresso de Portugal" e "pela criação de novos postos de trabalho".
Reuniram-se alguns elementos intermediários e mais obscuros ligados ao Governo e os representantes da empresa imobiliária construtora e acordaram que, por contrapartidas por nós desconhecidas, seriam esvaziadas as barragens do território nacional e dado o direito de preferência à empresa em apreço para as aludidas construções.
A fim de não dar muito nas vistas, foi ainda acordado que, primeiramente, se procederia ao esvaziamento das barragens, após o que, atenta a sua inutilidade, seriam "cedidas" a terceiros para outros fins mais proveitosos para o interesse público e para o desenvolvimento da economia portuguesa.
Colocou-se então um pequeno problema: como esvaziar as barragens e atestar a sua inutilidade de forma natural? Respondeu um elemento da mesa ligado ao Governo e mais próximo da Igreja para o pessoal não se preocupar quanto a isso, que desse assunto tratava ele.
E assim foi. No dia seguinte, uma comitiva liderada pelo tal elemento da mesa, e unicamente composta pelo próprio, solicitou perante S. Pedro uma entrevista com vista à definição de uma situação com "sério interesse e benefício para o próprio", o que lhe foi concedida.
No encontro realizado, foi proposto a S. Pedro que deixasse o território nacional à míngua de água até que as barragens esvaziassem. As negociações foram duras, mas S. Pedro concordou com o que lhe foi proposto mediante as seguintes contrapartidas: entrega de um barco de arrastão português com três anos entretanto mandado abater na sequência do 17.º quadro comunitário de apoio ao abate de barcos de pesca (os pescadores, mesmo santos, têm destas exigências absurdas) e a construção de uma piscina com jacuzzi na sua vivenda ao lado dos portões do Paraíso.
Entretanto, no Governo PSD/CDS, uma pessoa completamente honesta, o Ministro do Ambiente, Nobre Guedes, apercebe-se do que se passa e tenta avisar a opinião pública. Lembram-se do homem ter dito, em Setembro de 2004, que o ano seguinte ia ser de seca? Pois foi, ninguém ligou. Apercebendo-se dos perigos que corriam, os envolvidos no caso da seca inventaram a notícia sobre a casa de Nobre Guedes na Arrábida e assim fizeram-no calar-se quanto ao assunto e concentrar-se em defender a sua honra perante a opinião pública. Para o calarem definitivamente, inventaram o caso de Benavente.
Entretanto, no céu, a água foi-se acumulando na grande barragem destinada a guardar a água que deveria cair em Portugal ao longo do ano. Para quem não saiba, no céu existem várias barragens, cada uma delas correspondente a cada um dos países existentes, e onde é guardada a água evaporada que é destinada a cair em cada um deles na respectiva proporção da evaporação.
Tanto tempo decorrido, a água iria começar a deitar por fora na barragem portuguesa e a Judiciária lá do sítio, constituída pelos Arcanjos, era capaz de começar a desconfiar do que estava a suceder.
Foi assim que S. Pedro fez o que toda a gente faz quando há líquidos proibidos a mais e não se sabe o que fazer com eles: descargas clandestinas.
Duas. Com a particular preocupação de serem efectuadas longe do local natural de destino.
A primeira descarga clandestina deu-se no final de Dezembro de 2004, no Indico. Ninguém deu por nada lá na Malásia, na Tailândia e na Indonésia, com excepção de umas quantas pessoas que tiveram as suas casas destruídas por umas ondazitas elevadas.
Ninguém soube de onde veio a água, mas também ninguém se importou muito com isso.
E como delinquente que passa impune à primeira normalmente reincide, S. Pedro não foi excepção. Quando a barragem encheu pela segunda vez, operou a segunda descarga clandestina.
Desta vez no sueste dos Estados Unidos, junto ao Mississipi, há umas semanas, aproveitando um furacão que por ali passava. Como sempre, o pessoal cá de baixo culpou-se reciprocamente, não se lembrando de se questionar de onde carga de água tinha vindo aquela carga de água, que não estava na quota "angelical" de água dos Estados Unidos.
E nós por cá continuamos sem pinga.
E assim vamos ficar, esperando a terceira descarga clandestina, lá mais para o final do ano.
Entretanto, parece que o Governo socialista já começou a preparar a fase de transição da desmontagem das barragens para construção dos resorts e nomeou um novo administrador para o Alqueva que, como é óbvio, de barragens e de administração de recursos hídricos nada percebe.
Para quando os campos de golfe?

