quarta-feira, 10 de maio de 2006

Razões da pressa

"-Explica-me lá outra vez que continuo a não perceber - insistia Correia de Campos.
-Mas não estiveste na reunião com o Teixeira dos Santos? Não ouviste o que ele disse? - continuou Vieira da Silva.
- Estive, mas não percebo porque o odioso da questão tem de cair sobre mim. As que foram já deram brando. Mas porque é que também tenho de anunciar o encerramento das maternidades do S. Francisco Xavier, da CUF e da Alfredo da Costa? Já imaginaste o que me vai cair em cima?
- Não te preocupes que o Zé (Sócrates) dá-te cobertura. Temos que fazê-lo.
- Mas porquê eu?
- Meu caro, para darmos com uma mão, temos que tirar com a outra, caso contrário ficamos sem dinheiro para os ministérios mudarem de veículos todos os anos. É óbvio que se dizemos que o pessoal que não tem filhos ou que só têm um filho vão passar a pagar mais de contribuições para a segurança social, temos de nos assegurar que os portugueses não querem ter mais filhos ou de que não terão condições para os terem. O Zé já falou com o Cardeal e, como já viste, a Igreja portuguesa já passou a encarar com maior permissividade o uso do preservativo. A venda da pílula do dia seguinte já é quase de venda livre até para os menores de doze anos. O aborto irá ser uma realidade depois do referendo este ano. Só nos falta livrarmos das maternidades para que o pessoal teimoso que insiste em ter filhos desista de o fazer por falta de condições. Tem de ser, Correia, ou a Segurança Social vai à falência. É por Portugal e pelo bem-estar dos portugueses.
- Ah, bom, assim explicado a coisa é diferente. Então e o que fazemos com aqueles que podem ter a vontade, mesmo assim, de irem ter os filhos a Espanha?"

1 comentário:

Inspector Serôdio, José Serôdio disse...

- Continuamos a aumentar o preço dos combustíveis para que lhes saia tão caro ir lá que acabem por desistir!