quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

No divã

"Sabe, senhor doutor, em primeiro lugar aparecia uma praia. Larga, longa, com um enorme areal. Ela vinha na minha direcção, com um sorriso largo, emergindo nua das águas tal qual Vénus camoniana. Vi-a aproximar-se de mim e, quando me preparava para abraçá-la, ela transformou-se num pato morto. Afastei-me horrorizado, vendo mínusculos seres saíndo esvoaçantes do penoso bico aberto na minha direcção. O meu pensamento foi de que ia ser atacado pela gripe das aves. Fugi na direcção da água e mergulhei, tentando não colocar a cabeça fora de água. Subitamente, apareceu uma mulher completamente nua, com asas, que me agarrou dentro de água e me puxou, levando-me consigo pelos ares. Eu estava fascinado, não sabendo se devia olhar para a paisagem de baixo ou para a de cima, uma vez que os seus mamilos tocavam-me na ponta da minha nuca, fazendo erguer...bem... o doutor sabe o quê. Levou-me para cima de uma nuvem e, contemplando a beleza do seu corpo, perguntei-lhe quem era. Antes de me responder ela transformou-se num cisne morto e novamente saíram pequenos seres do amorfo bico aberto. Mergulhei no vácuo e cai, cai, cai, até acordar envolto em suor. Estou preocupado, senhor doutor. Será que este sonho significa que tenho de passar a usar preservativo nas minhas relações?"

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