quarta-feira, 23 de maio de 2007

Sócrates, o Rei-Sol ou "L'État c'est moi"

"ARTIGO 37º
(Liberdade de expressão e informação)

1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.
2. 0 exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.
3. As infracções cometidas no exercício destes direitos ficam submetidas aos princípios gerais de direito criminal, sendo a sua apreciação da competência dos tribunais judiciais.
4. A todas as pessoas, singulares ou colectivas, é assegurado, em condições de igualdade e eficácia, o direito de resposta e de rectificação, bem como o direito a indemnização pelos danos sofridos. "
In Constituição da República Portuguesa
É verdade que o Senhor Professor não deveria ter falado assim, por escrito, daquela forma, a respeito do Senhor Engenheiro.
Mas não deixa igualmente de ser verdade que uma das grandes conquistas de Abril foi o direito de exprimirmos a nossa opinião, de dizer o que nos vai na alma.
E mais, qualquer pessoa que use o novo gasóleo da GALP, ou seja, que tenha dois dedos de testa, percebe perfeitamente que aquele desabafo não chegaria nunca, como não chegam todos os que diariamente proferimos a respeito de políticos, chefes, vizinhos do lado, polícias, actores de telenovela e de filmes, desconhecidos and so on, ao conhecimento do visado, tão-só porque dele nunca se iria aperceber e porque todos fazemos isso no nosso dia-a-dia.
A continuarmos desta forma, qualquer dia para dizermos que o tipo que passou por nós num dia de chuva a 140 à hora no carro e nos molhou da cabeça aos pés foi um filho da puta temos de começar por dizer, fodidos, mal pagos e encharcados até ao tutano, que S. Exa. o condutor do veículo em questão teve uma progenitora que fazia do modus vivendi a venda ao domícilio e perante estranhos, mediante remuneração, de serviços de índole privada e íntima e, perante a cara espantada e interrogadora de quem nos viu proferir aquele impropério de forma velada, aprestamo-nos a esclarecer, com um sorriso nos lábios, que quem anda à chuva molha-se e que, de facto, aquele simpático condutor nos fez um favor pessoal pois estaríamos necessitados de um bom banhinho com água da chuva higienicamente depositada no alcatrão.
Cada vez mais me convenço que o preço que pagamos por uma maioria absoluta, num sistema democrático, nos leva a uma ditadura legitimada pelo voto.
E que já estamos a perder a noção da galinhola, descambando para o plano do rídiculo e da prepotência.
Esperemos que esteja enganado...
Hic Hic Hurra

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