sexta-feira, 25 de novembro de 2005

As intermitências da morte

Os habitantes da Aldeia sabem que eu não nutro qualquer tipo de afecto pela obra de José Saramago. Nem, aliás, pela obra de Lobo Antunes. Desconheço a motivação do fenómeno idólatra que rodeia estes dois escritores. E não me venham com a conversa do Nobel que todos nós sabemos da quantidade de invulgares e dotados escritores que nunca foram contemplados pela Academia (para exemplo mais recente e de língua portuguesa basta-me Jorge Amado).
O que me faz escrever sobre Saramago hoje foi o conhecimento da sinopse da nova obra, idêntica à do título deste post.
A Morte vai de férias, com todas as repercussões daí advenientes para o mais comum dos cidadãos.
Pensei cá para mim que a coisa não era nova. O "Ensaio Sobre a Cegueira" tinha uma sinopse original. Este livro não. Parecia-me que tinha cá em casa um jogo para computador com essa ideia. E não me enganei.
"Discworld 2" é um jogo para computador datado de 1996, ainda para o velhinho Windows 95, que tinha na sua génese o mundo mágico e fantasioso criado por Terry Pratchett, o Discworld. A história começa com a decisão da Morte em ir de férias, cabendo ao anti-herói da história, um feiticeiro incompetente chamado Rincewind, convencê-la a regressar das férias. No âmbito de um dos melhores argumentos humorísticos para jogos de computador que já vi, com a participação vocal de Eric Idle, dos "Monty Python", a Morte aceita regressar de férias com a condição de Rincewind conseguir torná-la bem vista aos olhos da população. Daí até transformar a Morte numa estrela de cinema vai um pequeno passo.
Embora aproveitando a ideia inicial, duvido que Saramago tenha também transformado a Morte numa estrela de cinema durante a sua história.
Será que Saramago também se dedica aos jogos de computador nas horas livres?

2 comentários:

Bottled (em português, Botelho) disse...

Ena pá... o Discworld 2!!!!
O que V. Senhoria foi desenterrar (no bom sentido, claro)!
E depois quem se mete nos copos sou eu, não é?
Hic Hic Hurra

Marquês disse...

Ainda me lembro que estavamos num momento sóbrio quando o adquirimos!