sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Um mistério chamado D. Sebastião - um pouco da nossa estória em suaves prestações diárias


(continuação)

PARTE V

Para Ministro das Trocas e Baldrocas entre Comerciantes foi chamado D. Manuel Alfazema, nobre formado em Fenómenos Extra-Sensoriais com Propensão Inata para Calinadas pela Universidade de Xangai.
A ele competia, entre outras tarefas, velar pela lealdade no comércio e pelo desenvolvimento desta arte em Portugal, o que conseguiu atraindo, qual flautista de Hamelin-pó-pó, investidores dos reinos do Oriente fazendo-lhes crer que a mão-de-obra aqui era barata, quando o que existia no país era um surto de baratas que era obra e ninguém tinha mão para lhe conseguir colocar um fim, já que a invenção do insecticida ainda iria demorar alguns séculos.
Ficou, igualmente, conhecido por ser capaz de chamar sobre si a atenção geral em situações de grande embaraço, no que parecia ser um dom natural, ao fazer afirmações de grande sapiência mas totalmente desprovidas de sentido ou totalmente fora do contexto, para além de inverídicas.
O cargo de Ministro das Plantações de Ervas Daninhas, de Outras Substâncias Psicotrópicas e da Faina Marítima, foi entregue a D. Açaime Urtiga, um jovem burguês, muito bem apessoado, que apreciava uma boa febra, principalmente se lhe aparecesse no gabinete com a saia acima do joelho, a quem competia tomar as necessárias medidas para o desenvolvimento agrícola e piscatório da Nação.
Numa medida de grande popularidade entre os restantes membros do Governo, que a ovacionaram emocionados quando foi decretada nos Paços do Concelho, cortou radicalmente com os subsídios aos agricultores, gente capaz de subsistir por si mesmos porque trabalham, não são desempregados e, acaso o quisessem ser, era só falar com o colega D. Pieira da Selva que os encaminharia para as propriedades de repouso eterno, projecto de grande visão implementado por D. António Chicote de Matos, podendo assim ser reencaminhados, esses dinheiros poupados, para a criação de confortáveis centros de decisão política, um em plena Casa da Índia e outros quantos em pequenas, mas apetecíveis, residências congéneres, tais como a Casa das Africanas, a Casa das Ucranianas, a Casa das Romenas, a Casa das Brasileiras, a Casa Passarola (que não a do Padre Bartolomeu de Gusmão, que mais tarde haveria de colocar uma acção por publicidade enganosa pois toda a gente se ria e olhava lascivamente para ele quando apresentou, em pleno séc. XVIII, na Casa da Índia, perante o próprio D. João V, pela primeira vez, aquela sua invenção, não só por ser naquele local, como também devido ao facto de ter existido um engano de impressão na placa da outra Casa que, em vez de Passarela, ficou a chamar-se Passarola) e, certamente devido ao forte comércio de marfim que se fazia sentir na época, a Casa do Elefante de Cor Oposta ao Preto.
(a continuar)

Hic Hic Hurra

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