Fátima Felgueiras detida a pedido no Aeroporto de Lisboa

Parece que a Associação de Cabeleireiros Brasileiros havia contratado a mafia brasileira para cobrar de forma gentil as dívidas acumuladas pela Fátima Felgueiras nos estabelecimentos dos seus associados nos últimos seis meses.

terça-feira, 20 de setembro de 2005

Os militares não podem manifestar-se na rua

Assim entende o Governo da República, estribado na constituição e na lei, em toda a sua inatacável postura e razão de Estado.
E, em teoria, entende muito bem! Os militares têm de mostrar que são um corpo disciplinado, com uma hierarquia rígida e subordinada ao poder civil democraticamente eleito e à lei que do mesmo emana.
Mas, eventualmente, não nos podemos esquecer das grandes questões ora levantadas:
- Quais as causas que levam os militares a estarem tão descontentes?
- Terão porventura razão nas suas reivindicações?
- Conseguirão fazer-se ouvir de outro modo? Qual?
Para os mais esquecidos e para aqueles que não ligam à história gostaria somente de lembrar que, na prática, as grandes rupturas ocorridas em Portugal nos últimos 100 anos foram sempre protagonizadas e/ou apoiadas por militares descontentes. Somente a titulo de exemplo, poderia referir o 05 de Outubro de 1910, o 28 de Maio de 1926 e, imagine-se, o 25 de Abril de 1974.
Será mesmo boa ideia não ouvir os homens??!!!

Alves nota:
Portugal, como é sabido, é país de vinhos e de grandes apreciadores dos mesmos. Portugal também é um país a votos e, ao que parece, de acordo com a última edição do jornal “Expresso”, um país de votos etílicos. Passo a explicar: a candidata do PSD/CDS-PP à Câmara Municipal de Nelas, Isaura Pedro, não foi de meias medidas e estampou a sua fotografia em rótulos de garrafas de vinho, acrescentando-lhe, sem poucas vaidades, que o produto é “a melhor colheita de 2005”.
Inspirado por tão original iniciativa deixo uma singela sugestão: Porque é que, ao invés de estampar a cara dos candidatos nos rótulos das garrafas, não se passa a engarrafar os próprios. Estou em crer que também nestes as reacções químicas que se processam no vinho os irão melhorar volvidos uns longos anos. Vejo, num futuro distante, em auspiciosas eleições autárquicas um brinde eleitoral com um “Felgueiras Colheita 2005”, com um “Santana Reserva Verde”, ou um “Isaltino Vintage”. Sem dúvida o estágio produziria autarcas de grande qualidade e, quem sabe, produto para exportação. Não se deixe, contudo, o vinho muito tempo ao ar pois, por certo depressa azeda.

Marketing político


Normalmente, um sujeito apenas repara nos outdoors quando se encontra parado, no interior de um veículo, junto a um semáforo com o sinal vermelho.
Ontem mais uma vez isso sucedeu e pude olhar com melhor atenção para três outdoors.
O primeiro tinha uma fotografia enorme de José Ribeiro e Castro, com o logotipo do CDS-PP convertido num coração, e com os dizeres De Novo do Seu Lado.
Estas cinco curtas palavras levam-nos a várias conclusões lógicas.
A primeira é a de que o CDS-PP está de novo do nosso lado, seja lá o que isso for. Presumo que a referência seja partidária e não directa à figura do líder, já que não me recordo de alguma vez Ribeiro e Castro ter estado alguma vez do meu lado. Esteve, talvez, ao lado de alguns benfiquistas que apoiaram e votaram João Vale e Azevedo noutras batalhas distantes do campo ideológico e partidário.
A segunda conclusão é a de que, antes, o CDS-PP não estava do nosso lado.
Ora, aqui o momento imediatamente anterior à entrada em cena de José Ribeiro e Castro é a fase em que o CDS-PP esteve no Governo.
Ou seja, enquanto poder, o CDS-PP não esteve do lado dos portugueses (o que até já sabíamos, mas o próprio partido dizê-lo assim tão clara e publicamente através da figura do líder...).
A terceira conclusão lógica e sequencial é a de que o próprio partido considera que Paulo Portas não estava ao lado dos portugueses.
O que nos leva à pergunta óbvia: depois deste outdoor, o Paulo e o Zé ainda se falam?
O segundo outdoor possuía conteúdo ali aposto pelo Bloco de Esquerda, com os dizeres Bloco – Energia Alternativa.
Este slogan pode conter duas leituras possíveis, a meu ver.
A primeira prende-se com a actual crise energética emergente do sucessivo aumento do preço do crude, disponibilizando-se o pessoal do Bloco de Esquerda, publicamente e para o pessoal parado nos semáforos, a substituir os actuais combustíveis.
Eu não me importava de ter o pessoal do Bloco a empurrar-me o veículo, mediante um pagamento inferior ao preço actual do combustível. Ou de ter a Ana Drago acoplada ao meu fogão enquanto substituta da minha garrafa de gás butano. Todavia, duvido da eficácia e dos resultados de tais energias alternativas, embora quiçá mais baratas.
A outra leitura possível poderá estar relacionada com o lançamento, pelo Bloco de Esquerda, da ideia de um referendo sobre a descriminalização da venda e cedência de drogas leves, apresentando-se o haxixe e a liamba como possíveis energias alternativas para que a população portuguesa ganhe motivação e mais energia para enfrentar as diatribes diárias dos nossos políticos.
Fico a aguardar com ansiedade melhores desenvolvimentos futuros deste cartaz.
O terceiro outdoor pertencia ao PS e, com tanta coisa genérica que ali dizia, apenas me ficou na memória o último PS – Para Um Futuro Melhor.
Honra lhes seja feita, os sujeitos não escondem ao que vão. Se queres um futuro melhor, filia-te no PS. Aliás, as únicas pessoas que não tenho visto se queixarem do actual Governo são filiadas no PS. Talvez motivadas pelo melhor presente.
Finalmente apareceu a luz verde no semáforo.
Fico à espera de apanhar com o vermelho em algum lado onde existam outdoors do PSD e da CDU.

