O Mistério do Portal

Andava eu entretido nesta coisa do Diário da República electrónico, a tentar perceber qual a virtude da coisa, quando me deparo com um item denominado "Cidadãos com necessidades especiais".

Pensei que seria desta que tinham metido imagens de gajas nuas no site para satisfazer as muitas necessidades especiais de alguns cidadãos.

Abri a caixa de Pandora e deparei-me com um "este Portal é de carácter gratuito e de acesso exclusivo às pessoas cegas, amblíopes e com deficiências motoras graves".

Pensei "mas que raio, quem é que percebe esta coisa da ambliopía? E será que a noção de cegueira é física ou filosófica? E será que a noção de deficiências motoras graves abrange o Zé nas suas horas de tintol?".

Comecei por resolver a situação da ambliopia. Para quem não saiba, é o defeito permanente da acuidade visual em que habitualmente não há anomalia estrutural do olho, causado normalmente por estrabismo. Fiquei mais sossegado após descobrir isto, uma vez que pensei inicialmente que tinha alguma coisa a ver, pelo grafismo da palavra, com o desejo desbragado de comer antílopes.

Do demais, ainda não consegui chegar a uma conclusão.

Não me deixaram entrar no portal porque aquilo só é acessível a cidadãos com necessidades especiais que o comprovem perante a INCM. Eu pensei que a minha necessidade de ter por perto a Soraia Chaves era capaz de não chegar para a coisa.

Todavia, gostaria de saber como é que um portal electrónico de leitura pode ser simultaneamente canalizado para utilização por cegos, amblíopes e deficientes motores. Sendo visual, os dois primeiros não vão lá. Sendo sonoro, para que é que o último precisa de um portal desses se consegue ler?

Fico à espera da investigação do Inspector e da sua Argúcia.