sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

Portugal no seu melhor - Descobrimentos

Época dos Descobrimentos.
Portugal é Nação grandiosa.
A epopeia marítima dava seus primeiros passos.
Contudo, ainda hoje se ignora que esse enorme triunfo, que tanta glória e riqueza nos trouxe (para onde terão ido ambas?), se ficou a dever à mestria com que, num Convento perdido, um concílio de monges se dedicou a traçar as linhas mestras da expansão ultramarina.
É óbvio que não poderíamos deixar de relatar os factos tal como eles foram omitidos pelos historiadores.
Para atingir tal desiderato, qual José Hermano Saraiva, este vosso servo consumiu avidamente Actas atrás de Actas das reuniões do referido concílio, que encontrou esquecidas em cima de uma mesa na Taverna da aldeia, e apresta-se, aqui e hoje, a fazer história na História!
Iniciamos os relatos pelo princípio:
Acta Primeira
Corre o ano do Senhor de mil quatrocentos e... bosta de vaca, escreve-se quatorze ou catorze? Irmãos... Irmãos... ajudai-me em nome do Senhor. Como é que escrevo o ano? Posso escrever mil quatrocentos e quinze que ninguém dá por nada? Okay, então vai assim mesmo e que Deus nos proteja a todos.
Reunidos neste Mosteiro, cuja identidade terá de permanecer secreta por exigência real (D. João I fez questão de nos vir relembrar que nos cortaria os testículos rentes caso o mencionássemos... isso, Irmãos, arrepiai-vos tal como eu me arrepiei), encontramo-nos seis monges, o Irmão Platónes, o Irmão Suarez, o Irmão Jerónimus, o Irmão Low-Sen, o Irmão Alegrette e eu próprio, que escrevo, o Irmão Aníbal.
A questão que nos é colocada hoje prende-se com a necessidade de arranjar um espaço para colocar a actual amante D'El-Rei, pois Portugal é pequeno demais para ela e para a Rainha (que a Graça de Deus a proteja e torne fértil).
D. João I fez-nos jurar que tal assunto seria tratado dentro do maior sigilo sob pena de, antes de nos cortar rentes as ditas bolinhas, nos fazer torturar colocando os nossos instrumentos de micção num caldeirão com azeite a ferver, não sem antes os envolver numa polme de ovo, farinha e leite de maneira a torná-los mais crocantes, por forma a que as ratazanas que os iriam roer apreciassem devidamente o pitéu que regiamente lhes estava a ser oferecido, pelo que tenho de relembrar aos Irmãos a importância de não se fazer qualquer comentário sobre o assunto, nem mesmo quando necessitarmos de nos confessar.
Bem sabemos o quanto este nosso amado Soberano sabe ser persuasivo!
Que o diga o Irmão Celso, que ainda hoje utiliza as orelhas para virar as páginas da Santa Bíblia e tudo porque ousou receber com um abraço a amante D'El-Rei, quando esta chegou ao nosso Convento.
Continuando, nós, grandes pensadores religiosos e classificados como a nata da sociedade pensadora deste Portugal do Século Quinze (porra, ainda bem que não era Quatorze... ou será Catorze?), deliberámos por unanimidade que a melhor maneira de resolver a situação será recorrendo à avançadíssima técnica de resolução de problemas importada de Veneza (consta que é muito utilizada pelos Bórgia) que consiste em colocarmos, naquele pote ao centro desta sala, três papéis com três destinos possíveis e, depois, mediante o que sair, avançarmos para uma disfarçada acção militar que levará, a coberto, a amante de El-Rei.
O Irmão Suarez teve a honra de retirar o papel vencedor e está decidido: avançamos para Ceuta e seja o que Deus quiser!
Vamos informar El-Rei sobre esta decisão, tendo sido deliberado entre todos que irá ser enviado um eunuco, não vá El-Rei estar com os azeites (não concordam com o uso desta expressão, Irmãos?)... pronto, reformulando, não vá El-Rei estar de maus fígados!
Nada mais havendo a deliberar, deu-se por encerrado este Concílio.
Assinaturas ilegíveis.
Referendado por Sua Santidade o Bispo Sampaius.

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