terça-feira, 27 de setembro de 2005

O Noddy e a iliteracia

Um destes dias, ao passar por um dos hipermercados cá do burgo, decidi-me a comprar um dos DVD da série do Noddy para entretenimento do pequeno herdeiro do titulo nobiliárquico.
Para quem não tenha filhos, ou pura e simplesmente não o saiba, a série do Noddy constituiu a maior dádiva televisiva, recente, aos progenitores com miúdos com idade inferior a 6 anos de idade, em que durante os dez minutos de um episódio se consegue estabelecer a proeza (quase) impossível de fazer permanecer os miúdos no mesmo local. Quietos.
Levado para casa o "bicho", inseri-o no leitor de DVD e lá vi um episódio da série, com um miúdo particularmente atento e singularmente quieto.
Findo o episódio, olhei para o miúdo, o miúdo olhou para mim e devemos ter pensado exactamente o mesmo (de vez em quando também consigo raciocinar como um miúdo com ano e meio): vamos lá ver os "extras" da coisa!
Comecei pelo Karaoke, com a música do Noddy.
Para gáudio do miúdo, comecei a cantar à medida que as palavras iam aparecendo no televisor.
Estava eu a cantar o "Abram alas para o Noddy, com a busina a tocar", quando parei, estupefacto. Tal qual Cavaco Silva perante a decisão judicial de libertação da Fátima Felgueiras.
Busina?! Busina?! Com "s"?!
Os erros ortográficos acontecem algumas vezes nos noticiários nacionais. Têm piada para os que sabem a representação correcta da palavra. Não afecta aqueles que não a sabem escrever, porque normalmente os mesmos até aprendem outra representação da mesma palavra que julgavam saber escrever.
O problema coloca-se quando tais erros ortográficos surgem em escritos destinados a crianças em idade de formação e cuja perspectiva educacional surge hoje, cada vez mais, associada ao conteúdo dos programas informáticos e livros e à interacção com DVD.
E não deixa de ser grave que uma editora portuguesa tenha propiciado a publicação e venda de DVD com material extra traduzido para crianças sem se certificar da sua correcção e da qualidade do mesmo.
Sobretudo quando se sabe da larga dimensão do mercado que os produtos ligados ao Noddy têm.
Por mim, vou ficar atento aos próximos extras dos DVD do Noddy.
E à buzina a tocar.
Pelo menos, e à conta disto, o pequeno futuro marquês terá consciência ortográfica com tenra idade.
Algo que alguns (felizmente ainda poucos) dos tradutores e legendistas portugueses, a maior parte com habilitações literárias superiores à 4.ª classe completa, parecem não possuir e não estarem interessados em possuir.

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