quarta-feira, 23 de novembro de 2005

E porque não também um prémio para a Enid Blyton?

Esta coisa da namorada do Primeiro ter ganho um prémio relacionado com a defesa dos direitos dos homossexuais pôs-me a pensar sobre quem realmente merecia ganhá-lo.
A coisa foi até à minha infância. E de repente veio-me a Enid Blyton à mente.
Quase todos nós, independentemente das sucessivas gerações, lemos os "Os Cinco".
Havia os "Sete", as "Gémeas" e a colecção "Aventura", sendo que esta última sempre me fez pensar que Enid Blyton deveria ter experimentado o género policial mais adulto.
Mas os "Cinco" sempre foram os principais heróis e os mais conhecidos da obra de Enid Blyton. Sobretudo porque também foram os primeiros a serem adaptados para televisão, nos finais dos anos 70, princípios dos anos 80.
E muito de nós, logo no início, sempre achamos esquisito aquela coisa da Georgine querer-se chamar George. Ou, na versão portuguesa, a Maria José querer ser tratada por Zé. Sim, é verdade, as traduções naquela altura já eram excelentes na transposição dos nomes.
A Georgine ou a Maria José queria ser um rapaz. Vestia-se como um rapaz. Comportava-se como um rapaz. Fazia tudo o que um rapaz fazia, muitas vezes melhor. E essa situação manteve-se até ao final da colecção dos "Cinco", quando a Georgine/ Maria José já tinha praticamente dezoito anos.
Apenas nas duas últimas obras dos "Cinco", Enid tentou efeminizar um pouco a personagem. Todavia, já era tarde demais. Já tinha feito durar em excesso as características da personagem na sua evolução etária.
Enid Blyton nunca deu qualquer opção sexual à personagem. Também não o poderia fazer tendo em conta o público alvo das suas obras à data em que as escreveu.
Mas cheira a léguas que a Georgine/ Maria José é a personagem lésbica mais conhecida no mundo infantil, embora não o sendo em concreto.
Nunca teve qualquer namorado, embora a Ana, com um comportamento tipicamente feminino, também não o tenha tido. Só teve um cão (aquela intimidade constante com o Tim sempre me fez pensar em outras motivações).
Comportamentos femininos, nem vê-los, pese embora, como já disse, Enid tenha tentado disfarçar um bocado a coisa para o final das aventuras. A Georgine/ Maria José queria ser um homem. Ponto final, parágrafo.
Sempre pensei que se fosse o Henry Miller a escrever os "Cinco", a Maria José tinha acabado na cama com a Ana.
Enid Blyton deu à Georgine o direito de existir conforme era.
A sua obra é lida por milhões de pessoas todos os anos.
Porque não recebeu ela um prémio, a título póstumo, pela defesa dos direitos dos homossexuais?

1 comentário:

Bottled (em português, Botelho) disse...

Senhor Marquês,
Excelência,
Vossa Senhoria acabou de destruir o que ainda restava de criança em mim, com esta bombástica revelação!
Não me diga V. Exa. que, após todos estes anos, a Zé, a Ana e o Tim mantiveram uma relação amorosa?
Um triângulo amoroso, que terminou com uma lambidela e um abanar de rabo?
Em qual dos livros isso sucedeu?
E eu que pensava que tinha a colecção toda!!!!
Estou devastado... se fosse outro, diria que os traumas são tão profundos que me levaram a afogar as mágoas no vinho!
Bom... sendo eu, acho que me fico pelo afogar no vinho e depois logo se vê isso das mágoas!
Hic Hic Hurra