segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Aldeia erótica


Também a moda dos escritos perdidos em baús nos sótãos da memória esquecida chega ao Aldeia Lusitana. De autor anónimo (não, não é o Zé Porvinho destilando poesia etílica), embora segundo alguns entendidos da escola do grande Bocage, um poema transbordante de erotismo. Longa busca nos baús da casa paterna permitiram-me desenterrar esta pérola nácar da literatura sensual.
(mais uma prova de que o processo de enlouquecimento do Alves é irreversível, para grande preocupação e transtorno do Marquês)


Tenho-me em mim
Retendo cada momento
Fixando-me em teu ser
Trazendo-te no pensamento

Nas longas noites soturnas
Vagueando por entre suspiros
Procuro uma resposta
Para estes estranhos delírios

Sou homem e ser errante
De carne e moles tecidos
Gostava que me desses razão
Para os ter distendidos

Dá-me então esse motivo
Bamboleando-te em doçura
Conseguindo trazer ao meu ser
Alguma vida e grossura

Então, erguendo-me homem
Tornando-o ganho nas alturas
Galoparei rumo ao teu âmago
Saboreando tuas canduras

Será fulcro e intimista
O fruto desse desejo
Pregas em desalinho
Fluídos em alegre cortejo

Frenesim a quatro mãos
Dois seres em veneração
Céu e terra num só espaço
Completa será a fusão

Muro frio que desaba
Frente à ardente lança
Dando e dando de si
Ante o corpo que balança

E num frémito desumano
Num espasmo final
Arranhas-me as costas
Chamas-me teu animal

Dois seres agora inertes
Vencidos pelo amplexo
Miram mutuamente
Aquilo que lhes sobra do sexo

3 comentários:

Bottled (em português, Botelho) disse...

Ay caramba!!!!
Depois de despertar do meu coma vinhólico, quando li este poema pensei que, afinal, não havia ainda acordado!
Gostaria, igualmente, depois de desbravar aquelas intensas linhas de grande verve poética, de acrescentar uma sugestão ao nosso Viriato: porque não uma bolinha no canto do monitor, que permitisse aos leitores aquilatar da sua apetência para ler o texto colocado à sua disposição?
Quanto ao resto, retiro-me para o meu soninho de beleza, com tão belo poema no pensamento. Os últimos efeitos do vinho que em mim há, conjuntamente com o erotismo das palavras que em mim já moram por força da sua leitura, por certo que me irão proporcionar uma tarde de Helloween como nunca tive!!!!
Venham as ninfas de três tetas e as pipas de vinho sem fim, and let the games begin!
Hic Hic Hurra

Marquês disse...

Ok, já vi a imagem.
Não sei como fizeste, nem onde a arranjaste, meu sacana, mas posso garantir-te que vai haver sarrafada se ninguém me explicar como É QUE CARGA DÁGUA SE METE O RAIO DA IMAGEM NO POSTE!!
(esta cambada consegue fazer qualquer aristocrata passar-se!)

Bottled (em português, Botelho) disse...

Chiça que já não se pode curar uma bebedeira em paz!!!!
Façam lá o favor de ensinar S. Senhoria a ver TV no poste, para um tipo conseguir ter o repouso que merece!
Francamente, tanta algazarra por uma coisita de nada!
Se vos dedicasseis à bebida verieis que não existe nada melhor para acalmar os estados de agitação!
Hic Hic Hurra