terça-feira, 14 de agosto de 2007

Um mistério chamado D. Sebastião - um pouco da nossa estória em suaves prestações diárias



(continuação)

PARTE VII

Para Ministra do Intelecto, dos Monumentos, dos Documentos, dos Jograis e De Qualquer Tony Capaz de Fazer Carreira Artística, foi nomeada D. Isabel Chávena de Limão, uma alta senhora da sociedade burguesa do tempo, formada em Engenharia do Alfabeto Em Que Tudo Começou No A-A-A-A E A Seguir Vem O E-E-E-E Inteligente É Com O I-I-I-I, O U Depois Do O Faz O AEIOU, pela Universidade do Burkina-Faso que, entre outros atributos essenciais para o desempenho do cargo, sabia distinguir, cantando, as vogais das consoantes e quase que conseguia soletrar o alfabeto inteiro, enganando-se apenas porque nunca se lembrava se primeiro vinha o "m" ou o "n".
Competia-lhe a gestão do património cultural da nação e, como percebia tanto daquilo como eu de física quântica, decidiu demolir a Casa da Índia para criar um Salão de Chá, medida que só não conseguiu levar avante porque logo os seus colegas de governo lhe fizeram saber que a moral dos governantes passava pelos longos períodos de cativeiro e meditação transcendental passados em casas do género.
No apoio à actividade artística decidiu formar uma companhia circense capaz de deixar mudos de espanto os outros países, mas como nenhum outro membro do governo quis participar no evento, quer como domador, quer como palhaço, quer como trapezista, e o povo nessa altura não estava virado para os assuntos culturais, acabou por aproveitar a estratégia de D. Manuel Alfazema e virou-se para Oriente, assim nascendo o Circo Chen, o primeiro do género tipicamente lusitano.
Como porta-voz dos Ministros do Reino surgiu D. Pedro da Selva Porreira, um nobre formado em Tratamento de Colocação de Voz No Além E no Aquém pela Universidade de Bagdad, onde estudou com o famoso Ali Babá e outros trinta e nove inseparáveis colegas de turma.
A ele competia dar a conhecer ao Reino, através dos meios de comunicação social existentes, as medidas tomadas pelo Governo, actuando verdadeiramente como um relações públicas e promotor da imagem dos restantes colegas Ministros.
Todos estes notáveis entraram em funções no ano do Senhor de 1558, reunindo-se todas as quintas-feiras no Castelo de D. Fócrates, tio-avô de D. Sebastião e regente-mor do Reino, onde jogavam à batalha naval e às escondidas com as aias e, quando se lembravam, discutiam as medidas que entendiam ser as mais favoráveis para a Nação, o que normalmente sucedia quando um deles começava uma frase da seguinte maneira:
"- Malta, e se a gente..."
"- Muito bem, muito bem, aprovado, voto nessa. Podemos voltar ao joguinho?"

Tudo isto, obviamente, entre sandes de presunto, coiratos e copitos de Vinho do Porto, mas do verdadeiro, não daquele que costumavam exportar para os velhos aliados o qual, no final da linha de enchimento das garrafas, levava ainda o ingrediente especial que resultava do facto de, por mero acaso, ali estar instalado um pequeno lar de apoio a idosos com problemas de incontinência que tinham uma necessidade de se aliviar que raiava quase o absurdo, tal a frequência com que urinavam.
(a continuar)

Hic Hic Hurra

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