sexta-feira, 27 de abril de 2007

Resposta atrasada ao "Encaralhatum sum"

Tenho assistido, com alguma curiosidade, aos resultados das bebedeiras do Chefe e do Zé, que lhes tem dado para a lamechice. Devo confessar que já os vi mais longe de acabarem agarrados um ao outro, em qualquer esquina deste país, a dizerem-se reciprocamente “tu és fabuloso, pá, não, pá, tu é que és bom” e por aí fora.
A origem da coisa sei eu onde está: a normal evolução da nossa vida, a qual, com sucessivas ilusões de juventude frustradas, nos leva ao desabar da motivação com que enfrentamos as nossas ambições mais profundas.
Eu sempre tive uma vantagem relativamente a este pessoal: a minha única ilusão de juventude prendia-se com o facto de um dia vir a descobrir que era o Homem-Aranha, coisa que se frustrou quase de imediato após ter sido picado por uma aranha e me ter apercebido que não conseguia subir pelas paredes da casa da vizinha para ver que tipo de lingerie é que ela usaria durante o sono.
Quanto ao mais, nunca tive grandes ilusões quanto ao poder e à sociedade civil. A sociedade humana é corrupta, por natureza, e há sempre de o ser, até ao dia em que apenas restem as baratas sobre a face da terra. Lembrem-se que, até na versão bíblica do Génesis, e apenas com duas pessoas à face da terra, uma delas foi corrompida (sim, foi a gaja, mas isso agora não interessa nada).
Por isso, meu caro Chefe, é com alegria que o vejo avançar no sentido da maturidade social e desprender-se das ilusões da juventude (conquista do mundo, duas miúdas diferentes todas as noites, exercício do poder com boas finalidades, entre outros). Lembre-se que a única forma de não lidar com a corrupção em Portugal é ir morar para o estrangeiro. Conforme-se.
Eu ainda ando a tentar descobrir para que ilha Gauguin fugiu…

1 comentário:

Bottled (em português, Botelho) disse...

Caro Senhor Marquês, Excelência,

Na parte que toca às lamechices, olhe quem fala...

Quanto ao resto, finalmente iniciei o nosso Chefe na nobre arte vínica e foram já as vezes em que, nas esquinas das tabernas e das tascas, juntos proferimos frases muito semelhantes às que refere.

Contudo, acaso o companheiro de bebida fosse V. Essência, as frases seriam de outro teor, já que:
Eu - "Tu és fabuloso, pá!"
V. Essência - "Não, pá, tu é que és bom... com'ó milho!!!!"

Percebe, agora, o motivo porque é que à confraria da bebida ainda só o Chefe tem acesso?

Bom fim-de-semana, ó Peter Parker de sangue azul.

O vilão de serviço,
Duende-Verde-Branco-Fresquinho