quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Dar de frosques às vezes compensa

Comemoram-se por estes dias os 200 anos da fuga da Corte portuguesa para o Brasil.
Este episódio é da maior importância na História Lusa e, quanto a mim, amiúde menosprezado ou mesmo deturpado.


Em 1807 Napoleão Bonaparte já mandara a Revolução pró galheiro, auto-proclamando-se Imperador (ao lado deoutros títulos mais prosaicos!), passara toda a Europa a fio de espada, saquiara o Egipto e instaurara o bloqueio continental à Inglaterra.
Como a gente não respeitava tal imposição, continuando a abrir os portos (e só esses) aos ingayleses, enquanto diplomaticamente tentavamos empatar os franciús, o Corso perdeu a paciência e vai daí decide invadir a Lusitânia.
(diga-se de passagem que os espanhóis já tinham levado no totiço, sendo governados por um dos irmãos do Boné-à-parte).
Como é bom de ver, não tínhamos capacidade militar para parar a Grande Armée e esta entrou, matou e plhou no seu passeio até Lisboa.
Executando um plano de contigência há muito preparado, D. João VI e sua Corte (cerca de 10 mil macacos no total) embarcaram rumo ao Brasil, para ali transferindo a Coroa.
Desta forma, escapando à captura e instalando-se em território sob soberania portuguesa, o monarca impediu que Napoleão conquistasse de jure o país, mantendo este a sua soberania, ainda que com a Metrópole temporariamente sob ocupação francesa.
Pouco se fala, mas este facto teve na época uma enorme repercussão no resto da Europa, sendo D. João VI elogiado e saudado por todos os líderes europeus que se opunham a Napoleão.
Pode-se dizer que as campanhas em terras lusas representaram o primeiro revés para o Grande General francês, sendo curioso notar que este, nas suas memórias escritas já no exílio em Santa Helena, reconheceu ter menosprezado a reacção dos tugas.
O reverso da medalha foi o domínio britânico que se veio a instalar em Portugal, mesmo para além de rechaçada a última invasão em 1810, perpetuando-se sob a forma de exclusivo mercantis e exploração de certos recursos.

P.S. - os filhos da puta parece que agora se vingam no futebol - sempre que os apanhamos pela frente...

3 comentários:

Anónimo disse...

Sobre as invasões francesas, publicou agora Vasco Pulido Valente o livro "Ir pró Maneta".

É verdade. O maneta era um dos generais franceses e matava que se fartava,
Daí a expressão ir pró maneta = morrer.

Não é brincadeira, juro pelo braço do Maneta, primo do Manitú...

Inspector Serôdio, José Serôdio disse...

Já agora, em complemento do anterior comentário, o General chamava-se Loison e não tinha mesmo um braço, perdido em outras campanhas.

Bottled (em português, Botelho) disse...

Caros amigos,

Esse pobre coitado deveria ter a vida difícil, pois já não poderia ser, ao mesmo tempo, o braço direito e o esquerdo de Napoleão.

Hic Hic HUrra