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Links

Aproveitei que o Viriato ainda está a recuperar da última vitória vermelha de ontem à noite e já meti alguns links aqui ao lado. Os demais virão a seu tempo. Início a lista com os que considero serem os melhores da sua área (política, erotismo e desporto).

Os mini-presidenciáveis


José Maria Martins apresentou há alguns dias a sua candidatura à presidência da República.
Garcia Pereira também.
Continuamos a aguardar com ansiedade que Manuel João (ex-Ena Pá 2000 e actual Licor Beirão) decida-se a acabar com o seu tabu e avance de uma vez.

As Tabernas


O post da companhia do Alves sobre as mercearias de bairro, mais do que me fazer recordar as fabulosas fotonovelas que vinham na "Crónica Feminina", trouxe-me à memória os mais famosos pontos de encontro existentes nos bairros nos anos 70: as tabernas.
Nos anos 70, os bairros não eram ocupados por 4, 5, 6 ou 7 cafés, como hoje, mas sim por 4, 5, 6 ou 7 tabernas.
Antepassados históricos dos actuais estabelecimentos de cafetaria, as tabernas representavam claramente a nossa sociedade no período temporal em apreço.
Constituíam o grande reduto do macho português. As únicas mulheres admitidas eram as mulheres do taberneiro, as quais, na maioria das situações, deixavam muito a desejar à beleza, parecendo muitas vezes mais homens que os próprios maridos. Inclusive no temperamento.
Homem que tivesse o azar de ter a sua mulher a ir buscá-lo à taberna mais valia não por lá os pés durante um período considerável, a não ser que a mulher aparecesse publicamente no dia seguinte exibindo algumas nódoas negras.
Não existiam homossexuais no local ou quem demonstrasse tal comportamento. A taberna não era lugar para homens que gostassem de bricolage, moda e decoração. Ali só havia malta que gostava de futebol, fados, Fátima, de jogar às cartas e de beber uns bons copos de vinho e umas minis. Todos os homens eram casados. As raras excepções frequentavam, com assiduidade e publicamente, as denominadas "casas de putas".
Quase nenhum cliente tinha carro. Um ou outro mais abastado tinha uma "Casal 77", uma "Zundapp" ou uma "SIS Sach". Saiam sempre da taberna com as motas aos ziguezagues. Mas também era um tempo em que quase não havia risco de acidente dado o baixo número de veículos automóveis existentes e o facto dos peões ouvirem o barulho das motas a aproximarem-se a quilómetros de distância dado o barulho semelhante ao de um avião que na altura aqueles veículos faziam.
Era também um ponto de encontro dos miúdos do bairro à hora do almoço. Todos nós éramos enviados pelos respectivos progenitores para irmos buscar um litro de vinho tinto ou branco para o almoço e jantar dos respectivos. Encontrávamo-nos normalmente nas fases em que uns iam e outros vinham, e aí combinavam-se a maior parte dos jogos de rua para mais tarde com os demais. Alguns de nós que avistavam os pais nas tabernas faziam o possível por convencê-los a pagarem-nos uma "Sumol". Era o tempo da colecção de caricas do Tintin e do Spirou que vinham nas garrafas da "Sumol" laranja e ananás. Do "Laranjina C" com a garrafa em forma de pêra e das gasosas adocicadas mas com pouco gás.
Era o tempo em que ao entrarmos numa taberna pensávamos que aquilo deveria ser como num barco rabelo: viam-se pipas por todo o lado. O cheiro era característico. Só existiam dois odores possíveis numa taberna: o cheiro a vinho branco ou o cheiro a vinho tinto.
Não existiam os consumos obrigatórios. Era um local de encontro com os amigos, em que o homem chegava, sentava-se e conversava com os presentes, todos conhecidos. Procediam-se a duradouros jogos de sueca sem qualquer tipo de apostas, alguns dos quais terminavam em sarrabulho, com copos e cabeças partidas, mas em que não existiam riscos da P.S.P. ali irromper para prender o pessoal por jogo ilegal. Os meios copos de vinho e as minis sucediam-se sem qualquer pressão e ao longo do tempo. Era também o tempo em que se podiam levar petiscos de casa para comer com os amigos, sem que o dono do estabelecimento fizesse cara feia pela despesa não feita. A despesa vinha sempre mais tarde para as bebidas de acompanhamento. Os domingos eram dias reis nas tabernas, dia da semana em que os homens se juntavam todos na taberna de tarde para ouvir os relatos futebolísticos da RDP, da Renascença ou da Comercial. Era o tempo em que não existia TSF e a Comercial ainda se dedicava a estas coisas.
