terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Martim Moniz - A verdadeira versão da coisa

Como todos sobejamente já sabem, as grandes fontes para o que escrevo encontram-se na Taberna da Aldeia.
Não é, porém, o caso de hoje.
Vem esta introdução a propósito do sucedido hoje no Martim Moniz.
Mas tudo tem uma explicação lógica e, no caso, ela resulta de uma infeliz coincidência, a qual envolveu a minha pessoa.
Passo a explicar: tinha acabado de acordar e lá fui eu em demanda do Santo Tinto.
Qual Cavaleiro Vinhário, e depois de muito vaguear (devo ter andado a direito, diria eu, para aí uns trezentos metros sem cambalear), dou por mim à porta de um Centro Comercial muito frequentado por cidadãos de outras paragens (que não as dos autocarros).
Vai daí, o que pensou este Vosso amigo?
E que tal, meu caro - disse-o para os meus botões - se entrasses aqui e procurasses uma dessas lojas de conveniência para experimentar a bebida que se faz lá por fora?
Se bem o pensei, melhor o fiz e toca de ir em safari, Centro Comercial fora (ou dentro), à procura de novas aventuras para a minha sedenta pessoa.
Eis quando dou por mim num desses estabelecimentos comerciais de grande dimensão, embora relativamente mais pequeno se o compararmos, por exemplo, com o Hipermercado de Todos os Géneros existente naquele condomínio aberto vulgarmente designado por Feira do Relógio, onde uma criatura de tez pálida e olhos levemente abicados nas pontas me faz sinais para penetrar, enquanto me vai chamando todos os nomes possíveis e imaginários na sua língua natal, totalmente ininteligível para mim (o que ele não me deve ter chamado...).
Decido entrar e, como era difícil de comunicar verbalmente com o vendedor, digo-lhe por gestos que pretendo algo para beber (emborcar seria a palavra correcta, mas acho que ele não percebeu o meu gesto nesse sentido).
Bom, alguma coisa percebeu, porque me levou à secção de bebidas onde se expunham garrafas e garrafas contendo líquidos totalmente desconhecidos para mim, alguns mesmo com animais a boiar dentro das garrafas (o que me fez pensar: Zé, já viste como seria porreiro arranjares uma garrafita XXL onde também tu pudesses boiar? O problema seria, contudo, a manutenção do líquido para boiar).
Decididamente aquilo era radical demais para mim, e, ao ver um cacho de uvas de plástico, aponto para lá e faço sinal ao tipo de que pretendo um líquido com uva, ou seja, vinho!
Ele olha para mim, com um sorriso de orelha a orelha, e dá-me uma lata contendo uns caracteres esquisitos.
Pago e acto contínuo emborco-a de uma só vez!
Acto contínuo, entro em transe epiléctrico e desato a partir a loja toda ao tipo.
Ele chama aos amigos dele, não compreendendo a minha reacção, e gera-se ali um grande sururu.
Não sei quem chamou o Corpo de Intervenção, mas sei que consegui dar ao cava antes deles entrarem na loja e, estendido no chão, a fingir-me de adormecido, ainda consegui ver passar o Chefe, embora não lhe pudesse falar para não estragar o meu desempenho teatral.
Por isso, Chefe, não fique surpreendido ao não ter sido incomodado, uma vez que eles apenas procuravam pessoas de outras nacionalidades (ouvi um dos responsáveis policiais dizer que não entendendo nada do que o tipo da loja dizia, e tendo em conta os modos do mesmo, era de levar para a esquadra todos os que não tivessem identificação com eles).
E eu ali, caladinho e quietinho.
Ah... e agora que o sururu acalmou, já vos posso dizer que aquilo que me foi dado a beber era realmente sumo de uva... mas não era vinho, não era bebida alcoólica. E vocês já sabem como reage o meu organismo nestas situações.
HIC HIC HURRA!

PS - Chefe, nós na aldeia temos divisas suficientes para apetrechar as polícias com material bélico em condições? Li algures que nem para comprar coletes de protecção havia massa! A não ser que estejam a seguir aquela velha máxima que diz que a melhor defesa é o ataque!

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