O Bloco já me agonia

Ainda as autárquicas. Tem aparecido muito um Senhor de nome Francisco, filho de boas famílias, menino que sempre beneficiou do ambiente controlado de um colégio particular, com bons livros em casa e viagens à Europa nas férias de Verão, enfim, um burguês da média-alta, alta.
Agora, como sempre lhe ensinaram na catequese, sente-se o único defensor dos pobrezinhos, aquele que lhes veio trazer a iluminação de uma liderança forte e esclarecida. E como defender os pobrezinhos? Atacando cegamente todas as outras forças partidárias e respectivos candidatos, com a firme convicção de ser diferente, alternativo. Claro, sem nunca saber o que é realmente ser pobrezinho, sem experimentar a fominha, o desesperozinho do meio do mês, o pavorzinho da doença que impede de trabalhar…
Quando oiço falar tão brilhante demagogo… (perdão, digo, político) vem-me sempre à cabeça a imagem daquela fantástica personagem do Pinóquio: o Grilo Falante! É claro que por vezes o Grilo Falante até tinha razão mas a verdade é que estava sempre a meter-se na vida do boneco, sempre altivo, sempre sentencioso, sempre tão cheio de certezas que até…agoniava! E ele próprio não tinha vida, desenvolvia como única ocupação criticar a vida dos outros, sem projectos pessoais, sem outro objectivo que não fosse substituir-se ao próximo. Agoniava!
Tenho tido repetidamente esta sensação nos últimos dias, quando oiço o Senhor Francisco a…falar!