Era também o tempo em que uma taberna que não conseguisse atrair os homens utilizava outro chamariz típico para a produção de lucros: quem não se lembra das mesas de matraquilhos com cheiro de madeira velha e com paredes e ferros grossos, em que os bonecos pesavam como chumbo.
Era também um tempo em que o sofrimento começava mais cedo para a maior parte das mulheres casadas. Uma taberna fechava às 8, máximo 9 horas da noite, altura em que o homem chegava completamente embriagado a casa e começava a distribuir pancada por tudo o que respirasse à sua frente. Com o desaparecimento das tabernas e o avanço das horas de encerramento dos cafés pela noite adentro, também os hábitos horários dos portugueses e sobretudo das portuguesas tiveram de se adaptar a essa circunstância. A evolução civilizacional permite algumas mudanças, mas, infelizmente, relativamente a algumas situações os comportamentos nunca mudam.
Os tempos mudaram. E as tabernas com eles. Avançaram para snack-bars. Depois para cafés /pastelarias. Outros já são restaurantes. Deixou de se ouvir os relatos ao domingo e passou-se a ver a bola na Sport TV. A sueca passou a ser jogada nos jardins. E o mais triste para mim é mesmo o facto de terem deixado de existir colecções de caricas.
Curiosamente, a culpa disto é da mulher e da sua emancipação. A taberna nunca foi um local destinado às mulheres. E, assim, a sociedade viu-se obrigada a criar um novo espaço para o convívio das mesmas e forçou os seus elementos a adaptar-se a esse novo estado. Os comerciantes viram o que tinham a ver. O macho português viu-se obrigado a viver em cativeiro para agradar à sociedade e deixou de ter o seu reduto próprio. O que talvez o tenha tornado mais violento. Mas isso já seria matéria para outro comentário.
Todavia, tendo em conta o que tenho visto ultimamente, ainda guardo uma réstia de esperança de que o Zézé Camarinha abra uma taberna em Portimão. E que convença a "Olá" a pôr cromos do Tintin e do Spirou nas tampas dos cornetos.

sábado, 17 de setembro de 2005

Delírio de uma noite de Verão
(que me perdoe o reverendíssimo W. S. por colocar o seu talento ao serviço do titulo acima, que pouco deve, desta forma, à imaginação).


“Portugal - Come and Burn
Agora que oficialmente se aproxima do fim a época de fogos, Aldeia Lusitana soube a partir de fonte próxima ao gabinete de José Sócrates que para 2006 o período critico de incêndios terá um novo enquadramento, quer na forma, quer na prática. Há, de acordo com a fonte, que prefere manter confidencialidade, “um certo mal-estar no seio do Executivo, face aos maus resultados apresentados pela época de fogos em 2005”. Isso mesmo deixa transparecer o recente comunicado que resulta da última reunião de Conselho de Ministros. Lê-se, desta forma, no referido documento: “Portugal ficou em 2005, no que respeita a área ardida, embora melhor do que 2004, muito aquém de 2003. Mesmo os últimos resultados apresentados pela Direcção Geral dos Recursos Florestais, dando conta de mais de 260 mil hectares consumidos pelas chamas, colocam-nos muito abaixo das nossas previsões mais optimistas”.
O referido comunicado acrescenta, ainda, que “não se compreende como em ano de seca extrema Portugal não arda mais. Este é, sem dúvida um problema estrutural, de evidente descoordenação de meios e falta de formação. Não basta o Anticiclone dos Açores manter a sua posição atípica no Atlântico Norte, é preciso que os portugueses saibam tirar mais valia desta situação ”.
Embora as propostas estejam ainda na forja, Aldeia Lusitana está, neste momento, em condições de publicar, em primeira-mão, algumas das medidas que a equipa do Primeiro-Ministro prepara para 2006.

