Querida Miss Lee
Queira a minha amiga clicar no título.
Tem laivos de alguma demagogia mas, ao mesmo tempo, não deixa de tocar num ponto central do que está em discussão: confronto de valores.
A Aldeia dos Lusitanos, poucos em número mas grandes na alma. A nós ninguém nos dobra, muito menos os Romanos!
Queira a minha amiga clicar no título.
Tem laivos de alguma demagogia mas, ao mesmo tempo, não deixa de tocar num ponto central do que está em discussão: confronto de valores.
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Inspector Serôdio, José Serôdio
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21:53:00
4 comentários:
Caro Inspector,
Se não me confia uma escolha, como me pode confiar uma criança?? que país é este que me obriga a trazer ao mundo uma criança a quem não posso dar tudo do bom e do melhor, como ela merece? que mãe serei contra a minha vontade??
sabe, os acidentes acontecem!!
e se em vez de pensar no feto que não passa disso mesmo (perdoe-me a crueldade), pensasse na mulher mãe, cidadã com uma vida, uma história, um passado e um futuro??
se o sim ganhar eu poderei (qd voltar a portugal) decidir sobre o meu futuro. agora nem escolha tenho... e isso parece-me muito ao estilo da velha senhora!
Votaria sim (se o tribunal constitucional não me tivesse impedido) porque acredito que as mulheres têm o direito à escolha!
Estes são os meus valores: os democráticos!
Para quem o feto não passa disso mesmo (!), a posição é coerente.
Agora, eu tenho esse enorme problema: para mim o feto é já um ser humano, daí não poder optar pelo sim com essa ligeireza...
E os acidentes acontecem, lá isso é verdade.
Vá dizer isso ao meu amigo, que viu a irmã ser atropelada numa passadeira - talvez o condutor devesse também ser despenalizado!...
Democracia (ainda) não é sinónimo de irresponsabilidade!
E tantos casais que gostariam e ter filhos e não podem - não quer ou não pode ser mãe, dê para adopção: não se mata uma vida e ainda se pode fazer a felicidade de terceiros.
pois, para mim, um feto
é um feto. um ser humano é um ser humano. E não é com ligeireza que se decide fazer um aborto, parece-me bastante óbvio!!
Continuo a achar que a mulher com hst tem mais direitos (morais) que o feto. mas acho que o inspector não percebeu a minha questão: eu não posso optar, se quero ou não abortar!!! O meu sim é um sim à escolha, à possibilidade democrática de cada um pensar pela sua cabeça!! e esta ideia, ninguém me tira!!
Cara miss lee,
Dou-lhe, sinceramente, os parabéns pela opção consciente que tomou, pois é sua e fruto do seu pensar!
E isto não significa que consigo concorde, apenas que estou grato por verificar que pensou sobre o assunto e tomou, por Si mesma, uma posição.
Este é um espaço de debate livre, onde entre muita loucura e boa disposição, por vezes se tocam em assuntos sérios.
E é de vida e de liberdade de que falamos, temas demasiado sérios para que nos sejam impostos padrões de pensamento ou de comportamento.
Congratulo-me, pois, e sei que não estou só nesta minha demanda, por verificar que a Sua posição sobre o assunto é consciente.
E que ninguém diga que tem uma posição melhor, pois dono da verdade absoluta, na Terra, desconheço!
Cumprimentos aos toinos, deste que se emborracha que nem um cacho,
Hic Hic Hurra
Nota: Ainda assim, continuo convencido que as coisas não irão melhorar, quer ganhe o Sim, quer ganhe o Não, e que o Estado deveria ter um papel de maior intervenção na matéria, quer na protecção da vida embrionária.
E, desculpe-me o reparo, mas EU VI, de forma muito especial, um coraçãozinho a bater violentamente num minúsculo pontinho que apareceu numa ecografia, numa altura muito precoce em que o próprio médico pensava que ali estava um quisto, e a partir desse momento, que foi um misto de emoção, lágrimas e compreensão, não existe já quem me convença que a vida, tal como é, começa muito antes do que todos supomos.
E foi esse coraçãozinho, que batia velozmente, que me colocou realmente a pensar no milagre da vida, naquilo para que nascemos, ou melhor ainda, muito para além do nosso objectivo neste mundo, daquilo que nós fomos, todos, feitos!
Se acaso tivesse pretensões a poeta (coisa que, com esta camada de vinho em cima, era missão impossível) sobre este tema escreveria o seguinte:
"A vida que há em mim
Com a vida que em ti há
Unidas num amor sem fim
Outra vida criará"
E, se acaso lhe perguntasse o que acha dos pais que batem em seus filhos e mesmo daqueles que os matam, como infelizmente há inúmeros casos (vd. situação da Joana, no Algarve), provavelmente iria dizer-me que achava impossível como é que tal sucede, como é que um pai ou uma mãe podem ter a coragem de fazer mal a um filho seu.
Pois bem, se eu acho que ninguém tem o direito de ceifar a vida a outrém, e peço-lhe que respeite esta visão (tal como, acredite, eu respeito a Sua e os Seus argumentos), tirando as causas já previstas na lei (com as quais, infelizmente, tenho de concordar, face à inércia do Estado para resolver apropriadamente essas situações), devo confessar-lhe que estou plenamente convencido que, ainda embrionária, ainda feto, ainda não totalmente formado enquanto ser, já ali há vida, porque essa é transmíssivel, é um dos nossos grandes dons (talvez mesmo o maior, e quem tem filhos sabe bem do que falo), e, sabendo igualmente que a mulher tem direito a dispor livremente do Seu corpo, há um momento em que ele já não é só dela, é partilhado com um pequeno ser que não pediu para ser feito e não tem, igualmente, forma e força para evitar ser desfeito.
Daí o saber, igualmente, que são por vezes situações de grande drama pessoal, de grande ansiedade, de grande alucinação e mesmo de desespero que levam as mulheres e seus companheiros a buscar essa solução (admitindo inclusivamente que não queiram ter a criança, mas nesse caso não a privem da vida que lhe deram, existem centros de acolhimento de crianças e, creio eu, no futuro o regime da adopção tem de ser muito mais facilitado).
E se a revolta é grande para com o Estado, é porque eu sei que ele é incapaz de amar, mas bloqueia igualmente todas as hipóteses de se dar amor a uma criança que, por motivos vários, não vai chegar sequer a ter a chance de perceber porque não chegou a nascer (e, nestas alturas, penso muito nos vários casais que, querendo ter filhos, não o podem e não conseguem fazer com que, pela adopção de uma criança, esse seu desejo seja satisfeito, muitas vezes por questões burocráticas, outras porque as exigências são tais que acabam por desistir).
Já me alonguei quanto baste sobre o tema. E, contrariamente ao que pretendia inicialmente, acabei por revelar a minha posição sobre o assunto.
Só o fiz, porém, para que entenda que, apesar de estar no outro lado da barricada, não me sinto Senhor da Razão e compreendo bem os seus argumentos, felicitando-a pela forma consciente como a tomou.
É este o Portugal com o qual me identifico: aquele que pensa por Si e se atreve a sair do marasmo!
Hic Hic Hurra
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