segunda-feira, 10 de outubro de 2005

Ouep, outra vez o Ricardo

Normalmente, a teimosia paga-se cara. E Scolari deve ter um santo muito forte para que tal não tenha sucedido frente ao Liechtenstein (se não for assim que se escreve, azar, a maior parte do pessoal também não o consegue pronunciar).
Considerei Ricardo o melhor guarda-redes português quando o mesmo estava no Boavista. Assaquei parte das responsabilidades do fracasso no Mundial 2002 à teimosia de António Oliveira na titularidade de Vítor Baia, quando se via nitidamente que este, na altura, não possuía ainda a confiança e a segurança necessárias para desempenhar o lugar numa competição tão importante como aquela, e que Ricardo estava em muito melhor forma.
Quatro anos volvidos, Ricardo não está bem. Vê-se à distância. As quatro bolas que foram à baliza portuguesa no passado sábado causaram calafrios a dez milhões de portugueses, alguns dos quais devem ter morrido de ataque cardíaco causado pela ira. Uma entrou da forma que toda a gente viu, uma foi ridiculamente salva por um jogador do Liechtenstein em cima da linha de baliza depois de Ricardo afastar (?) uma bola para a sua frente, a terceira foi um replay do golo sofrido pelo Ricardo no último jogo na Luz em que só não deu golo porque o avançado do Liechtenstein não soube cabecear a bola, e na quarta situação Ricardo Carvalho mostrou claramente que não se chama Paulo Ferreira e que não tem qualquer confiança no seu guarda-redes.
Aliás, e a determinada altura, verificou-se claramente que os centrais portugueses preferiam atirar a bola para a linha lateral e conceder lançamentos aos adversários do que atrasá-la para o seu guarda-redes.
O santo de Scolari pode ser muito forte, mas não durará para sempre.
A glória de Ricardo será sempre a glória de Scolari.
Mas, neste momento, não se antevêem dias de glória para Ricardo. Nem, como se viu durante o jogo de sábado, parece o público português estar unido em torno do apoio ao jogador no campo, tantas foram as fífias, pese embora esteja em causa também o apoio à Selecção. O que também não ajuda à consolidação da segurança e da confiança pessoal do próprio jogador, como pretendia Scolari com a manutenção da sua titularidade.
No sábado, após o jogo, Scolari confirmou a chamada de Ricardo e Quim para o Mundial 2006.
Veremos, em Junho de 2006, quais as consequências de se ser um brasileiro teimoso.

Sem comentários: