quarta-feira, 21 de março de 2007

Devaneios do meio da semana


Hoje, para variar, não fiz ponta dum corno. Estava lá para o escritório a fingir que trabalhava e, em simultâneo, ia ouvindo os comentadores da T.S.F. a debaterem o facto de Portugal ser o país da U.E. cuja economia menos cresce este ano. Pois é, em 27 somos o 27º. Será Karma, predestinação cósmica, negra fatalidade, fado fadado? Ou seremos mesmo um povinho de merda?! Caramba, já nem sei qual das duas opções me choca menos...

Fiquei um bocado chateado ao saber que o mar entrou pela Costa da (ou de, chatos do c...) Caparica adentro. Passei a vida toda a ouvir dizer que o aquecimento global ia fazer subir o nível do mar, que Portugal ia ser dos países mais afectados, que iam ocorrer catástrofes apocalípticas e, sem mais nem ontem, tá tudo ai. O futuro é hoje e, para não variar, os portugueses foram apanhados de calças na mão. What else is new?

Será impressão minha ou os portugas andam mais irritadiços e mal educadões que nunca? Vejam bem: um gajo entra no autocarro, comete a cretinice de dizer bom-dia ao motorista e em troca recebe um silencioso olhar de esguelha e uma expressão facial tipo: “Vai –te fo***!”; Ou, logo de manhã, deixamos generosamente passar um carro no acesso para entrar na auto-estrada e o detrás enfia logo à má-fila, quase nos abalroa e depois ainda fica aos berros e gestos dentro do carro porque nós não o deixámos passar à vontade; ou ainda, a minha favorita, o funcionário público não nos quer dar uma simples informação e depois de se aperceber que vamos apresentar uma queixa formal logo se apressa a lamber-nos o traseiro com um ar sabujo, vendido, vencido e, acima de tudo, estúpido por desnecessário. Que fartança, meu Deus!

No século 21 não temos valores. Conseguimos fazer tábua rasa dos ensinamentos de Cristo, de Buda, de Zoroastro, de Sócrates (que não José), etc. Felizmente parece que o Continente vai passar a abrir ao Domingo à tarde. É que na igreja já não se encontrava ninguém interessante e, consequentemente...

Por razões de todos conhecidas ando mais sensível às crianças. Todas as crianças: brancas, pretas, ciganas, portuguesas, estrangeiras e outras quaisquer. Não consigo ouvir um choro que não volte a cabeça, se alguma se aproxima de uma escada é-me impossível deixar de estender a mão, se vejo uma carita triste fico chateado. Pela primeira vez percebo verdadeiramente a pergunta que tantas vezes ouvi a outros: que Mundo vamos deixar aos nossos filhos?

3 comentários:

Bottled (em português, Botelho) disse...

Chefe,

Depois de ler este seu post, a assinalar a vida cor-de-rosa que actualmente existe no nosso país, acho que vou voltar aos copos!

Não sem antes lhe referir que também eu já compreendo aquilo que eu sei que você sabe que eu sei relativamente ao futuro das crianças em Portugal e no mundo em geral.

E nem a Maria José Nogueira Pinto, tão em voga ultimamente, seria capaz de o escrever melhor (embora de o dizer, talvez fosse...)

Hic Hic Hurra

Anónimo disse...

o chefe quando a gente menos espeera consegue por o pessoal a pensar

Marquês disse...

Seguindo o anónimo anterior, graças ao Chefe eu comecei a pensar o que é que sobrou do "brancas, pretas, ciganas, portuguesas, estrangeiras e outras quaisquer"!
Ó Chefe, era o dia mundial da poesia, mas não convinha exagerar!