quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

A cor da lágrima

Porque a lágrima não tem cor?
Enquanto chorava, me pus a pensar.
Se fosse vermelha como sangue,
As minhas vestes poderiam manchar.

Se a lágrima fosse amarela,
A cor da alegria,
Expressar tristeza
Jamais poderia

Se fosse azul,
A cor da serenidade,
Eu não choraria jamais
Seria só tranqüilidade.

Se fosse branca
Como pétalas de rosas,
Não seriam lágrimas
Mas pérolas preciosas.

Ainda mais uma vez
Fiquei me questionando...
Porque a lágrima não tem cor?

Se ela fosse preta
Só expressaria o horror?

Porque será que a lágrima não tem cor?

A lágrima não tem cor
Porque nem sempre exprime dor.

E se ela fosse roxa, como poderia
Expressar a alegria?

As lágrimas não têm cor
Porque são expressões da alma
Quando o espírito está chorando
O coração diz: tenha calma!

Se a lágrima tivesse cor
Deveria ter a cor do amor
Ou mesmo a cor da paixão
Que às vezes invade o coração.

Ou talvez a cor da tristeza
Que abala a alma e tira a calma
Mas faz em meu ser uma limpeza.
Se a lágrima tivesse cor
Poderia ser vermelha como o sangue.

A lágrima não tem cor.
Porque ela nos aproxima do nosso Criador.
Se a lágrima tivesse cor
Eu só iria chorar de alegria.
Mas, e a lágrima da saudade?
De que cor ela seria?

E a lágrima da decepção,
De que cor seria então?
Se a lágrima tivesse cor
Deveria ter a cor de um brilhante
Como a lágrima é preciosa
Deus deu-lhe a cor do diamante.

Hic Hic Hurra

2 comentários:

Anónimo disse...

Os vapores das bebidas ingeridas na consoada fazem milagres?
Esta colheita é da sua lavra?
É muito posível!
Eu sei que é capaz desta e outras maravilhas, só que as desconhecia.
Lindo. Posso usar...

Bottled (em português, Botelho) disse...

Caro coleccionador de lições,

Os vapores das bebidas ingeridas fazem sempre milagres, estejamos ou não na consoada (consolada, aliás, fica a alma depois de tal ritual vínico ficar consumado).

Ainda assim, e embora lhe fique grato pelas palavras que me dirigiu (eu, maravilhas, só se forem em arroz, com uns filetes, pois, como dizia um conhecido cozinheiro luso, um bom arroz de maravilhas pode fazer ervilhas pela pessoa), devo esclarecer que o lindo texto (concordo em absoluto) se encontra facilmente na teia onde se tecem e cruzam verdadeiras maravilhas (e, também, outras coisas não tão maravilhosas) e é de autoria desconhecida (pelo menos, para mim, que assim não precisei de pedir licença para aqui reproduzir o dito texto).

Devo dizer que ainda recentemente o ouvi declamado e foi precisamente o efeito que tal provocou em mim que levou a que aqui o viesse deixar, partilhando-o com o universo dos que ainda conseguem ter pachorra para nos visitar.

É de nos deixar à beira das lágrimas, sejam elas incolores ou verdadeiros arco-íris das retinas.

Hic Hic Hurra