quinta-feira, 13 de julho de 2006

Crime no Palácio de São Bento – Capítulo VI

Resumo do capítulo anterior
Dois cadáveres são encontrados no gabinete do Primeiro-Ministro. No local encontram-se o Inspector Serôdio, o Dr. Campos, médico legista, o Primeiro-Ministro e o mordomo do Palácio.

O legista aproximou-se do corpo de Andrei, que permanecia inalterado, de barriga para baixo, no chão do gabinete, junto à janela. Colocou o dedo indicador direito junto à pele de Andrei e raspou, após o que levou o dedo à boca.
- Muco vaginal de elefante – exclamou.
- Sim, já me tinha apercebido – disse o Inspector. -Aliás não sei se o Doutor sabe, mas eu escrevi uma obra sobre o assunto intitulada...
- Pois, pois, já mo disse várias vezes – cortou o médico.- Muito interessante. Nunca tinha assistido a uma morte causada por muco vaginal de elefante. Vamos lá a ver se o sujeito está mesmo morto.
Tirou um pequeno espelho da mala que trazia e, para espanto dos presentes, encostou-o ao ânus de Andrei.
- Desculpe, Doutor, mas penso que estará enganado – disse o Inspector. – Sabe, isso não é o nariz do sujeito...
- Sabe, meu caro inspector, existem várias razões para eu ser o médico legista e você não. Uma delas é que eu não ando a perder o meu tempo a escrever livros sobre o muco vaginal de elefantes. Outra das razões é porque eu percebo disto e você percebe daquilo. Percebeu?
O inspector abanou os ombros, emitindo um resmungo de pouca compreensão.
- Sabe, Inspector – continuou o médico – não é só pelo nariz que sai dióxido de carbono de um corpo humano. Todos os buracos do ser humano deixam entrar oxigénio e sair dióxido de carbono. Boca, ouvidos e ânus, por exemplo. Existem também investigações científicas a tentar apurar se o mesmo acontece relativamente ao buraco do umbigo. Bom, este está mesmo morto. Vamos virá-lo.
Perante o olhar dos presentes, o médico colocou o sapato por baixo da barriga do morto e empurrou-a com força para cima e para o lado, fazendo-o virar-se.
- Ora eis uma coisa interessante. O nosso morto era um circuncisado.
- Circuncisado? Está-me a tentar dizer que era judeu?
- Ou isso ou estava a tentar prevenir a obtenção do vírus da SIDA. Não leu o artigo de ontem no “Aldeia Lusitana” sobre a circuncisão? Valha-nos o Grande Arquitecto, o blogue é seu!
- Quanto a isso, penso que posso contribuir- disse o Primeiro Ministro.- Quando lhe perguntei sobre o assunto uma vez, ele respondeu-me que era uma espécie de preservativo contra a SIDA. Fartei-me de rir na altura e obriguei-o a usar preservativo na mesma.
Os demais presentes olharam-no espantado, excepto o mordomo, que voltara a olhar com sério interesse para a paisagem exterior que era oferecida pela janela aberta.
Perante isto, o Primeiro-Ministro começou a esbracejar.
- Não, não, não é que estão a pensar. Foi uma vez em que fomos juntos à casa de banho numa cerimónia oficial e tivemos de abrir a braguilha ao mesmo tempo, lado a lado, e vocês sabem como é naqueles urinóis pequenos, vê-se tudo, e como não queria um motorista no Palácio contraindo uma doença contagiosa por burrice, dei-lhe o conselho.
- Pois... Bem, meu caro Inspector – disse o médico, depois de um exame rápido – ou muito me engano ou a causa de morte deste senhor foi intoxificação epidermal causada por excesso de muco vaginal. Até o interior das cavidades nasais e auriculares estão repletas de muco. Vamos passar à jovem.
Para espanto do Inspector, colocou o espelho junto do nariz.
- Sabe- disse o Inspector – estava à espera que colocasse isso noutro buraco.
-Você não passa de um depravado, meu caro amigo. Se as cavidades nasais estão disponíveis, não se recorre a outro método. Se temos um carro, não andamos de trotinete. Mas...
Olhou para o espelho, meteu a mão em cima do seio esquerdo da jovem Zulmira e fez uma exclamação de surpresa.
- Afaste-se – disse ao Inspector.
Puxou da mão direita e desferiu uma forte bofetada na face direita de Zulmira, de tal forma que a fez voar de cima da mesa directamente para o chão, onde caiu.
Seguidamente, e como que por milagre, o corpo ganhou voz.
- Filho da puta, cabrão, brochista de merda, hás-de mas pagar – dizia a voz, saída do corpo de Zulmira.
Viram então Zulmira levantar-se do chão e correr na direcção da janela aberta. Todavia, tropeçou nas roupas que ainda trazia no meio das pernas, meio vestidas, meio despidas, precipitou-se pela janela e caiu desamparada pela mesma, no exterior.
O médico e o Inspector aproximaram-se da janela e olharam para o exterior, para o corpo que agora residia no chão do jardim, embaixo.
- Ouep – disse o médico – agora está morta. Penso que a causa de morte deve ter sido o embate da cabeça com o chão. Nada de muco vaginal.
- A propósito – lembrou-se o Inspector –o Doutor já conhece a minha teoria sobre a relação existente entre o muco vaginal de elefante e a teoria da gravidade de Newton?
- Meu caro amigo, devo confessar que não faço a mínima ideia como é que os seus colegas de blogue o conseguem aguentar com essa sua prosápia constante sobre muco de elefante. E ainda por cima vaginal!"
(Cont)

1 comentário:

Bottled (em português, Botelho) disse...

Senhor Marquês,

Uma só palavra para definir esta sua obra: GENIAL!

O Bonel da Literatura será Seu, não o duvido!

Hic Hic Hurra