sexta-feira, 19 de maio de 2006

O burro e o vinho

"De repente, o meu velho Jeremias irrompeu-me pelo salão adentro, gritando em voz alta.
- Senhor, Senhor, levaram o Zé Preso!!
- Qual deles? - perguntei-lhe eu.
- O Porvinho, Senhor. Parece que tudo começou quando o Zé foi à taberna buscar o stock de vinho para o fim de semana com o carro novo. Sabe, depois daquele acidente com os eléctricos no outro dia ele teve de comprar outro. Quer dizer, ele disse-me que o trouxe de borla, porque o sujeito do Stand disse que ele o podia trazer e só começar a pagar depois do Mundial. Ele disse-me que ia devolver o carro quando acabasse o Mundial e que o sujeito do Stand nem desconfiava, mas isso não interessa nada. O que acontece, Senhor, é que aquele bêbado de uma figa esqueceu-se de pagar o seguro o carro. Ou antes, não quis pagá-lo, disse, porque iria ficar sem dinheiro para o suplemento do palheto. O Cabo Teles deparou-se com o carro sem seguro estacionado do outro lado da frente da porta da taberna e não foi de modas: chamou reforços e colocou o pessoal à espera do Zé junto do carro.

- E depois?

- Bom, depois o Zé ao sair, apercebeu-se do que se estava a passar, voltou para dentro e pediu ajuda ao taberneiro para sair do local, com o vinho, sem que a Guarda desse por isso. Lá carregaram o vinho para uma carroça do taberneiro, nas traseiras. O problema foi que ninguém se apercebeu que à medida que o Zé ia metendo mais caixas de vinho, a besta atrelada à carroça ia subindo, até que...

a coisa deu para o torto, a besta começa a zurrar, os guardas vão ver o que se passa e prenderam o Zé.

- Mas prenderam porquê? Desde quando é que a falta de pagamento de seguro dá origem a prisão?

- Parece que o Zé começou a chamar nomes a tudo o que estava em redor quando o vinho começou a derramar-se. Incluindo aos guardas.

- Bom - disse eu - mas o burro está bem, não está? É o que interessa."

2 comentários:

ENGº. Viriato disse...

É caso para dizer que quando falha a tracção às quatro patas está tudo f....., como bem sabe qualquer bêbedo que se preze quando atinge aquele ponto em que já nem de gatas se equilibra; o que estará a pensar o burro? Qualquer coisa tipo: "sinto-me leve, tão leve...será da pipa de vinho que aquele bloguer tão simpático partilhou comigo?

Bottled (em português, Botelho) disse...

Caro Senhor Marquês,

Só queria dizer-lhe que, tal como os elementos da força policial, V. Exa. incorreu num erro.

Os impropérios não eram dirigidos aos polícias, como depois expliquei, mas sim ao asno que não aguentou com as 900 caixinhas de "piercings" umbilicais que tentei transportar para minha cabana, onde passei alegremente o fim-de-semana na companhia da odalisca que fielmente reproduzo em "post" acima colocado.

Apenas refiro, por último, o comentário do comandante do posto quando viu que a minha intenção era passar os dois dias de folga na companhia de tão bela criatura: "Coitado... deixem lá ir este em paz, porque por muito criminosa que tenha sido a sua conduta já vai ter castigo mais do que suficiente para a mesma!"

Não percebi bem onde queria ele chegar...

Cumprimentos da minha parte ao Jeremias.

Hic Hic Hurra