A propósito da alegada descoberta do túmulo de Hérodes
“Numa descoberta verdadeira inacreditável para a comunidade científica, investigadores ligados à Universidade de Independentes afirmam ter descoberto o túmulo de São João Baptista, em Portugal, mais precisamente no cemitério de São João, no Porto. Neste momento, no local, encontra-se o repórter Dâmaso Salcede com o Professor Paulo Coberto, um dos líderes da equipa científica portuguesa. Boa noite, Dâmaso, já sei que tens aí contigo o Professor Paulo Coberto.
- É verdade, Zé, tenho aqui comigo o Professor Paulo Coberto para falar connosco acerca desta descoberta que, a ser verdadeira, representaria uma enorme alegria para a comunidade científica portuguesa. Boa noite, senhor Professor, o que nos pode dizer sobre esta fantástica descoberta? Existem realmente provas de que o túmulo agora descoberto pela sua equipa é, efectivamente, o de São João Baptista?
- Indiscutivelmente. Todos os vestígios encontrados no túmulo nos levam a pensar que estaremos perante o túmulo de São João Baptista. Tanto é assim que nem iremos efectuar o teste de carbono 14.
- Mas a sua equipa consegue explicar o motivo das ossadas desse santo se encontrar em Portugal e mais concretamente neste local?
- Isso é algo que nunca saberemos, mas que pensamos ter a ver com o facto de José de Arimateia, quando fugiu para terras gaulesas após a crucificação de Jesus, ter parado em Portugal para se abastecer, tendo nessa altura, por motivo que desconhecemos, aqui sido depositados as ossadas de São João Baptista. Mas venha comigo que eu mostro-lhe… Cuidado com a lama… ah, aqui está… como pode ver, trata-se de um túmulo que se encontra degradado, mas cujas inscrições são bastantes visíveis. “Memória da tua querida mulher Salomé e dos teus filhos, Jesus estará sempre ao teu lado”, as quais não deixam quaisquer dúvidas de que…
- Penso desculpa por interrompê-lo, senhor Professor, mas as inscrições estão em português. Na altura não se falava aramaico?
- Isso são pormenores que não afectam a veracidade da descoberta. Estava eu a dizer que como pode ver…
- Desculpe, mas Salomé foi casada com João Baptista e teve filhos? Isso não contraria frontalmente o conteúdo dos evangelhos?
- Rigorosamente nada. Sabe, a palavra “mulher” na altura era uma palavra usada para qualquer mulher, independentemente de ser esposa, filha, neta, amiga ou inimiga. Portanto, a palavra “Salomé” aqui escrita significa apenas que Salomé deixou aqui a sua inscrição no arrependimento da sua conduta, no último…
- E a referência aos “filhos”?
- Sem dúvida alguma que se tratam dos discípulos do santo, entre os quais se encontrava Jesus. Aliás, a sequência lógica da inscrição vai nesse sentido, conforme…
- Mas João Baptista tinha bigode?
- Como assim?
- É que por cima da inscrição está uma fotografia de um homem com bigode e por baixo está “João António Correia Baptista 1898-1981”.
- Mas foi neste campo que residiu o verdadeiro mérito da minha equipa, que soube distinguir o subterfúgio inventado pelos herdeiros de José de Arimateia para ocultar o túmulo em apreço. Claramente decorre da análise das inscrições que este é o verdadeiro túmulo do santo.
- Então e as ossadas do santo, podemos vê-las?
- Não, infelizmente ainda não. Neste momento o corpo encontra-se em laboratório para tentarmos descobrir o material com o qual voltaram novamente a colar a cabeça cortada ao resto do corpo do santo.
- Desculpe, ouvi bem? Corpo? Não são ossadas?
- Não, trata-se de um corpo muito bem conservado, mas pensamos que tal se deverá ao facto do mesmo poder ter sido mumificado com uma substância igual à que os egípcios usavam.
- E pode-nos dizer que tipo de substância é essa?
- Não, também ainda não descobrimos resquícios da mesma.
- Pois bem, obrigado senhor Professor, e é tudo daqui do Cemitério de São João, Zé. Ficaremos à espera de mais novidades sobre esta fenomenal descoberta. Posso no entanto desde já adiantar que está prevista a chegada do realizador James Cameron para analisar esta descoberta já no próximo fim-de-semana.”
1 comentário:
Caro Senhor Marquês,
GANDA BEBEDEIRA, a de ontem!
Hic Hic Hurra
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