sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Um mistério chamado D. Sebastião - um pouco da nossa estória em suaves prestações diárias



(continuação)

PARTE IX

No entanto, as medidas de D. Peixeira dos Anjos não se ficaram por aqui e, em 1574, cria o IVA, o Imposto sobre os Valores Amontoados, um tributo que onerava as grandes fortunas arrecadadas durante anos a fio, que se encontrassem em locais cheios de pó e de teias-de-aranha.
O bom e o bonito foi quando D. Sebastião foi notificado do montante de IVA que tinha de pagar todos os anos.
Referem os que mais próximo dele estavam nessa altura que El-Rei caíu redondamente no chão, fulminado por uma súbita indisposição, mais tarde diagnosticada como sendo um raríssimo caso de "agudis forretitis".
Ora, este fortuito e inesperado acontecimento veio permitir a D. Chicote de Matos brilhar, mostrando em plena Corte os progressos medicinais conseguidos consigo aos comandos do Ministério, e em breve, após umas sessões de sangramento a cargo de umas sanguessugas (mas das verdadeiras, não nos estamos a referir às outras, de duas pernas, que rodeavam diariamente El-Rei), com uns banhos imperiais otomanos (tinham esse nome porque as águas, previamente aquecidas nas fogueiras onde se queimavam os criminosos, eram transportadas em baldes para os aponsentos reais por escravos provenientes do Império Otomano, que mais tarde deu origem à actual Turquia e, concomitantemente, aos chamados banhos turcos) e quinze dias de repouso absoluto na Casa dos Males e Maleitas Dos Mentalmente Pouco Equilibrados El-Rei D. Sebastião ficou quase como novo e, simultaneamente, quase sem dinheiro no tesouro real (havia que não esquecer as reais taxas moderadoras cobradas pelo internamento compulsivo).
E foi numa noite de tempestade, em 1578, numa altura em que meditava sobre os melhores processos de conseguir esquivar-se ao pagamento do IVA, que D. Sebastião recebeu no seu Castelo pós-moderno, decorado pelo burguês romano Augustus (o qual detinha, conjuntamente com o gaulês Jean Roullo, o exclusivo do guarda-roupa real), uma delegação enviada pelo seu amigo Ara Fate, vizir árabe, pedindo-lhe auxílio militar.
A conversa apenas foi presenciada pelos elementos do séquito de El-Rei que lhe eram mais chegados e fiéis, não tendo sido documentada, o que levou a que, ainda hoje, ninguém saiba o que se terá passado dentro das muralhas naquela noite, embora se tenha especulado que se discutiu, entre outras coisas, a compra pelos árabes da cadeia de Tavernas denominada Eu era capaz de sentir amor por ti, explorada pelo escudeiro Pedro Miguel Troncos, ao mesmo tempo que era ofertada a El-Rei, para diversão, uma dúzia de concubinas do harém privativo do vizir, capazes de fazer um homem perder a cabeça e de, assim, mitigar o sofrimento pessoal do soberano devido aos altos custos com o IVA.
Há até quem afirme, mas aqui novamente a fazer fé nos ditos populares, que nessa mesma noite essas concubinas, chefiadas por Zaida Samantha Wolf e por Sulleimana Zabrina dos Bóis-Bóis-Bóis, deixaram El-Rei completamente embasbacado face aos visíveis atributos físicos das senhoras.
No final da vida, à lareira com a família, um dos participantes nessa reunião recordava, visivelmente emocionado, a impressão causada com a chegada do séquito de concubinas, dizendo que só vislumbrou um grande par de mamas a entrar pela porta do salão e, exactamente vinte e cinco minutos depois (contados pela ampulheta real), dava entrada na sala a mulher mais bonita que já vira, logo seguido de outro grande par de mamas que, trinta e sete minutos depois (contados pela mesma ampulheta real que, entretanto, tivera de se virar, pelo que o tempo poderá não corresponder exactamente ao que efectivamente durou aquela cena), levou à entrada no mesmo local da segunda mulher mais bonita que já vira, tendo isto sido repetido por uma dúzia de vezes, de tal forma que, às tantas, El-Rei já não sabia se tinha a cabeça deitada nas almofadas reais ou se estava com ela metida noutro lado qualquer(e quem diz El-Rei, diz todos os presentes).
(a continuar)

Hic Hic Hurra

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