Como é que surgiu este ano a bronca da doença dos pinheiros

“Conselho de Ministros, uma destas quintas-feiras.
- Bom, mais alguém tem alguma sugestão para cortarmos nas verbas do orçamento? Jaiminho, não tens ideias? – inquiriu o Primeiro-Ministro, virando-se para o Ministro da Agricultura, que se encontrava à sua direita.
- Não, pá, já não posso tirar mais dinheiro ao pessoal das pescas e das hortas. Se bem que…
- Sim? Desembucha lá, pá!
- Tenho aqui uma verba de uns quantos milhões de euros que vêm da UE para tratar uma doença dos pinheiros. Poderíamos desviar isto, não?
O Primeiro-Ministro colou o dedo ao nariz, olhou no vazio e começou a pensar.
- Não está mal pensado. A maior parte dos pinheiros vai desaparecer de qualquer forma com os incêndios do Verão. Olha lá, Rui, para quando é que está previsto o início da época de incêndios?
- Lá para o início de Junho, dependendo de portaria nossa.
- Magnifico. A UE nem vai notar o que se passou. Se aparecer algum pinheiro doente e os gajos tiverem conhecimento, dizemos que já ardeu em algum incêndio. Jaime, anota aí o desvio da verba para o Ministério da Presidência. Preciso de um telemóvel novo”.
O azar é que alguém se esqueceu de publicar a portaria, a União Europeia deu pela doença dos pinheiros e os incêndios só começaram este fim-de-semana.