quinta-feira, 17 de novembro de 2005

Se tivesse sido em Portugal (parte VII)

"Para quem pense que os conflitos ocorridos apenas provocaram prejuízos a toda a gente, fique a saber que está enganado.
Dirigimo-nos a uma "sex-shop" na Amadora onde o dono, o senhor Luís, esfrega as mãos de contentamento por estar a ter lucros como nunca. Veja porquê.
"J.- Parece que o negócio do senhor Luís tem sido beneficiado com os conflitos. Como explica isso?
L.- Não faço a mínima ideia. Só sei que a P.S.P. da Amadora esgotou-me o "stock" de algemas e de vibradores nos últimos dias.
J.- Mas existe alguma explicação para isso?
L.- Relativamente às algemas, eles já as compravam aqui antes. Parece que o Governo não lhes dava o material e os homens tinham que se desenrascar a comprá-lo a qualquer lado. Quanto aos vibradores, não faço a mínima ideia, só falando com o comandante da esquadra. Já comecei a pensar em enviar os novos catálogos de produtos para a esquadra. Não sei o que mais eles podem querer.
J.- Não tem medo de que a sua loja possa vir a ser atingida pelos confrontos?
L.- Medo, medo, uma pessoa tem sempre. Mas no caso, uma vez que eu conheço quase todas as taras do pessoal da Amadora, duvido que algum deles ousasse fazer algo contra a loja. No dia seguinte aparecia tudo publicado sobre as mariquices do sujeito num jornal de grande circulação, com fotografias comprometedoras".
A história dos vibradores despertou a nossa curiosidade, pelo que fomos falar com o comandante da 9.ª Esquadra da P.S.P. da Amadora.
"Realmente é verdade. As algemas têm desaparecido a grande velocidade. Nós algemamos os sujeitos, vem um bando deles, agarra no sujeito e leva-o algemado e tudo. Alguns de nós tentaram combater isso algemando-se aos detidos. Ora, quando o sujeito algemado fugia com o seu bando, o agente que se encontrava algemado ao mesmo também ia arrastado. É por causa disso que neste momento temos dez agentes desaparecidos. Nunca mais os vimos depois de terem sido arrastados. Relativamente à aquisição dos vibradores, não tivemos outra hipótese. Os bastões desapareceram na sequência dos confrontos, uns por serem atirados, outros por nos serem tirados. Uma vez que o Governo não renovou o "stock", tivemos que começar a pensar em nos desenrascar e foi então que um de nós se lembrou dos vibradores da loja do Sr. Luís. Foi uma boa ideia. São grandes e grossos como os bastões, embora mais leves. Mas quando utilizados com força podem provocar o mesmo tipo de lesões. Aliás, e como pode observar, praticamente todos os agentes desta esquadra trazem um vibrador à cintura em substituição do bastão
".

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