- Passará a existir um sistema de quotas para área ardida, a estabelecer com as autarquias, numa relação proporcional à área florestal de cada município. Desta forma fica assegurado à partida o mapa dos incêndios, documento que a partir de Fevereiro de cada ano será do conhecimento das populações.

- A transmissão televisiva dos incêndios será negociada antes do início da época com cada um dos operadores. Os patrocínios são da responsabilidade de cada um dos canais podendo, eventualmente, recorrer ao aluguer de meios aéreos para o lançamento de folhetos publicitários. .

- Será extinto o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, convertido numa Força Nacional de Esforço Incendiário.

- A época de incêndios passa a ser coordenada pelo Ministério da Economia e Inovação/Secretaria de Estado do Turismo que, em conjunto com o ICEP, Regiões de Turismo, entre outras entidades, farão a sua promoção turística dentro e fora do país sob o lema “Portugal, Come and Burn

- Será criado o estatuto de incendiário profissional, carreira enquadrada e reconhecida socialmente.

- Em áreas já queimadas decorrerão estágios de formação para futuros incendiários. O governo empenha-se em facultar a futuras gerações de incendiários todas as condições para progressão na carreira.

- Passarão a existir novas modalidades de incêndio, nomeadamente em parques e jardins urbanos. O governo pretende, desta forma, empenhar e incentivar a participação das populações citadinas no esforço colectivo dos incêndios.

- Abertura de linhas de crédito e de apoio a empresas que apostem na pirotecnia com fins incendiários.


De acordo com a já referida fonte confidencial e, acreditando nos cálculos apresentados pelo Ministério da Economia, estima-se que até 2011 a industria dos incêndios contribua com 3 a 4% Para o PIB nacional.

Post Scriptum – Pelo caminho que isto leva não me admira que certo dia o imbecil delírio das linhas acima se torne realidade. Portugal só abre os olhos para os incêndios através do óculo televisivo, enfrentando-o com uma leveza de efeito cinematográfico. A diferença está na forma como se rumina: frente ao grande ecrã mastiga-se a pipoca, em casa abrimos a boca ao lixo regurgitado pela mãezinha televisão.
Portugal arde e a culpa é de todos os portugueses: daqueles que ateiam e dos outros que não exigem. Um país sem uma opinião pública forte, esclarecida e de intervenção é um país condenado. Em Portugal a opinião pública mantém-se no seu ninho, fraca, batendo as asinhas, aguardando que a grande passaroca Estado lhe regurgite para a boca a matéria já digerida. Não se exige, não se culpa, não se pune. Cai o pano sobre a época de incêndios, as luzes voltam-se para os assuntos mesquinhos do pequeno burgo e nós continuamos de olhos fechados. Voltamo-nos na cama, aconchegamos a almofada, resmungamos levemente e continuamos a dormir. Pode ser que um dia os lençóis nos ardam.

