terça-feira, 28 de março de 2006

Canadá – Payback Time

Praia de Quarteira, início da época balnear. O cabo Silva e o soldado Pereira (nomes fictícios) encontram-se de patrulha aos eventos da praia. Passeiam pela calçada quando avistam um sujeito, com ar britânico, aproximar-se de fato de banho com um cornetto na mão.
- Olha-me para este, Pereira. Este gajo não tem ar de canadiano?
- Não sei, meu cabo. Só conheço os de cá e mal.
- Vamos lá a isto. Ó bife, anda cá.
O sujeito olha estupefacto para o cabo Silva, olha em redor, e fala ao cabo:
- Are you talking to me?
- Sim, pá, tou a falar contigo. Ouve lá, pá, és canadiano?
- Sorry?
- Mas eu tou a falar inglês ou quê? Usted ser canadiano?
- I don´t understand what you are saying, sorry.
- Ó Pereira, o que é o que o gajo disse?
- Que não percebe o que o senhor cabo está a dizer-lhe.
- Soooonso o gajo. Documentes, plise!
- Why?
- Olha, afinal o sonso do canadiano fala algarvio. Esta do “Uái” não engana ninguém. Onde é que estão os teus documentos, pá?
- I think you want to see my papers. They´re in my bag ahead. As you can see I don´t have anything with me but my pens.
- Agora é que não percebi nada. Pereira, percebeste alguma coisa?
- Meu cabo, só percebi ele falar de bagas e pénis.
- Estes canadianos têm mesmo a mania de que são superiores aos portugueses. Mas aqui em Portugal a coisa pia mais fininho. Aqui mandamos nós. Só para termos a certeza do que vamos fazer a seguir, ó Pereira, pergunte-lhe de onde é que ele é.
- Uére iu fromi?
- I`m a citizen of the noble land of Scotland.
- E então?
- Pareceu-me que ele disse que era da terra do scotch.
- Vê como eu tinha razão? O gajo afinal de contas sempre é canadiano! Está detido, meu caro, por injúrias à autoridade. E vai ser deportado já hoje para o Canadá! Não se hão-de ficar a rir pelo que fizeram ao meu cunhado, um gajo trabalhador, a quem lixaram a vida lá no Canadá com a mania que são bons e que nós somos pretos!
- What?
- Explica-lhe, Pereira.
- Iu are ander arresto.
- Why??
- Injuris to autoriti.
- I didn´t said nothing!
- Diz isso ao juiz quando o vires. Ó Pereira, tens aí o número do S.E.F. para lhes telefonarmos a dizermos que temos aqui detido um canadiano ilegal?
- Mas, meu cabo, como temos a certeza que ele está ilegal em Portugal?
- Ouve lá, meu idiota, o sujeito apresentou algum documento de identificação?
- Não.
- Tem na mão algum documento de identificação?
- Não.
- Então, tás a vér, é um canadiano ilegal sem sombra de dúvida!
E lá seguiram, levando o “canadiano” algemado para o Posto, cientes de que com aquela detenção tinham contribuindo para a elevação do amor próprio e da auto estima dos portugueses face aos sacanas dos canadianos...”

1 comentário:

Bottled (em português, Botelho) disse...

Marquês, meu nobre Senhor,

V. Exa. divertiu-me com este seu magnífico "post".

No entanto, o que V. Senhoria ignora é que o "payback" já teve o seu início.

De facto, soube de fonte fidedigna (e não era a cadela do Senhor Inspector, com a qual estou de relações cortadas... e, felizmente, no que à minha pessoa respeita apenas a relação ficou cortada) que o nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros está já hoje no Canadá de maneira a convencer o seu homólogo e respectivo Governo a, pasme-se, dar mais tempo aos portugueses para abandonar o país!

Estou mesmo a ver o nosso amigo do Amaral a entrar, qual Rambo, de fita na cabeça a condizer com a gravata do fato, no gabinete do Ministro dos Negócios Estrangeiros do Canadá e a dizer: "- You motherf..., I'm here to make justice, in the name of the Portuguese Government! Who are you sending away? The portuguese people? Beware..."
Logo de seguida repara na protecção policial existente no local e a conversa passa a: "... of the way you are sending them away! Some of them are from Alentejo, a region of my Country, and they'll need more time to move. Would there be a chance, if it is not of any inconvenience to You, to slow down a bit this expulsion thing?"

Assim se faz justiça, em nome de toda uma Nação, à boa e velha maneira lusa!

Hic Hic Hurra