terça-feira, 21 de agosto de 2007

Um mistério chamado D. Sebastião - um pouco da nossa estória em suaves prestações diárias



(continuação)

PARTE XI

Pouco tempo depois, um violento combate tinha início nas áridas planícies de Alcácer-Quibir, apenas intervalado à hora do almoço para dar ao dente e ver as notícias no canal Al-Jazeera, com tradução em directo por D. Elaio Climático, que mais tarde já não veria o sucesso que um seu parente viria a ter na forma como comentava os Festivais Eurovisão da Canção, ainda desconhecidos à época, pese embora os magníficos trovadores que já então se faziam ouvir.
Aliás, precisamente um dos combates mais ferozes e sangrentos foi o chamado "desafio sem dó", onde cada uma das facções apresentava o seu trovador e vencia aquele que mais tempo aguentasse a cantar ou conseguisse, mercê dos seus extraordinários dotes vocais, colocar a correr para longe o trovador da outra parte.
D. Sebastião, na altura, estava encantado com um grupo coral de Trovadores que lhe fora oferecido pelo Conde Cid, nobre que alegrava os serões na Corte com baladas de sua autoria e de refrões tão marcantes (só a título de exemplo, temos a trova em que, virando-se para El-Rei, declama: "como o primata gosta de banana eu gosto de ti", verso que foi perdurando pelos tempos até constituir um verdadeiro sucesso nacional mais tarde, embora ligeiramente modificado pela voz do povo), e que trouxera de Portugal.
Eles eram, de início, mil cento e onze almas cantantes, mas os mares revoltos, o escorbuto, a malária, um novo clima, as doenças inerentes à desidratação e os combates sem tréguas, haviam reduzido aquele grupo coral a 4 pessoas que, em memória dos falecidos, se auto-intitulavam Quarteto 1111 e que, mais tarde, haveriam de ficar conhecido por uma música que dedicaram ao desaparecido D. Sebastião.
Foi pois entre o Quarteto 1111 e um bardo gaulês chamado Assurancetourix que o combate se desenrolou, sendo que ao primeiro acorde do bardo gaulês o Quarteto 1111 foi em debandada, cada um para seu lado, porque era impossível ouvir o homem berrar e eles não tinham seguro contra todos os riscos.
A coisa seria diferente, na óptica dos historiadores actuais e no que se reporta a este duelo musical em concreto, se El-Rei tivesse consigo um tal de Zé Cabra, que lhe permitiria igualar a contenda ou mesmo superá-la, mas tudo não passam de meras especulações.
Derrotados e humilhados nessa batalha, os portugueses também foram vencidos no chinquilho, na sueca, no dominó e nos matraquilhos, o que os enervou de tal forma que nem El-Rei conseguiu detê-los.
E o grito passou a ser: "É guerra, é guerra", tendo finalmente os portugueses desembainhado as espadas e partido para um encontro de exércitos que fez estremecer o chão por toda a África!
Por toda a África?
Sim, toda a África... bom... quero dizer, digamos que meia África!
Meia África?
Sim... não, um quarto de África, mas incluindo o Congo.
Um quarto de África, incluindo o Congo?
Sim... pronto, só em Alcácer-Quibir, e nem foi em toda a localidade, apenas no local onde se desenrolou a batalha.
Seja como for, a verdade é que o sangue entranhou-se pela areia e muitas cabeças rolaram, desta feita literalmente, tal a forma empenhada como ambos os exércitos se dedicaram à nobre arte de guerrear.
A actuar num nítído 4000x4000x2000, a equipa da casa, perdão o exército da casa cedo mostrou intenções de aniquilar o ultradefensivo sistema em losango de 100x200x400x300x90x10 com que o exército forasteiro de D. Sebastião, em número nitidamente inferior, se apresentou no conflito, pelo que as coisas, passada que foi uma semana desde o início da guerra, não estavam a correr de feição para a expedição militar lusitana (ainda para mais, quando se sabia que ao comando da táctica bélica dos "outros" estava um pequeno mouro, mais conhecido por Mourinho, que tinha um feitio intratável e gozava do apoio das forças do Leste da Europa, onde Ivan Abramovich, o Terrível, dava os seus primeiros passos na conquista da Sibéria e fez uma perninha para selar o destino da contenda em Alcácer-Quibir, onde teve a possibilidade de experienciar, com carácter científico e documental, algumas das atrocidades que viria a cometer no Século XVII e que, certamente, se existisse um programa de TV na Rússia chamado Os Grandes Russos, o levaria a ganhar, com toda a naturalidade, o título de Maior Russo de Sempre.
(a continuar)

Hic Hic Hurra

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