quinta-feira, 3 de novembro de 2005

Poesia popular

Vi-me confrontado na Aldeia, nestes últimos tempos, com amostras de poesia de alguns dos seus membros, o que manifesta o seu claro desejo de eruditizar (não confundir com erotizar) o blogue.
Não querendo remar contra a maré que ora singra, decidi-me também a inserir um "post" contendo poesia, não da minha autoria porque não possuo relevante talento para o efeito, mas sim de um autor obscuro cujo paradoxo se situa no facto das suas poesias serem extremamente populares, designadamente junto dos mais jovens de espírito.
Esperando que vos agrade, aqui fica o poema popular intitulado "A barata diz que tem":

A barata diz que tem
Sapatinhos de veludo
É mentira da barata
O pé dela é que é peludo.
Ah, Ah, Ah,
Eh, Eh, Eh,
O pé dela é que é peludo.
A barata diz que tem
Sapatinhos de fivela
É mentira da barata
Os sapatos não são dela.
Ah, Ah, Ah,
Eh, Eh, Eh,
Os sapatos não são dela.
A barata diz que tem
Uma cama de marfim
É mentira da barata
Ela dorme é no jardim.
Ah, Ah, Ah,
Eh, Eh, Eh,
Ela dorme é no jardim.

(rói-te de inveja, Manuel Alegre)

1 comentário:

Bottled (em português, Botelho) disse...

Sublime!
Divinal!
Épico!
A arte ao mais alto nível!
Senhor Marquês... Senhoria...
confesso que não o tinha por apreciador da mais bela literatura poética que a nossa aldeia produziu desde o advento do 25 de Abril.
Haverá quem identifique o autor desta bela ode com um familiar meu, o Zé Cabra, mas esse meu parente afastado, apesar de muito conhecedor da arte literária, virou-se para as trovas.
Dado o teor reaccionário da poesia, contudo, e se me é dada a possibilidade de opinar sobre a sua autoria, sou de opinião que só poderia ter nascido da verve de um qualquer capitão da época, hoje marechal ou general em situação de reforma que, dessa forma dissimulada, criticava o regime que então vigorava entre nós!
Continue, assim, Marquês, e Sua Senhoria verá que ainda ascenderá a um lugar de topo na hierarquia militar deste país!
Hic Hic Hurra