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

Alves o feminista
Não me sentia assim desde os idos de 90 do século passado, quando na minha tenra idade sentia a miúda ansiedade do primeiro dia de aulas. Hoje, aqui onde me tenho, frente ao computador, prende-me estado semelhante: a moinha na boca do estômago, garganta seca, mãos trémulas e um tanto ou quanto sudadas. A razão que assim me têm hoje é, tal como nos meus púberes anos lectivos, a premência de me afirmar, de não deixar escapar aquele momento exacto que, para o resto do ano, ou abria a porta da promissora admiração dos colegas ou, pelo contrário, sugava para a chacota diária. No meu caso, como anátema, esperava-me irremediavelmente um ano de tormento.
Por isso o peso desta responsabilidade. Para mim “Aldeia Lusitana” é o recreio do liceu no primeiro dia, a oportunidade de expurgar todos os encontrões, alcunhas, de chegar e esboçar qualquer coisa de interessante, evitando que as primeiras linhas não se abatam sobre mim como uma laje, vendo-me sobre sete palmos de terra antes mesmo de nascer.
Há contudo, tal como outrora, o bloqueio do início, qualquer coisa como procurar minhocas debaixo da pedra. Depois de 20 minutos a levantar neurónios em busca da inspiração, aquilo que encontro sob as pedras da minha memória sorrindo para mim é o Sr. Alves da mercearia e as páginas da “Crónica Feminina”. Os dois juntos; o que me obriga ao esforço adicional de os encaixar neste apontamento. Passo a explicar.
Comecemos pela revista “Crónica Feminina” (CF), já desaparecida, a única publicação a que durante mais de 30 anos, no charco do Portugalzito do antigo regime, as mulheres tinham direito. A “Crónica Feminina” dobrou o cabo da Revolução, sem emborcar, modernizou-se, ganhou alguma cor, mantendo o pequeno formato, as páginas dedicadas aos bordados e às fotos do “Bebé do Ano”. Contudo, com os cravos – calharia melhor as rosas - a CF ganhou, também, alguns espinhos cravando-os em velhos hábitos, ajudando a emancipar, esclarecendo e abrindo às mulheres um mundo novo. A mulher já não era, então, apenas predicado associado ao lar, mas também ao mundo laboral, à participação social.
A CF foi, também, para mim, numa idade em que apenas chegava com o queixo ao balcão da mercearia, o primeiro contacto com o fascínio do feminino. Neste ponto entra, então, o Sr. Alves. Perdoe-me a figura por o vir, agora, tirar do seu descanso no além, subtraindo-o à sua mercearia de bairro e o intrometer nesta teia do virtual. O Sr. Alves era uma figura esguia, seca, de tez hirta, modos plácidos e certeiros. No Sr. Alves não havia um gesto desnecessário e na mercearia que geria, sozinho, tudo era organização e, até mesmo os cheiros se arrumavam. Num canto era o aroma fresco a hortelã, num outro, o aroma seco do grão e do feijão, noutro ainda o alumínio das antigas latas de café, com o odor a grão moído a insinuar-se timidamente. A mercearia do Sr. Alves foi, para mim, o primeiro destino para incursões solitárias fora de casa; a fonte do primeiro aforro, com os trocos encaixados num mealheiro e, como disse, o primeiro contacto com o “eterno feminino” - esta expressão irrita-me.
Sem o saber o Sr. Alves formava e informava em muitos lares. Sobre o balcão lá estavam, sempre, dois ou três exemplares da CF desfolhados; sim porque o Sr. Alves, longe das modernices do packaging, como hoje pomposamente se chama ao “empacotar”, arrancava com gesto certeiro uma folha à CF, formava-lhe um cone e ali despejava o feijão, o grão, as lentilhas. Assim fazia o Sr. Alves o pacote, assim o desfazia eu, em casa, lendo as últimas do mundo das mulheres e vendo que também eram lidas pela minha mãe, pelo meu pai e, pela septuagenária avó – neste caso uma leitura de soslaio. Assim era na casa onde eu vivia e, por certo, na casa em baixo, ao lado e acima porque no bairro dos setenta do século XX, a mercearia do Sr. Alves era uma instituição e ponto de encontro incontornável. Nunca soube se o Sr. Alves lia a CF, mas sei que era, sem dúvida, um dos seus melhores divulgadores.
Perdoem-me os meus caros parceiros bloguistas da “aldeia lusitana”, estas reminiscências de infância. Perdoem-me todos os que tropeçando neste cantinho à beira rede alojado deram com isto. Como já perceberam pouco tenho para dizer o que, neste caso, nem me deixa muito mal pois, parece-me condição primeira para escrevinhar num blog,
Depois destas linhas sinto-me como no primeiro dia de escola: chegar a casa, descontar ao calendário um dia com a certeza de um longo e penoso ano pela frente.

O Chefe da Companhia e o barro

Penso que já perceberam, por esta altura, porque é que o chefe da aldeia escolheu o nome que escolheu. É bárbaro, tem a mania que manda, e é perigoso. E sobretudo precipitado. O passe social não irá findar. Quando muito, e futebolisticamente falando, tem um contrato de duração por um ano, com opção de compra por outro ano dependendo da opinião da massa associativa sobre o jogador. Há que transmitir a sensação exterior de que as coisas não são infinitas. Incluindo o passe social e o kit novo sócio do Benfica.
Falando mais a sério, parece-me mais uma largada de barro em direcção à opinião pública para ver se o material pega, na utilização de uma táctica em que este Governo já se tornou useiro e vezeiro. O Governo anterior fazia o mesmo. A diferença é que era maior o número de comentadores que demonstravam a utilização da táctica.



