O leitor de casa-de-banho do ano
A grande verdade é que tem vindo a institucionalizar-se os bons hábitos de leitura entre os portugueses, estando a aldeia em condições de confirmar que, estatisticamente, tal se ficou a dever a muito bom pai de família que, tendo levado o jornal desportivo diário para ler enquanto arreava o calhau e lançava por toda a casa aquele odor à macho latino capaz de deixar qualquer fêmea caída a seus pés (no sentido de inanimada, mesmo), quando chega à última página e sem que ainda tivesse feito a obra de arte toda, repara que tem à mão um livro que relata a vida do fenómeno José Mourinho e então começa a tornar-se leitor de publicações de outro nível cultural.
E a metamorfose foi tal que, depois de limpar num ápice os vários desportivos diários, não há quem o retire agora do banho que religiosamente passou a tomar depois das necessidades, onde aproveita para ler, de uma penada, todos os semanários nacionais, na parte dedicada ao futebol, e ainda vários outros desportivos espanhóis, italianos, holandeses, ingleses, alemães e brasileiros, para se manter actualizado das variantes desportivas ao mais alto nível.
Para ele vai o nosso prémio de leitor de casa-de-banho do ano, que não conseguiu vir receber na grande gala que ontem efectuámos precisamente porque ainda lhe faltava ler uma crónica de Beckenbauer, muito interessante, no Bild-Zeitung, e depois ainda tinha de, avidamente, dar uma passagem de olhos pela edição deste mês da Playboy (conseguiu convencer a mulher de que se o filho tinha direito a uma Playstation, ele também haveria de ter direito a uma Play qualquer coisa).
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