segunda-feira, 4 de junho de 2007

E bibó Puorto, carago!



Ao contrário do nosso amigo entornado, que emborca tudo o que tenha mais de 0,5º de teor alcoólico (perfumes incluídos), ao longo dos anos tenho-me vindo a refinar nos meus gostos vínicos. Sinais da idade, porventura.

Serve esta introdução para justificar aqui uma nova rúbrica, uma espécie de divulgação/apreciação dos néctares que vou provando, sabendo eu que estarei algo desacompanhado dos meus estimados colegas bloguistas.
Mas espero, apesar de tudo, ser de alguma utilidade para os nossos visitantes e, sem esquecer, as sempre bem vindas vizinhas.

Há já umas gerações que o Vinho do Porto - o «vinho fino», como é chamado pelos mais antigos da provínvia - tem sido desprezado nos hábitos de consumo corrente. E por mim falo. Eu, que nunca reneguei um bom copo, da cerveja ao bagaço, passando por toda a sorte de bebidas fermentadas ou destiladas, nunca me senti seduzido pelo Porto.

Ate há uma meia dúzia de anos, pois que comecei a provar e a apreciar este verdadeiro néctar dos deuses. É que, se bem me lembro, os meus contactos com este vinho nos tempo de adolescente resumiram-se àquelas mistelas que se compram nos supermercados por tuta e meia, estilo Porto Sandeman, vinho do porto novo, sem ano de colheita e praticamente sem estágio em barricas.

Ora, se soubermos escolher e beber, optando por um Porto velho, sobretudo por um vintage, decantá-lo convenientemente e sorvê-lo no momento, em copo e à temperatura indicados, a coisa muda radicalmente de figura.

Ora vos apresento este Smith Woodhouse, um LBV de 1992, que no outro dia comprei numa garrafeira e que comecei a beber esta semana.
Meus amigos, não vos digo nada: a pomada escorrega que é uma maravilha, muito suave e delicada, tem evidentes travos a frutos vermelhos muito maduros e um final doce e persistente. E o aroma... meu deus o aroma é... simplesmente inebriante.

Se tiverem portunidade, não deixem de comprar e provar, sugerindo eu que o façam num jantar com amigos, à sobremesa ou com fruta (esta nunca fresca), ou então num serão de jogos de mesa ou de paleio.

Já agora aproveito para uma pequena explicação técnica, que para um leigo pode fazer toda a diferença na escolha de um Porto.

Convém comprar sempre um Porto com data de colheita.
Depois, se possível, um vintage. Esta designação significa que se trata de um vinho proveniente de uma coheita excepcional, pois só em anos muito bons é que se produzem esta classe de portos.
Normalmente os vintage devem ser guardados muitos anos, porque em perfeitas condições de armazenamento podem evoluir muitíssmo, tornando-se grandes vinhos, nada obstando a que se bebam logo (é que foram engarrafados pouco tempo de pois de produzidos).
Já os Late Bottled Vintage (LBV para os amigos), provenientes igualmente de excelentes colheitas, estiveram em maturação durante alguns anos em casco de madeira (carvalho, por regra), sendo engarrafados muito mais tarde.
Estes últimos estão aptos a ser bebidos imediatamente, não ganhando nada com o armazenamento.

Sugestões:
- Comprem um vintage relativamente a um ano que vos diga alguma coisa de especial, v.g. o ano do nascimento do vosso filho para ser bebido quando ele fizer 19 anos ou o ano do casamento, para ser bebido aquando das bodas de prata (ou do divórcio), ou ainda o ano em que o Benfica foi campeão pela últma vez, para o beberem daqui a muitos, muitos anos;
- Comprem um LBV para terem em casa e irem bebendo ou para uma ocasião especial, como por exemplo comemorar as vitórias do Sporting (comprem logo uma caixa inteira!).

A ver se tenho algum feedback ou, pelo menos, sugestões de outros néctares.

3 comentários:

Rabodesaia disse...

Caro Engenheiro Inspector,

Gostaria de o ajudar a sugerir outros nectares, mas eu infelizmente faço parte de uma minoria ( será?) que não distingue um vinho de pacote de supermercado (uma vergonha, eu sei!)
Fico normalmente a "saber" no dia seguinte.

Tb nunca distingui uma coca-cola de uma pepsi... embora todos jurem que haja grandes diferenças!

Bottled (em português, Botelho) disse...

Caro Inspector,

Como, com a pressa, saí de casa sem o telemóvel, escrevo-lhe estas linhas para lhe dizer que me encontro a caminho para a prova de vinhos.

Finalmente, malta, o salutar convívio com a minha pessoa está a tornar o Senhor Inspector mais... humano, mais dado aos grandes prazeres da vida!

Agora já só falta convencer o Senhor Marquês a trocar o copinho de leite morno ao deitar pelo tinto de Nafarros.

Mas, com o tempo, a coisa lá chegará.

Hic Hic Hurra

Nota - Senhor Inspector, V. Exa. pretende mesmo que eu desfie aqui o rosário das grandes pomadas?

Inspector Serôdio, José Serôdio disse...

O quê, já há Kompensan em pomada?!?!?...

E já agora, Senhora Engª, habitue-se mal, ou seja, passe a beber do bom e do melhor e depressa vai perceber as diferenças!