O PASSE SOCIAL E OS PALHAÇOS
Hoje de manhã abri o jornal e fui presenteado com a agradável noticia de que iriamos todos beneficiar do passe social por mais um ano. Garantido, seus sortudos, têm o passezinho durante mais um ano inteirinho! Depois?! Bem, depois o governo (este ou o próximo) logo vê. Depende do preço do "petroil", depende de saber se o "Bush" das américas rebenta com mais algum pais ou se o "Bin" das arábias resolve lançar uns desgraçados duns zoombies contra alvos estratégicos...depende de muita coisa, mas não preocupem as vossas cabecinhas com isso que até vos pode fazer mal. O que interessa é que têm passezinho, meus lindos meninos e meninas: podem ir descansadinhos botar o votito nas autárquicas e, depois, até podem ir todos passear de camioneta com a familia...vão até ao shoping, comam um geladito, divirtam-se, vivam a vida...! Seus 'gandas' malucos, no shoping a comer um geladito, hein?!, uma vida assim também o "prémiere" queria, coitado, sempre a trabalhar para vocemecês andarem a gozar o passezito.
É caso para dizer que o passezito social é um grande previlégio do povo português, comunidade já de si naturalmente bafejada pela sorte. Vejam bem: não pagam o ar que respiram (por enquanto, mas quase seguramente durante mais um ano); pagam um preço justo e razoável pela água que bebem (sim, pois, a água devia ser de todos e não é vendida lá muito barata, mas...se não fossem aqueles a ganhar dinheiro eram outros e...bem, não preocupem as vossas cabecinhas com isso; a água até é fresquinha e tudo); e até têm passe social garantido por mais um ano (ahn?!, podem ir de transporte público para o trabalho; é pouco bom, é! Se não fosse o governo tinham de gastar o ordenado todo em bilhetes, seus manganões).
O que é que V.Exas. querem mais? Vai uns palhacitos para animar a viagem??!!! Vamos já espalhar cartazes com palhaços por todo o lado!
Seus gandas manganões, pá!

O longo braço da justiça...

É impressão minha ou ainda faltam ouvir 899 testemunhas no processo Casa Pia?
Sugiro fortemente à Betandwin que, se o negócio da Liga de Futebol for inviabilizado judicialmente, comece a pensar em patrocinar jogos de apostas relacionados com o tempo de inquirição das testemunhas por cada um dos Advogados, que já parecem ter-se espalhado pelos meios mais próximos do local da realização da audiência.

Gama aceita nova proposta de referendo

Jaime Gama, presidente da Assembleia da República, aceitou a nova proposta de referendo sobre o aborto apresentada ontem pelo Partido Socialista, depois de considerar implicitamente que nesse dia se iniciou uma nova sessão legislativa.
Desta é que ninguém estava à espera! O Presidente da Assembleia da República, pertencente ao partido maioritário da Assembleia da República, concordar com o entendimento jurídico proposto pelos membros da Assembleia da República pertencentes ao PS. Que surpresa se seguirá? O Fernando Gomes concordar com a posição governamental de não descer o imposto sobre combustíveis? Isto é que era! Ou o Jorge Sampaio aprovar a lei relativa às férias judiciais aprovada pelo Partido Socialista, sem a enviar previamente ao Tribunal Constitucional apesar de saber existir um parecer de inconstitucionalidade de alguns aspectos da mesma elaborado pelo Professor Fausto de Quadros? Pelo menos no tempo do Santana Lopes uma pessoa nunca sabia como iriam reagir os demais intervenientes, incluindo dentro do próprio Governo (vide caso Henrique Chaves).
Este país está, definitivamente, a tornar-se monótono. Para pior.
Enfim, a única curiosidade disto tudo reside em saber se o objectivo prévio do Bloco de Esquerda de pôr Cavaco Silva a falar do aborto irá resultar ou se o homem ainda tem trunfos na manga para iludir a questão.
Quanto ao mais, e infelizmente a meu ver, lá vamos para mais uma votação com elevadíssima margem de abstenção, dado o tema de que se trata, o número de sucessivas eleições no curto espaço de 4 meses e o escasso tempo para realmente mobilizar a opinião pública para a discussão da matéria e para o esclarecimento. Sobretudo os sacanas dos homens que pensam sempre que não tem nada a ver com o assunto em apreço. Dado o caminho seguido, temo um resultado abstencional mais forte do que o verificado no referendo anterior. A ver vamos.

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

É bom ser heterossexual!
Segundo o Correio da Manhã, e avançando uma notícia do New York Times, os seminários norte-americanos estão sob investigação devido aos casos de pedofilia que nos últimos anos têm envolvido a Igreja Católica nos EUA. "De acordo com o arcebispo do Exército norte-americano, Edwin O’Brien, (...) a entrada nos seminários deve ser restringida “ àqueles que tenham inclinações homossexuais e aos que não tenham tido qualquer actividade sexual há mais de dez anos”. Esta inspecção será feita em 229 seminários e cada um deles os investigadores realizam entrevistas confidenciais aos seminaristas e a todos os que se formaram nos últimos três anos. ".
Ou seja, um seminarista que tenha tido relações com mulheres (de que idade?) nos últimos 10 anos está livre de qualquer juízo de censura pelo Vaticano.
E eu, na minha santa ingenuidade, que pensava que o futuro voto de celibato seria aplicável tanto aos homossexuais como aos heterossexuais.
Afinal, parece que só os heterossexuais estarão em efectivas condições de cumprir com tal voto.
Eles lá sabem...

