quinta-feira, 25 de maio de 2006

Brincando, brincando...

“Decorria mais uma sessão de formação, em que o jovem sindicalista português, há pouco tempo colocado em Timor, tentava explicar aos colegas delegados sindicais da função pública daquela jovem e bonita nação os trâmites das greves laborais em Portugal.
- Tanta coisa, tanta burocracia – disse um deles – mas isso aqui não é necessário.
- Como assim? – perguntou o jovem português. – Como é que vocês manifestam o descontentamento com o vosso patrão, o Estado?
- Aqui é mais simples. Primeiro começamos a olhar uns para os outros lá na repartição e perguntamo-nos mutuamente se estamos descontentes. Quando estamos todos descontentes, o delegado sindical liga para um militar seu conhecido e diz-lhe “estamos descontentes!”. O militar pega nas suas tropas e ameaça descer sobre Dili, enviando alguns elementos à frente para gerar confusão, e dizendo que está a fazê-lo porque “as tropas estão descontentes”. Imediatamente o Governo dá ordem de encerramento dos serviços. E nós vamos para a praia ou para as montanhas porque não podemos trabalhar.
Depois o Governo, para manter a calma, aumenta salários a toda a gente com dinheiro que vem dos empréstimos que os estrangeiros fazem, nós voltamos das montanhas e das praias e tornamos a trabalhar. Ninguém perdeu dinheiro porque os dias de trabalho continuaram a ser pagos porque não foi por nossa causa que os serviços estiveram parados. Vocês lá em Portugal não são um povo muito inteligente, pois não?
O jovem delegado sindical português coçou a cabeça”.

1 comentário:

Bottled (em português, Botelho) disse...

Caríssimo Senhor Marquês,

A malta cá também sabe disso.

Mas é tão difícil optar entre ir para a praia ou para a montanha, que até preferimos nem ter que decidir, daí não seguirmos o modelo timorense da coisa.

Se bem que eu, desde que qualquer desses dois destinos tivesse uma taberna ou um bar com produtos vínicos só tinha pena era de não conseguir estar em ambos em simultâneo...

Hic Hic Hurra