segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Apologia da Fuga ao Fisco – II (O destino dos Impostos)

Tal como tinha prometido vou continuar a minha demanda pelo Paraíso Fiscal e perseverar no cascanço no fisco português.
No primeiro post da série abordei a questão da origem dos impostos e julgo que deixei demonstrado que os mesmos têm a sua génese numa valente vigarice a todo o povo trabalhador. Hoje vou mais longe e escrevo sobre aquele lugarzinho mítico para onde era suposto ir o nosso suado dinheiro e do lugar para onde ele efectivamente vai.
Dizem-nos os nossos governantes que o dinheiro que à força nos tiram se destina a pagar a educação dos jovens, a garantir a saúde de toda a população e a estabelecer a segurança dos idosos. Nesse discurso edilico as palavras que mais se ouvem são “solidariedade”, “justiça”, “redistribuição” e “igualdade”. E até podia ser que com isso concordássemos se fosse real. Mas não é!
Todos sabemos que a maioria dos jovens que decide prosseguir os estudos no ensino superior público estão sujeitos ao pagamento de propinas cada vez mais elevadas e que, tendencialmente, se aproximam dos valores que cada faculdade supostamente gasta com o curso. Mais, grande parte desses jovens vê-se obrigado a frequentar instituições de ensino privadas, onde paga elevadas quantias, na medida em que no ensino público não há lugar para todos. Nos graus de ensino mais baixos é conhecido o valor astronómico que os pais dos alunos anualmente têm de pagar por livros inflaccionados e de baixa qualidade mas que são obrigatórios, o mesmo se dizendo do passe social para as crianças se deslocarem, da má e cara comida das cantinas escolares, etc. Logo, não é para o ensino dos jovens que vão os nossos impostos.
Quanto aos impostos servirem para pagar a saúde dos portugueses é outra refinada mentira. Qual é o português que necessita de ir a um dentista e não tem de pagar do seu bolso? Quantos de nós não conhecemos pessoas que necessitaram de operações urgentes e tiveram de recorrer a privados para não morrerem? Quem não sabe que em caso de gravidez as pessoas têm de recorrer a privados e pagar brutalmente uma simples ecografia que o Estado não lhe faz? E as taxas moderadoras, galopantes e injustas, não são uma forma de pagamento dos maus serviços prestados? Logo, os impostos não pagam a saúde dos portugueses!
No que respeita aos idosos é bom que se saiba que os lares ditos sociais estão apinhados e servem só para quem tem cunha para lá meter o pai ou a mãe. Os outros lares, os disponíveis, fazem-se pagar regiamente. E se o idoso ainda não chegou à fase de necessitar de um lar tem de sobreviver com uma reforma miserável e estar constantemente a ouvir dizer que a segurança social vai rebentar e as reformas vão acabar. Logo, não é para os idosos que vão os nossos impostos!
Para onde vão?!
Vão para os chorudos ordenados e regalias de uma classe política que tomou o Estado refém e vive num paraíso na terra à custa do trabalho dos seus concidadãos. Convém não esquecer que no período de pior crise o gabinete do 1º Ministro José Socrates achou por bem comprar um BMW topo de gama para substituir o BMW topo de gama de há dois anos. E quem não se lembra de um certo WC milionário pago com o nosso dinheiro? E sabemos igualmente que os deputados ganham fabulosos subsídios de reinserção quando perdem umas eleições e deixam de ser deputados...e as viagens... e as ajudas de custo... e os favores feitos a grandes grupos económicos para onde invariavelmente se vai trabalhar quando se deixa a política (obras públicas milionárias que ninguém entende e que não servem os interesses do país: OTA, TGV... quantas mais?!).
E vão também para um reforço constante dos mecanismos de controlo e repressão da população. Os únicos concursos públicos de que ainda se ouve falar são para agentes da PSP e da GNR, para Juizes e fiscais das finanças. Os donos do Estado garantem assim um estreito controlo da população e uma efectiva repressão em caso de um dia haver revoltas contra este estado de coisas.
E vão, finalmente, para os filhos e amigos dos donos do Estado, através do sacrossanto instituto da CUNHA, aquele que faz com que não existam concursos públicos “limpos”, aquele que mais regalias distribui e mais injustiças gera.
E é este, em suma, o destino dos nossos impostos.

4 comentários:

Bottled (em português, Botelho) disse...

Chefe,

Estou a ficar preocupado consigo!

Pensei que também não gostava de assuntos fiscais, e vai-se a ver e é um entendido na matéria...

Hic Hic mas olhe que assim não sei se vai a Ministro das Finanças!

Anónimo disse...

Eu devo confessar, que cheguei ao fim da leitura e já estava com sede.
Camarada Ze, mande mas é vir uma rodada que isto por estas bandas está tudo muito seco...

Bottled (em português, Botelho) disse...

Caro Trugbild,

Sai uma rodada de vinho da casa à pressão por conta de alguém, que eu cá não tenho euros para pagar a conta, o Fisco ficou-me com tudo!

Hic Hic Hurra

ENGº. Viriato disse...

Caro Trugbild,
Sabe que a secura às vezes depende da garganta que a sente...ou, dito por outras palavras, por vezes estamos ao pé da fonte e morremos de sede por não a sabermos reconhecer. Enfim, a culpa não é da água, pois não?! Cumprimentos

P.S. - Nem só de pão vive o homem e há mar e mar, há ir e voltar...