E porque não admitir...??!!!
Está muito bem dizer que não percebemos nada de informática. Posso até concordar que não sabemos escrever. A grande questão é saber se ao longo do tempo não nos vão faltar temas sobre o que divagar. Em boa verdade vos digo: enquanto o BENFICA for ganhando na Liga dos Campeões vou ter sempre tema.
Quando já ninguém acreditava, quando lagartos e tripeiros esfregavam as manápulas de contentes, eis que a águia voou mais alto e deu cabo dos francius (1-0, até arrotaram bife!). Assim vai a vida cá pela aldeia, sendo que até Sábado vai haver muito boa gente com um sorriso de orelha-a-orelha. Ah, caneco, que as bejecas do fim-de-semana até vão saber a champanhe!
O BENFICA é mesmo o maior, porque não admitir...??!!!

Viriato e o Benfica

Como já devem ter reparado, um dos elementos do blogue faz parte das brigadas vermelhas que, de vez em quando, conseguem ganhar um encontro com outras equipas que praticam o mesmo desporto.
Evidentemente que alguma percentagem da população da aldeia comunga de tal participação.
No nosso caso, 33,33% bem acentuados.
Os demais 66,6% continuam, tal qual Constituição Portuguesa, a assegurar a imparcialidade, isenção e independência deste blogue, inclusive em termos desportivos.
Por isso, não posso deixar de expressar aqui os mais sinceros desejos de felicidades, por ordem de entrada em cena, ao Vitória de Setúbal, ao Sporting de Braga, ao Sporting Clube de Portugal e ao Vitória Sport Clube. Que os árbitros estejam convosco. Et pluribus unum.
Quanto ao mais: Viriato, vê lá se, como chefe da aldeia, controlas mais os teus impetos bárbaros. Bifes e champagne não são compatíveis um com o outro.

Tudo começou quando três sujeitos que não percebem nada de informática decidiram criar um blogue.
O pensamento subjacente foi, obviamente, o de que mais vale estragar um blogue do que três ao mesmo tempo. E, assim, pusemos mão à obra.
Eis, talvez, o primeiro blogue escrito por pessoas que não percebem nada de informática e sobre as quais existem sérias dúvidas de que saibam escrever. Pelo menos não possuem tal pretensão. Aliás, já foi acordado entre os membros participantes no blogue que o primeiro que demonstrar sinal de saber escrever será imediatamente expulso do mesmo a fim de evitar desigualdades por comparação com os demais. É a chamada ideia de esquerda a prevalecer no blogue (talvez a única ideia de esquerda a prevalecer no blogue, mas hoje também ninguém consegue definir o que é uma ideia de esquerda; bom, talvez com excepção do pessoal do PCTP/MRPP...).
Esclareça-se que os membros do blogue têm apenas dois objectivos: divertirem-se com isto e fazerem os demais membros divertirem-se.
De facto, quando foi discutida a temática subjacente ao blogue, deparámo-nos com sérias dificuldades. Pensamos em Política, mas corriamos o risco de, graças ao Viriato, isto acabar como o "Barnabé" em menos de uma semana; pensamos em humor, mas o "Gato Fedorento" e os "Marretas" são inultrapassáveis; pensamos em erotismo, mas o "Abrupto" já ocupa todo o espaço "bloguiano" relativamente a esse campo; pensamos em falar mal da visão feminina do mundo, mas o "Guerra dos Sexos" tem, e bem, ocupado tal espaço. Outros pensamentos foram colocados em cima da mesa, mas o que mais nos agradou foi mesmo o da anarquia temática total.
Passámos então à fase da discussão do nome do blogue. Cerca de 6 meses depois, não chegamos a um consenso, pelo que o primeiro que chegou ao computador meteu o nome que quis. No caso, foi o Viriato. Os demais submeteram-se ao desejo do administrador auto-nomeado (hás-de ganhar muito com isso, pá!). Pelo que aqui estamos. Temática diversa. Barafunda total. E completa isenção e imparcialidade, muito embora eu ache que o Viriato é capaz de ter algo contra os romanos. Esperamos que o "Aldeia" nos divirta. E consiga também entreter quem tenha o acaso de por aqui passar.
Para primeiro "post" não esteve mal. Pelo menos, penso que ainda não existe o risco de ser expulso.
Alea jacta est.