quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ora então... dê cá mais cinco!

Esta foi a expressão mais ouvida ontem no Alvalade XXI, numa memorável noite que me transportou para outros tempos, onde o futebol era magia, era arte, era empenho, era garra, era incerteza no resultado final, era paixão exarcebada e entrega sem limites.
A noite de ontem foi um hino ao futebol.
Duvido que a final da Taça de Portugal esteja sequer à altura dos pergaminhos do embate de ontem.
Duas equipas sem nada e com tudo a perder que jogaram o jogo pelo jogo e proporcionaram a todos os que assistiram um vendaval de emoções.
Fui um dos que, na enxurrada que se abateu no final da tarde na capital, rumou ao estádio e, meio a brincar, lá fui dizendo que para banho já bastava aquele.
Mas não bastou, pois vi o Benfica pegar no jogo e, durante a primeira parte, fazer uma exibição de se lhe tirar o chapéu, com o estratega Rui Costa a desenhar, com passes geométricos, toda a conduta atacante da equipa (parabéns, Rui, pela forma como ainda jogas e, mais importante, pela maneira como te comportas para com os miúdos que te idolatram), complementado com dois bonitos golos, um do próprio Rui Costa e outro de Nuno Gomes, que gelaram os muitos sportinguistas ali presentes e não auguravam nada de bom para depois do intervalo.
Que, curiosamente, acabou por ditar, no recomeço, o mesmo tipo de jogo, com o Sporting a tentar chegar ao golo, mas de forma incipiente e tímida.
Até que Paulo Bento decide tirar Romagnoli e fazer entrar Derlei no jogo, mexendo na estrutura da equipa e colocando João Moutinho na posição de patrão do meio-campo.
Nessa altura, o jogo mudou e o que se viu, o que todos viram, foi uma equipa leonina pura e simplesmente demolidora, a dar um banho de bola ao adversário, que se ia defendendo como podia, adiando aquilo que poucos acreditariam ser possível, ou seja, a reviravolta no marcador.
Que sucedeu de rajada, com o estádio quase a vir abaixo com o terceiro golo dos leões, marcado pelo regressado Derlei, depois de Djaló e Liedson terem, também eles, mostrado as suas garras.
Com o 3-2 no marcador, e quando nada o fazia esperar (a claque benfiquista estava silenciosa, atónita e nem queria acreditar no que sucedera), Rodriguez marca um belo tento e empata novamente a contenda.
Eis que os benfiquistas presentes no estádio irrompem em manifestações de júbilo, voltando o desânimo a apoderar-se dos sportinguistas. Afinal, tinham tido a águia na mão e deixaram-na voar.
Mas voou baixinho, pois dois fabulosos golos, um de Djaló (a bisar) e outro de Vukcevic (que senhor jogador que está, ali abandonado, tipo vagabundo, nas imediações da grande-área do adversário, com mudanças de velocidade frenéticas e inesperadas capazes de deixar qualquer defesa a cheirar o pó das botas que, curiosamente, ainda ali tinham estado segundos antes à frente dos seus olhos), sentenciaram a partida e fizeram do Sporting um justo vencedor, pela forma abnegada e crente como se comportou na segunda-parte, triunfo esse valorizado pela réplica, que se deve realçar, dada por um Benfica que jogou muitos furos acima daquele que foi surpreendido pela Académica na última jornada do campeonato da Liga.
Resta acrescentar que as emoções vividas no local suplantam qualquer descrição que aqui possa fazer.
É lindo ver jogos assim.
O futebol, quando se joga desta forma, é arte, é beleza e é lição.
Foi, repito-o, um hino, que irá ser cantado por muitos e longos anos.
E eu... estive lá!
Hic Hic Hurra

7 comentários:

Ticha disse...

Foi lindo...grande Sporting!

Anónimo disse...

É de facto arte. O Sporting ainda acordou a tempo.

Inspector Serôdio, José Serôdio disse...

Ó Zé, cá para mim a mudança operou-se logo com a saída do Adrien Silva e, aí sim, com a colocação do João Moutinho na posição 10 - que jogão o miúdo fez. E foi com aquele soberbo remate à trave (e com a não menos espantosa defesa do Quim) que o nosso Sporting acordou.

Bottled (em português, Botelho) disse...

Cara vizinha ticha,

Andei eu para ali a escrever rios de letras e, afinal, V. Exa. definiu tudo numa só frase!

Hic Hic Hurra

Bottled (em português, Botelho) disse...

Cara vizinha cláudia elias,

Ainda bem que despertaram para o jogo, pois este é daqueles que não se esquece facilmente.

Pintaram a manta em campo e o resultado foi um trabalho ao nível da melhor escola impressionista.

Pelo menos eu fiquei muito impressionado!

Hic Hic Hurra

Bottled (em português, Botelho) disse...

Meu caro Inspector,

A equipa melhorou com a entrada do Izmailov para o lugar do Adrien, é um facto, mas a bola acabava sempre nos pés do Romagnoli que, temos de o dizer, naquela noite não estava no dia dele.

Com a saída do rapaz e a entrada do Derlei a produção atacante foi avassaladora e aí sim, João Moutinho carregou a equipa ao colo até ao resultado final.

E no estádio não deu para perceber a defesa do Quim naquele remate que acabou a beijar a barra (fabulosos, quer o remate quer a defesa).

Numa palavra: memorável!

Hic Hic Hurra

Anónimo disse...

Eu confesso a minha impotência perante este naipe de comentadores nada lagartos e de boa vista sobre o relvado.
Desisto de comentar e dou os parabéns ao senhor que faz o chá no intervalo dos jogos.
Foi pena ele ter estado de folga na noite do Rangers...

PS: Isto é veneno puro.

Parabéns ao Sporting! Até eu vibrei!!
E olhem que já não me sentia assim...vibrante há muitas luas.