sexta-feira, 17 de março de 2006

Má Temática - Pornografia (V - O "home video")

Já ontem aqui expliquei o que se encontra na génese da realização dos denominados “home video”.
Os mais conhecidos, como devem saber, são, a nível mundial, o da Paris Hilton e o da Pamela Anderson, esta em “comboiadas” com o marido, a primeira com o sujeito de quem não me lembro o nome mas que se divertiu à brava; a nível nacional, o incontornável Taveira.
O do Taveira é, sem dúvida, o melhor “home video” dos três mencionados. Passo a explicar.
O da Paris Hilton e o da Pamela apenas possuem a monotonia do relacionamento entre o casal, em práticas habituais.
O do Taveira inova na quantidade de mulheres, na forma como aparecem despidas, na especialização do acto e, sobretudo, situa-se na vanguarda do que designo como faceta sucessora de Manuel de Oliveira: com um plano fixo durante mais de meia hora, o homem consegue ter mais acção naquele espaço que o mestre do cinema consegue nos seus filmes com o mesmo tipo de plano. Oliveira, quando muito, punha o pessoal durante vinte minutos a meia hora a olhar para o sofá, com a voz da Leonor Silveira em fundo a declamar Petrarca; Taveira era bem capaz de pôr a Leonor Silveira debruçada no sofá, com as nádegas destapadas, enquanto a mesma declamava Petrarca. Preferindo praticamente toda a gente este último tipo de cinema, continuo sem perceber porque é que Oliveira é que continua a ganhar prémios internacionais e Taveira continua a dedicar-se à arquitectura.
Apesar do escândalo na época, o “home video” de Taveira teve uma virtude: a de colocar a sociedade portuguesa, então ainda bastante conservadora, a discutir abertamente o sexo anal e o motivo de alguns homens, assumidamente heterossexuais, gostarem tanto desta prática.
Existe alguma razão para se preferir os “home video” aos filmes porno?
Por mim, e após a pesquisa efectuada para o “Má Temática”, os “home video” ganharam a minha consideração enquanto momentos puros de arte cinematográfica demonstrativas da realidade. De facto, e como salientei ontem, todas as pessoas sabem como acaba uma cena num filme porno (para os mais esquecidos, cumshot). Mas o “home video” é uma autêntica caixinha de surpresas, um thriller porno na verdadeira acepção da palavra. É que nem os intervenientes sabem muito bem o que pode acontecer.
O melhor de todos a meu ver, e que rapidamente ganhou na minha consideração o estatuto de “home video” de culto, é o de um casal jovem italiano, que pratica as manobras habituais de divertimento; só que, ao fim de vinte minutos, eles apercebem-se de que o jovem garanhão não consegue ter o orgasmo (soa mais intelectual do que o habitual “não consegue vir-se” – tenho que dedicar um dos “Má Temática” a esta coisa das expressões do sexo), falam, ela diz que não aguenta mais noutros lados, e então faz uma última tentativa através de sexo oral; ao fim de cerca de seis a oito minutos, o sujeito, desesperado, continua na mesma e ela diz que já não aguenta mais; confabulam, e então ela começa a tentar com a mão, a coisa dura mais cinco minutos e nada; ela diz que já não aguenta e então começa ele a masturbar-se; a gargalhada de quem está a ver já vai longa, será desta, pensa o público, quando, de repente, acontece o impensável. Pois é, a cassete da filmagem acaba ao fim de 35 minutos. Sem sabermos se o objectivo final foi conseguido. É o chamado final hitchcockiano. E sim, para os mais invejosos, o gajo esteve praticamente sempre em erecção durante os 35 minutos da filmagem (e não, eu não perdi 35 minutos do meu tempo a ver aquilo - vantagens do fast forward no wmp) .
Para quando um programa na televisão sobre os desastres nos “home video” sexuais, de preferência apresentado pela Soraia Chaves?

1 comentário:

Bottled (em português, Botelho) disse...

Caríssimo Marquês,

Como eu já escrevera anteriormente, acaso tivesse à mão uma máquinazita de filmar...

Quanto ao resto, o amadorismo, nestas coisas, é sempre muito melhor que o profissionalismo.

Desde logo porque existe esse "suspense" que, como bem refere, nos filmes da indústria em causa, se encontra totalmente ausente. Ou seja, a malta já sabe que tem de gramar com 15 minutos em várias posições e, finalmente, lá vem o cumshot.

Ora, nas receitas caseiras, tal não sucede, ou obrigatoriamente tal não sucede!

E é vê-los na brincadeira genuína, a gravar tudo numa tipo Kodak, para mais tarde recordar.

Passo seguinte: colocar na net e esperar para que um maluco qualquer dê pela coisa e inicie a sua divulgação via mail.

E pronto, a malta gosta porque sempre preferiu a comidinha caseira àquela que se faz nos restaurantes.

Há o chamado gostinho especial!

Hic Hic Hurra